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vicio da poesia

Category Archives: Poesia Grega

As cadeias do amor num epigrama de Paulo Silenciário e o seu eco em António Dinis da Cruz e Silva

19 Domingo Maio 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia Grega, Poesia Portuguesa antiga

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António Dinis da Cruz e Silva, Paulo Silenciário

A força com que o amor nos prende é um mistério que tem permanecido insolúvel pelos séculos. Pensar que com ele rompemos tão logo o queiramos é a ilusão dos neófitos. A curiosidade de o experimentar leva ao desejo de o conhecer melhor. À medida que a ele nos entregamos fazem-se mais fortes as amarras com que nos prende. Invisíveis são, mas estão lá, e rompê-las acaba por ser a custo emocional elevado.

Fazendo uso de uma metáfora impressiva, Paulo Silenciário (séc. VI) primeiro, e António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799) numa paráfrase do poema daquele, mostram-no de forma eloquente:

Epigrama de Paulo Silenciário

 

O cabelo

 

Arrancando um cabelo da dourada cabeleira,

Dóris atou as minhas mãos como um prisioneiro de guerra.

A princípio ri às gargalhadas, pensando

que sacudiria facilmente as cadeias da minha Dóris.

Mas, sem forças para as romper, comecei a gemer

como se estivesse preso por grilhetas de ferro.

E agora, três vezes infeliz, vivo suspenso de um cabelo,

seguindo amarrado para onde a minha amante me leva.

 

Tradução de Albano Martins

in Antologia da Poesia Grega Clássica, Edições Afrontamento, Porto, 2011.

 

 

Soneto de António Dinis da Cruz e Silva

Centúria II

Soneto XCI

 

Parafraseando o epigrama grego de Paulo Silenciário

 

Estava eu com Licori à sombra fria

De um florido murtal de Amor tratando;

A Ninfa, seu poder exagerando,

Mil prodígios contou, de que eu me ria.

 

Ela porque eu pagasse a zombaria,

E de Amor fosse a força em mim provando,

Um cabelo das tranças arrancando,

Ambas as mãos com ele me prendia.

 

Zombei eu ao princípio destes laços;

Pois ao ver sua frágil contextura

Cri, que pronto os faria em mil pedaços.

 

Mas logo conheci minha loucura;

Que depois quis em vão soltar os braços,

E a prisão cada vez sinto mais dura.

 

Obras de António Dinis da Cruz e Silva vol. II, edição de Maria Luísa Malaquias Urbano, Edições Colibri, Lisboa 2001.

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Egon Schiele (1890-1918), Nu feminino e masculino de 1913.

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A poesia de Safo por Eugénio de Andrade

09 Quinta-feira Maio 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia Grega

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Eugénio de Andrade, safo

Divina lira fala,

torna-te voz…

(fr. 118 L-P)

 

Solta-se uma brisa suave à leitura dos poemas de Safo (séc. VII a. C) na versão de Eugénio de Andrade (1923-2005) e o encantamento cresce à medida que as folhas passam. Poema a poema surge uma atmosfera de magia naqueles fragmentos, pretexto para deixar o pensamento voar, e ao virar a última página é uma plenitude extasiada que nos invade.

São o amor, a natureza, as emoções, coisas simples e essenciais da vida a matéria mesma dos poemas, e lê-los assim em português é um privilégio absoluto.

Dou a medida destes superlativos com a transcrição de alguns dos LXXV poemas e fragmentos traduzidos.

Como já em artigo anterior escrevi, da poesia de Safo restam hoje apenas fragmentos, e tal com na escultura grega admiramos a sua beleza mutilada, nesta poesia saboreamos com comoção e embevecimento os restos que nos embalam a imaginação.

 

Poemas

 

II

Semelhante aos deuses me parece

o homem que diante de ti se senta

e, tão doce, a tua voz escuta,

 

ou amoroso riso — que tanto agita

meu coração de súbito, pois basta ver-te

para que nem atine com o que diga,

 

ou a língua se me torne inerte.

Um subtil fogo me arrepia a pele,

deixam de ver meus olhos, zunem meus ouvidos,

 

o suor inunda-me o corpo de frio,

e tremendo toda, mais verde que as ervas,

julgo que a morte não pode já tardar.

…

(fr. 31 L-P)

 

 

IX

Com pés ligeiros, assim dançavam

noutro tempo as raparigas de Creta

à roda do altar; frescas eram

e frágeis as flores da relva que pisavam.

(fr. 16 Alceu ou Safo)

 

 

XXIX

De novo me tortura e quebra os membros,

Eros, doce-amarga indomável serpente.

