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Verão, quando é “o vinho melhor / mais ardentes as mulheres e moles os homens;” segundo a sabedoria de Hesíodo nos seus mais de 2700 anos, é também tempo de poesia. E para este Verão reuni um grupo variado de poemas onde, da Rússia à América, a estação nos surge.

Dou a primazia a um fragmento do poema Trabalhos e Dias de Hesíodo (séc VIII a.C,) o mais antigo poeta grego cujo nome se conhece, e bastas vezes referido no blog.

Quando o cardo floresce e a sonora cigarra,
pousada nas árvores, espalha o melodioso canto,
pela fricção das asas, na penosa estação do calor,
nessa altura são mais gordas as cabras e o vinho melhor,
mais ardentes as mulheres e moles os homens;
Siriús abrasa-lhes a cabeça e os joelhos,
fica-lhes ressequida a pele pelo calor. É tempo então
de gozar a sombra de uma rocha, o vinho bíblino,
um pão de qualidade, leite de cabra que já não amamenta,
carne de vitela apascentada nos bosques, que ainda não pariu,
e de cabritos tenros. Bebe então o vinho rubro,
sentado à sombra, saciado o coração com o festim,
o rosto voltado de frente para a frescura do Zéfiro;
e de uma fonte que corre perene e límpida,
deita três partes de água e a quarta de vinho

Trabalhos e Dias (582-596)
Tradução de José Ribeiro Ferreira
Edição INCM, Lisboa 2005

A abrir o artigo vem um desenho de Bruegel (1525-1569) conhecido por Verão.

Termino com a pintura de um seguidor, Abel Grimmer (1570-1619) – Verão, feita provavelmente meio século mais tarde.

Veja o leitor as diferenças como exercício de Verão.