(fr. 130 L-P)

 

 

XXXII

Outra vez Eros me agita o coração —

assim nos montes

o vento sacode os carvalhos.

(fr. 47 L-P)

 

 

XLII

Eros, para além da dor

tece a mentira

(fr. 172, 188)

 

 

XLIII

Quem é belo é belo de ver, e basta;

mas quem é bom subitamente será belo.

(fr. 50 L-P)

 

 

LXXV

…

O que eu quero é morrer, morrer!

Ela em lágrimas banhada dizia-me

 

ao partir: “Ah, Safo, que sorte tão cruel.

Juro-te, é contra minha vontade

que te abandono!”

 

Eu respondi-lhe: “Adeus,

sê feliz e lembra-te de mim.

Bem sabes quanto te quis.

 

Mas se esqueceres (e tu

esquecerás…) deixa-me que lembre,

entre tantas, algumas horas belas:

 

as grinaldas tecidas, lado a lado,

de rosas, violetas e alguma

flor de açafrão sobre o teu cabelo;

 

os colares de corolas várias

e fragrantes

em redor do colo delicado;

 

as essências de ervas raras

e um perfume real

derramado sobre a pele;

 

o leito onde o desejo

profundamente apaziguavas

ao meu lado…”

(fr. 94 vi. 1-23 L-P)

 

 

Para o leitor ter a medida do virtuosismo poético da versão de Eugénio de Andrade no fr. 31, (poema II) leia agora a tradução de Frederico Lourenço, o celebrado tradutor de Ilíada, Odisseia, e vária poesia grega, tão fiel do original quanto o domínio do grego antigo pelo tradutor. Delas destaco como exemplo os versos finais do poema:

…

o suor inunda-me o corpo de frio,

e tremendo toda, mais verde que as ervas,

julgo que a morte não pode já tardar.

…

por Eugénio de Andrade

 

…

o suor escorre-me do corpo e o tremor

me toma toda. Fico mais verde do que a relva

e tenho a impressão de que por pouco

que não morro.

 

por Frederico Lourenço

 

 

Eis a tradução integral por Frederico Lourenço:

 

Ele, tu e eu

 

Aquele parece-me ser igual dos deuses,

o homem que à tua frente

está sentado e escuta de perto

a tua voz tão suave

 

e o teu riso maravilhoso. Na verdade isto

põe-me o coração a palpitar no peito.

Pois quando te olho num relance, já não

consigo falar:

 

a língua se me quebrou e um subtil

fogo de imediato se põe a correr debaixo da pele;

não vejo nada com os olhos, zunem-me

os ouvidos;

 

o suor escorre-me do corpo e o tremor

me toma toda. Fico mais verde do que a relva

e tenho a impressão de que por pouco

que não morro.

 

 

Nota bibliográfica

 

Eugénio de Andrade, Poemas e Fragmentos de Safo.

in Poesia e Prosa (1940-1986), 3.ª ed. aumentada, II vol, Círculo de Leitores, 1987.

 

Tradução de Frederico Lourenço in Poesia Grega de Álcman a Teócrito, Livros Cotovia, Lisboa, 2006.

Numeração dos fragmentos E. Lobel e D. Page, Poetarum Lesbiorum Fragmenta (L-P), Oxford, 1955.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Simeon Solomon (1840-1905), Safo e Erina num Jardim em Mitilene, de 1864.

A pintura pertence à colecção da Tate Britain.

 

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Epigramas de Páladas de Alexandria sobre a existência e o seu fim

21 Domingo Abr 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia Grega

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Páladas de Alexandria

À entrada da adolescência li, numa colecção de novela contemporânea editada pela Portugália, uma história de D. H. Lawrence, onde o escritor efabulava sobre a vida de anonimato vivida por Jesus na terra após a ressurreição. Na altura pareceu-me de extrema ousadia aquele questionar de dogmas da igreja católica. Ainda não estava familiarizado com as liberdades da ficção.

É na ausência de constrangimentos na criação literária que, por vezes encontramos os caminhos para respostas a perguntas que nem sabemos formular. Outras vezes, trata-se apenas de confrontar convicções adquiridas com outras perspectivas, quais sejam, por exemplo, as agnósticas considerações que, despidas de pressupostos religiosos, Páladas de Alexandria (n. 392 d.C.) faz sobre a existência humana e o seu fim, e hoje transcrevo:

 

59
A espera da morte é motivo de sofrimento,
mas dele, ao morrer, o homem se liberta.
Não chores, pois, o que deixou a vida:
não há sofrimento para além da morte.

 

 

Noutra perspectiva, ambições, prazeres, e angústias que a vida traz, são tudo irrelevâncias perante o fim que a todos nos espera:

 

65
Perigosa navegação é a vida. Nela balouçados,
sofremos às vezes mais duramente do que os náufragos.
Tendo como piloto da vida a Fortuna,
como no mar vogamos inseguros,
uns com vento de feição, outros contrário. Todos, porém,
nos dirigimos para um porto subterrâneo.

 

60
És rico; e depois? Quando, ao partir, te meterem no caixão,
levarás contigo a riqueza? Consumiste
o tempo a acumulá-la. Não poderás, todavia,
acumular mais dias de vida.

 

 

Na verdade, a realidade insofismável é esta:

 

58
Vim nu à terra e nu irei para debaixo dela.
Porque me afadigo em vão, se o fim é a nudez?

 

Tradução de Alberto Martins

in do mundo grego outro sol, Edições Asa, Porto, 2001.
Os números que antecedem cada poema identificam o epigrama no seio da tradução portuguesa, e integram o capítulo dos epigramas exortativos.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Arpad Szenes (1897-1985), Pedra de meditação, de 1980.

 

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O silêncio, o desejo, e o prazer, com poemas de Paulo Silenciário

29 Quarta-feira Ago 2018

Posted by viciodapoesia in Poesia Antiga, Poesia Grega

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Lucas Cranach o Velho, Paulo Silenciário

Os prazeres da intimidade revestem para cada um as formas mais variadas, e nem sequer são sempre desejados nas mesmas condições. Na verdade, se no acto de amor há quem aprecie como adicional de excitação a manifestação audível dos caminhos do prazer, ocasiões haverá em que o silêncio é bem-vindo, se não mesmo indispensável. Aos leitores entrego o decifrar quando um ou outro apetece.

Em dois poemas que a seguir transcrevo, Paulo Silenciário (séc.VI) dá conta, primeiro do silêncio como escolha para sublimação do prazer na intimidade, e no segundo refere a necessidade do silêncio como resguardo de amores que não se querem públicos. Uma e outra situações em que se aceita com naturalidade que o silêncio intensifica o prazer.

 

O abraço silencioso

Tiremos, ó graciosa, as nossas vestes e, aproximando-nos, nus,
que os nossos corpos se enlacem.
Que nada exista entre nós, pois as tuas finas roupas
me parecem as muralhas de Semíramis.
Unamos os nossos peitos e os nossos lábios. Que tudo o mais
seja coberto pelo silêncio. Odeio a tagarelice.

 

O segredo

Ocultemos, Ródope, os nossos beijos
e os agradáveis e difíceis trabalhos de Cípris*.
É bom estar oculto e evitar o olhar
dos observadores que tudo perscrutam.
Os amores furtivos são mais saborosos
que os do conhecimento público.

* trabalhos de Cípris: trabalhos do amor

Traduções de Albano Martins
in Antologia da Poesia Grega Clássica, Edições Afrontamento, Porto, 2011.

 

Abre o artigo a imagem de um pormenor da pintura de Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), Fonte da Juventude.

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Porque o vinho é o espelho dos homens — poemas de Alceu de Mitilene

11 Quarta-feira Jul 2018

Posted by viciodapoesia in Poesia Antiga, Poesia Grega

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Alceu de Mitilene, Giovanni Maria Bottalla

Na alegria, como na tristeza ou no desespero, o vinho é companhia e confidente dos homens desde os alvores da civilização. E a sua presença na poesia é quase um universal, olhado o arco geográfico e temporal onde ela surge.
Comecemos uma volta por esta tradição poética com alguns poemas e fragmentos de Alceu de Mitilene (c. 600 a. C.). Outros de outras épocas e latitudes se seguirão.

 

 

O vinho, meu amigo, e a verdade.
(366 L-P)

 

 

Planta a videira de preferência
a outro qualquer arbusto.
(342 L-P)

 

 

É preciso não entregar
o coração ao infortúnio.
Nada lucraremos, ó Bíquis,
com tristezas. O melhor
remédio é pedir
vinho e embriagar-nos.
(335 L-P)

 

 

Bebamos. Porque havemos
de esperar pelas lucernas? O dia
tem a extensão de um dedo. Traz
as taças grandes, meu amor, as coloridas
taças. O filho
de Sémele e de Zeus aos homens
o vinho deu para esquecimento
de seus males. Enche-as
até transbordarem — uma
parte de vinho para duas
de água. E que uma taça
empurre a outra.
(346 L-P)

 

 

Precisamos de embriagar-nos, é preciso
que todos bebam sem descanso, agora
que Mírsilo morreu.
(332 L-P)

 

 

Chove a mando de Zeus, e do céu
cai forte invernia. Estão
gelados os cursos de água.

Combate o frio atiçando
o fogo, misturando
sem descanso o vinho doce
como o mel, e reclina
em seguida a cabeça sobre
uma almofada macia.
(338 L-P)

 

 

Já sinto chegar
a primavera florida…

Misturai depressa no vaso
vinho doce como o mel.
(367 L-P)

 

 

Humedece o vinho a garganta, que o astro
já voltou. É penosa
a estação e tudo
esmorece com o calor. Entre
a folhagem, docemente
a cigarra canta… Floresce
o cardo. É a hora
em que as mulheres se tornam
mais fogosas e mais fracos
os homens, pois que Sírio
as cabeças abrasa e os joelhos.
(347 L-P)*

 

 

Porque o vinho
é o espelho dos homens
(333 L-P)

 

Traduções de Albano Martins
in O essencial de Alceu e Safo, INCM, Lisboa, 1986.

 

A numeração que sucede os poemas respeita à numeração dos poemas originais na edição E. Lobel e D. Page, Poetarum Lesbiorum Fragmenta, Oxford, 1955.

 

* Este poema (347 L-P) foi anteriormente transcrito em artigo no blog embora partir de uma edição diferente.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Giovanni Maria Bottalla (1613-1644), chamado Il Raffaellino, Baco, Temperança e Cupido, de 1640-1642.

 

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Que caminho seguir para o amor segundo Agátias o Escolástico

03 Terça-feira Abr 2018

Posted by viciodapoesia in Poesia Antiga, Poesia Grega

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Agátias o Escolástico, Bernard van Orley

Numa inventariação exaustiva das relações amorosas, suas implicações sociais, morais, e mesmo legais, Agátias, o Escolástico (536-582 d. C.) dá conta num epigrama recolhido na Antologia Grega (302 do vol. 5) de uma visão masculina do sexo onde o sentimento está ausente, e apenas a satisfação do desejo imperioso se procura.

 

Epigrama

Que caminho seguir para o amor? Nas ruas,
lamentarás a luxúria ávida da mulher lasciva.
Se te aproximares do leito de uma virgem, espera-te
um casamento legal ou o castigo reservado aos sedutores.
Sustentar o amor insípido duma mulher legítima
quem o suportaria, se ela o exigisse como coisa devida?
O leito do adultério é detestável e estranho ao amor,
e dormir com os rapazes é igual perversidade.
A viúva corrupta toma por amante o primeiro que aparece
e enche a cabeça de pensamentos lúbricos.
A pudica, ainda mal se entregou ao amor,
é picada pelo ferrão de um cruel arrependimento
e sente horror do seu acto; e, movida por um resto de pudor,
bate em retirada, com o anúncio do fim da ligação amorosa.
Se tiveres uma relação com a tua escrava,
resigna-te a tornares-te a ti próprio um escravo.
Se for a escrava de outro, a lei aplicar-te-á uma marca infamante,
por atentares contra um ser que pertence a outro.
Diógenes evitou tudo isto, ele que cantava
o hino nupcial com a mão, sem necessitar de Laís.

Agátias, o Escolástico

 

A objectividade de inventário é a marca de água deste poema, dispensando considerações de psicologia e estados de alma, mostrando, numa modernidade compatível com os nossos dias, como lidar com o desejo do corpo, procurando sexo não problemático. Como se lê, depois de enumerar as consequências nefastas das variadas situações, o nosso poeta termina recomendando a masturbação [cantava o hino nupcial com a mão] como saída para esse desejo que queima:
…
Diógenes evitou tudo isto, ele que cantava
o hino nupcial com a mão, sem necessitar de Laís.

Dizendo tudo o que pretende, em matérias onde a linguagem com facilidade foge ao decoro, Agátias, o Escolástico, e com ele o tradutor Albano Martins, conseguem a elegância de um poema revelador de uma particular mentalidade e tempo, que em diferentes pontos toca o nosso.

Poema transcrito de “do mundo grego outro sol”, Antologia Palatina e Antologia de Planudes. Seleção, tradução e notas de Albano Martins. Edições ASA, Porto 2002.

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Bernard van Orley (1491/2-1542).
Bernard (ou Bernaert ou Barend) van Orley, nasceu e morreu em Bruxelas. Em vida conhecido como o Rafael do Norte, foi sobretudo pintor de assuntos religiosos e retrato. Foi também autor de cartões para tapeçarias, e conhecem-se algumas suas pinturas profanas com laivos do erotismo presente em pinturas da Flandres e Alemanha da época.

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sine Baccho Venus friget — epigramas báquico-eróticos

04 Quarta-feira Out 2017

Posted by viciodapoesia in Poesia Antiga, Poesia Grega

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Nestas já longas férias, acompanhado apenas de uma pequena biblioteca virtual, alguma poesia para traduzir, e pouco mais, tenho deixado os leitores amantes da transcendência na poesia à míngua de alimento espiritual adequado. E não será ainda hoje que a coisa muda, pelo contrário, em vez da densa filosofia que interroga o mundo e o seu devir, trago alguns epigramas da Antologia Grega onde o gosto por carpe diem se espelha e alguma brejeirice alegra as almas.

Começo com um epigrama de Páladas de Alexandria (n. 392 d.C.) incluído no livro XI da Antologia Grega, onde no sine Baccho Venus friget (sem Baco Vénus congela) se plasma:

 

 

 

55 Páladas

 

Dá-me de beber para que Baco dissipe minhas penas
e devolva o calor a meu gelado coração!
Liv XI

 

 

Este epigrama dá o mote para continuar, agora citando uma das Notas Simposiais de Perseu de Cítio (306-243 a.C.)(1):
“De temas sexuais é apropriado entre copos de vinho fazer menção, pois também a estas coisas, quando bebemos, estamos propensos“.

 

 

Continuemos com Páladas e uma reflexão chamando a companhia de Baco (Brómio) e Vênus (Páfia):

 

 

 

62 Páladas

 

Os homens, todos, hão-de morrer, e não há
mortal que saiba se amanhã viverá.
Agora que bem o sabes, homem, alegra-te
e faz de Brómio olvido da morte.
Desfruta também com a Páfia, dilatando esta vida fugaz;
tudo o resto, deixa decidi-lo o Destino.
Liv XI

 

 

 

No entanto, a moderação é absolutamente aconselhável para que não surjam surpresas na festa do amor, e isso mesmo aconselha Eveno de Paros (V-IV a.C.) no epigrama 49 do mesmo livro:

 

 

 

49 Eveno de Paros(?)

 

A melhor medida de Baco: nem muito nem pouco,
pois causa é de tristeza ou de loucura.
Se está misturado, quarto companheiro das três ninfas(2),
faz desfrutar, e assim é quem melhor dispõe para o leito;
mas se alegra demasiado, afasta os amores,
e no sono, da morte vizinho, te mergulha.
Liv XI

 

 

 

De posse destes conselhos, ainda assim, as surpresas às vezes espreitam, como sabemos, e Rufino (II d.C.) refere num epigrama, agora do livro V da Antologia Grega.

 

 

 

47 Rufino

 

Muitas vezes desejei, Talia, possuir-te uma noite e saciar
minha paixão no teu florido frenesi de amor.
Mas agora que nua, com teu doce corpo me tocas,
esgotado sucumbo à fadiga e ao sono.
Pobre coração meu, que tens? desperta, não te rendas,
essa suprema felicidade com prantos encontrarás.
Liv V

 

 

 

O passar do tempo é inexorável e algum arrefecimento acontece, por isso mesmo termino com o conselho final:
…
Quanto possas, desfruta, partilha, come e pensa como mortal
…
dado por um Anónimo num outro epigrama do já referido livro XI da Antologia Grega:

 

 

 

56 Anónimo

 

Bebe e goza. Que acontecerá amanhã, o quê no futuro?
ninguém o sabe. Não corras, não te canses.
Quanto possas, desfruta, partilha, come e pensa como mortal:
entre viver e não viver não há nem um passo.
Toda a vida é, sim, equilíbrio: se tomas a iniciativa,
tudo será teu, mas se morres, de outro será, e tu nada terás.
Liv XI

 

 

Versões de Carlos Mendonça Lopes

 

 

 

Abre o artigo a imagem de um detalhe de uma pintura de Nicolas Poussin (1594-1665), Midas e Baco, pintado depois de 1624, e pertencente à colecção do museu de arte antiga de Munique.

 

 

Notas

 

(1) Citado por Ateneu de Náucratis (II d.C.) no livro XIII de Deipnosophistai (O banquete dos eruditos).

(2) a mistura de vinho e água entre os gregos podia variar, sendo usual uma parte de vinho para duas de água. Aqui o conselho é de uma parte de vinho para três partes de água, metonimicamente referido pelas três ninfas.

 

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Um sonho num epigrama de Macédonios

10 Quinta-feira Ago 2017

Posted by viciodapoesia in Poesia Antiga, Poesia Grega

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Macedónios, Picasso

Há pouco tempo transcrevi aqui no blog três sonhos descritos por Georg Trakl, mais pesadelos que sonhos memoráveis, dando conta de como os desastres da vida nos alucinam. Hoje viro-me para os prazeres que a vida também traz e dou aos leitores um lamento de Macédonios (c.550) por ver interrompido um sonho deleitoso e digno de memória. O poema, um epigrama, consta do volume V da Antologia Grega.

 

Epigrama

Tinha em meus braços, esta noite em sonho
Uma adolescente travessa e risonha.
Pouco preocupada em contrariar
Meus mínimos desejos, a tudo diz sim.
Mas Eros ciumento, que nos espiava
Cortando-me o sono pôs fim às delícias.
É assim que Amor, mesmo em nossos sonhos
Se mostra invejoso dos nossos prazeres.

 

Adaptação a partir da tradução francesa de Pierre Laurens por Carlos Mendonça Lopes.

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Picasso, Dorminhocos, de 1965-7.

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Piquenique ao tempo de Hesíodo

19 Terça-feira Jul 2016

Posted by viciodapoesia in Crónicas, Poesia Grega

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Hesíodo, Pieter Bruegel o Velho

A ceifa do trigo detalhe 500pxNuma daquelas reportagens de encher tempo de antena, um canal televisivo dava conta dos propósitos e ementa de uma família portuguesa para aproveitar o calor de um dia de verão: fazer piquenique ao almoço e gozar os prazeres do descanso à sombra e ao ar livre.

 

O gosto de ir ao encontro da natureza em dias de verão é de todos os tempos e dele a literatura tem feito abundante eco. Para ler com enorme prazer e enfrentar o calor, podem servir as narrativas do Decameron de Bocaccio, mas para poesia, e por forma a dar uma dimensão razoável ao artigo, recuo bastante mais no tempo, às origens gregas da poesia, com a narrativa que Hesíodo (sec. VIII a.C.) faz em Trabalhos e Dias, do desejo de piquenique no calor de um dia de verão.

 

Se a nossa família portuguesa ia carregada de carne, enchidos, porco para grelhar, e vinho para beber, a ementa desejada por Hesíodo difere tão só na qualidade das proteínas escolhidas, fazendo dela uma refeição mais próxima do dietecticamente recomendável pelos padrões de hoje. Vistos os quase três mil anos que os separam, desejos e seu conteúdo, quão pouco mudou no que de essencial a natureza humana tem. Se não, leiam:

 

 

 

O verão

Quando o cardo floresce e a ruidosa cigarra
pousada nas árvores espalha o seu canto estridente,
com o contínuo bater das asas, nos penosos dias de verão,
as cabras estão então mais gordas e é melhor o vinho,
mais lascivas as mulheres e mais frágeis os homens,
quando Sírio esquenta a cabeça e os joelhos
e, sob o efeito do calor, a pele se torna seca.
Pudesse ao menos eu ter a sombra dum rochedo
e vinho bíblino, uma bolacha e leite
das cabras que não aleitam os filhos, um pedaço
de carne de vitela alimentada nos bosques,
que ainda não teve crias, e de cabrito
recém-nascido. E, por cima, para saborear
o vinho flamejante, que possa deitar-me à sombra,
com o coração saciado de comida e o rosto
voltado contra o forte sopro do Zéfiro,
tirar três vezes água duma fonte cristalina
e misturar-lhe uma quarta parte de vinho.

Trabalhos e Dias, 582-596

 

Transcrito de Antologia da Poesia Grega Clássica, tradução e notas complementares de Albano Martins, Edições Afrontamento, 2011.

 

 

Abre o artigo a imagem do detalhe de uma pintura  Pietr Bruegel o Velho (1525-1569) conhecido por Colheita de Trigo.

 

Há anos (2012), por esta época, transcrevi aqui no blog este mesmo fragmento de Hesíodo mas numa tradução de José Ribeiro Ferreira. As ligeiras diferenças nas opções de vocabulário não alteram o mérito de qualquer das traduções.

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Lembrar a Grécia com Sólon (séc VII-VI a.C.): Seisachtheia e fragmentos poéticos

16 Terça-feira Jun 2015

Posted by viciodapoesia in Crónicas, Poesia Antiga, Poesia Grega

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carlos mendonça lopes, Sólon

O esforço quotidiano de tentar meter a vida dentro do orçamento, à medida que este encolhe, tem-me deixado pouco tempo para o blog.

Vivem-se tempos em que as finanças parecem sobrepor-se a tudo e a todos. Em notas escritas há anos, que hoje ganham foros de actualidade, dava eu conta de forma sarcástica, do que entretanto se tornou uma tragédia vivida por muitos. Dizia-se neles:

I
Vieram listas de números deitar certezas supérfluas
na multidão descontente.

II
Comunicou o governo através da televisão:
“Sai caríssima ao Tesouro a vida dos cidadãos.”

E de uma forma sentida a seguir anunciou:
“As dívidas podem ser pagas oferecendo a própria vida.”

III
Acorrem em catadupa Ministros aos funerais.
Trazem prémios para os mortos,
sorriem,
entram em êxtase,
e partem com os jornais.

Esta entrega da própria vida para pagar dívidas leva-me hoje a Sólon e à sua Seisachtheia, a postura legislativa em que a dignidade humana foi preservada pondo fim à escravatura por dividas, ou seja, a consequência de um indivíduo se tornar escravo de um seu credor quando impossibilitado de pagar as suas dividas na sociedade ateniense de há 2600 anos.

Nestes dias em que a Grécia é uma preocupação financeira para a Europa, têm-se ouvido e lido os maiores despautérios e as mais inanes tolices a propósito da história grega.

Dizer que a civilização ocidental ancora na Grécia clássica não é sem fundamento. Foi lá que o homem pensou os deuses à sua imagem e semelhança. Foi lá que as formas de governo no respeito pelo homem se inventaram, foi lá que a vida do espírito no diálogo entre iguais se praticou, e onde as artes se desligaram do sagrado para integrar a vida quotidiana, criando a harmonia que consola quem nela vive.
De muitas das criações gregas chegaram-nos apenas fragmentos. As guerras com vizinhos e as invasões encarregaram-se disso mesmo. Depois do apogeu, a Grécia foi frequentemente terra devastada, alvo da inveja de quem não tinha ou não fora capaz de conceber as maravilhas que deram dignidade e significado ao Ser Humano. Pelos museus da Europa recolhem-se fragmentos dessa devastação.

Herdámos também, ainda que hoje pareça largamente esquecido, um ordenamento jurídico a fazer 2600 anos. Foi Sólon o artífice de semelhante quadro legal, sendo a abolição da escravatura por dividas o de maior significado.

O quadro de cobrança da divida grega que hoje se desenha, configura também ele, a submissão de um povo à escravatura sem alternativa, se quiser sobreviver no xadrez das dependências globais que caracterizam o nosso mundo.
Soubessem os dirigentes, que pretendem submeter a Grécia, agir de acordo com as palavras sábias de Sólon:

E o povo melhor os seus chefes seguirá,
se não for nem muito soerguido nem rebaixado.
A ambição gera, pois, a insolência, quando uma grande riqueza segue
os homens que espírito sensato não possuem.
Fragmento F 6 W

Não se pense, no entanto que com Sólon estamos perante a defesa de qualquer política de nivelamento ou igualdade, pois, noutro fragmento, o político defende:

Riquezas desejo possuir, mas adquiri-las injustamente

não pretendo: sempre, a seguir, vem a justiça.

É esta ideia de lisura na prossecução dos negócios de dinheiro com a Grécia que parece estar ausente em toda a história recente. Sólon escreveu isto no seio de um seu poema onde o homem e a sociedade se pensam, o qual a terminar refere:

Quanto à riqueza, limite visível para os homens não há:
os que agora, entre nós, maior copia de meios têm,
açodam-se a dobrar; quem poderá satisfazê-los a todos?
O lucro, aos mortais concederam-no os imortais,
mas dele provém a perdição, e quando Zeus
a envia, em forma de punição, ora um ora outro a recebe.

Termino com a totalidade conhecida do fragmento poético F 13 W, a que pertencem as citações anteriores, conhecido como elegia das musas, para lembrar como a dignidade humana pode caber no seio destes negócios de dinheiro, e existindo a legitimidade da busca de riqueza, a justiça deve estar sempre presente nos meios de a alcançar. O arbítrio dos deuses é insondável e aos homens não cabe saber dos meandros da justiça divina. Apenas a justiça entre os homens importa.

F 13 W

Filhas esplendorosas de Mnemósine e de Zeus Olímpico,
Musas Piérides, atendei a minha prece.
Bens da parte dos deuses bem-aventurados me dai e que junto de todos
os homens de boa fama sempre goze;
ser, assim, doce aos amigos e aos inimigo amargo,
àqueles respeitável e a estes temível parecer.
Riquezas desejo possuir, mas adquiri-las injustamente
não pretendo: sempre, a seguir, vem a justiça.
A fortuna que os deuses dão fica ao lado do homem,
firme, desde os alicerces à cumeeira.
Porém, a que os homens honram, com insolência, a ordem devida
não segue, mas, levada por injustas acções,
contrafeita vem atrás e, lesta, se lhe junta a perdição.
Pequeno o seu começo é, como o fogo,
primeiro sem valor, mas em aflição acaba,
já que, para os mortais, as obras da insolência não perduram.
Zeus, porém, supervisiona o fim de tudo e, num repente,,
— tal como logo as nuvens dispersa o vento
primaveril, que ao mar escumoso e estéril
as profundezas revolve e pela terra produtora de trigo
destrói as belas lavouras, até que a mansão escarpada dos deuses atinge,
no céu, e o éter limpo de novo deixa contemplar;
rebrilha sobre a terra pingue o sol vigoroso
e belo: então, nuvem alguma se consegue ainda avistar —
assim avança o castigo de Zeus. Não é a cada falta,
como um homem mortal, que se gera a sua ira,
mas, em todo o tempo, não lhe escapa quem culposo
coração possui e sempre, no fim se revela.
Porém um logo expia a culpa. outro mais tarde; quem a evitar
na sua pessoa, sem que golpe da moira dos deuses o alcance,
sempre acabará por chegar. Inocentes, as faltas pagarão
os seus filhos ou os filhos destes, mais tarde.
Nós, os mortais, tanto o nobre como o vilão, temos este pensar:
célere corre a fama que cada um de si possui,
antes de padecer; é então que se lamenta. Mas, até essa altura,
boquiabertos, em vãs esperanças nos deleitamos.
Aquele a quem penosas enfermidades oprimem,
considera somente que vai ficar são;
outro, embora covarde, pessoa valente julga ser
e boa figura pensa o desengraçado possuir;
e se alguém é pobre, ao jugo da miséria forçado,
conseguir grandes riquezas sempre espera.
Cada um se açoda por seu lado: um pelo mar piscoso erra,
em barcos, na ânsia de lucro para casa trazer:
ventos o arrastam, terríveis,
e em poupar a vida nada cura;
outro, retalhando a terra rica em árvores, todo o ano
serve e dos recurvos arados se ocupa;
outro, das obras de Atena e do industrioso Hefestos
conhecedor, com as mãos ganha a vida;
outro é nos dons das Musas Olímpicas versado
e da adorável sabedoria a medida conhece;
a outro, fê-lo adivinho o senhor que fere ao longe, Apolo,
conhece o mal que, distante, sobre o homem avança,
ele a quem os deuses assistem: mas o destino — sempre —
nem o áugure o pode parar nem os sacrifícios.
Outros, que de Péon rico em remédios oficio exercem,
são médicos, mas também eles não atingem o fim.
Muitas vezes, da pequena dor se gera uma grande agonia
que ninguém consegue aliviar aplicando remédios benfazejos;
e ao que lastimosas doenças remoem e terríveis,
tocam-lhe com as mãos e logo fica saudável.
Assim o Destino aos mortais traz o mal e o bem,
inevitáveis são as dádivas dos deuses imortais.
Em todos os trabalhos existe perigo e ninguém sabe
onde conduzirá o projecto iniciado.
Mas o que bem tenta agir, sem contar,
em grande e penosa perdição cai;
e ao que mal actua, o deus em tudo lhe concede
bom sucesso, libertação da sua imprevidência.
Quanto à riqueza, limite visível para os homens não há:
os que agora, entre nós, maior copia de meios têm,
açodam-se a dobrar; quem poderá satisfazê-los a todos?
O lucro, aos mortais concederam-no os imortais,
mas dele provém a perdição, e quando Zeus
a envia, em forma de punição, ora um ora outro a recebe.

A legislação de Sólon terá sido publicada em 594/3 a.C. segundo a maior parte dos estudiosos.
A tradução dos fragmentos poéticos que vos deixo é da autoria de Delfim Ferreira Leão e encontra-se no seu livro Sólon Ética e Política com mais fragmentos poéticos de Sólon traduzidos e comentados. O livro foi publicado pela FCG, Lisboa 2001.

Acompanham o artigo imagens de esculturas gregas contemporâneas de Sólon.

Nota final

Este artigo foi anteriormente publicado no blog (5 Maio 2012). Como não perdeu um grão de actualidade, trago-o de novo à luz, ao encontro dos novos leitores que o blog entretanto ganhou.

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