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vicio da poesia

Category Archives: Poetas e Poemas

Alguns poemas de Fernando Guimarães

03 Segunda-feira Set 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Fernando Guimarães, Henri Matisse

Uma escrita velada, em que o pudor se alia à palavra, percorre a poesia de Fernando Guimarães (1928). São poemas densos, de sentimento e emoção contidos, onde uma imensa cultura espreita, e sobressai ao longo do tempo um quase constante diálogo com a música erudita.

É com saboreada demora que leio esta poesia. Os artefactos artísticos, sobretudo pintura, além da música, e que dão o mote à maior parte dos poemas, leva-me a navegar pela minha própria fruição deles.

Poesia que nos conduz para a dimensão estética da vida, na forma usa em grande extensão o soneto para o relato poético, exigente instrumento na concisão e rigor.

Escolho por este calor de verão alguns poemas entre os poucos que dão conta de uma terna visão do amor, toda ela feita da música do entendimento:

Escuta só a voz
que traz a harmonia
dos rios que prolongam
em nós a poesia

 

Num registo mais carnal, acrescento dois poemas recheados de belos versos. O primeiro publicado em 1956 no livro A Face junto ao Vento:
Vem esconder dentro de mim,
onde o teu ser a medo principia,
…
— desenho nu feito das
linhas da tarde e do horizonte…

e termino com o poema A Posse, publicado no livro Como Lavrar a Terra, em 1975:
…
Um rosto sobre o peito o que escutava?
A canção, um contorno de mamilos
breve, se erguida a curva nas espáduas
era o desejo, e calma, largos rios.

 

Eis os poemas:

 

Poema

Vem esconder dentro de mim,
onde o teu ser a medo principia,
a longa curva sem rosto ou fim
de uma harmonia

que não escutes mas
fique suspensa como uma fonte:
— desenho nu feito das
linhas da tarde e do horizonte…

 

A Posse

Que súbita suspeita — dália enorme —
passara como a sombra nos teus cílios,
se a manhã chega enquanto de nós foge
o tempo que já tinha destruído.

Um rosto sobre o peito o que escutava?
A canção, um contorno de mamilos
breve, se erguida a curva nas espáduas
era o desejo, e calma, largos rios.

Cabelos desgrenhados, fugitivos,
e vento não havia, ou quase chama
nos rins, na pele, um cancro que consome

este pecado casto, e já os lábios
se fecham, quando rápida ou mais funda
em nós cresceu a ferida dos sentidos.

Poemas transcrito de Algumas das Palavras, Poesia Reunida 1956-2008, edições Quasi, V. N. Famalicão, 2008.

Abre o artigo a imagem de um desenho de Henri Matisse (1869-1954) para poemas de Pierre de Ronsard (1524-1585).

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Tem alguma importância? — consequências da guerra num poema de Siegfried Sassoon

17 Sexta-feira Ago 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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George Grosz, Siegfried Sassoon

À medida que as gerações que viveram a experiência directa das guerras mundiais do século XX desaparecem, e deixam de ter peso eleitoral nas democracias ocidentais, a retórica nacionalista que a elas conduziu reaparece e aviva a chama onde ela verdadeiramente nunca se extinguiu.
A paz de que a Europa Ocidental tem usufruído nos últimos 70 anos é sem paralelo na sua história, e é uma conquista frágil, sempre à beira de desaparecer, esmoreça a vontade dos homens para a preservar.

 

Lembrar as consequências da guerra, de qualquer guerra, é um exercício de higiene mental  que vale a pena continuar a fazer. E não são só as estatísticas de mortos e destruições, são sobretudo os casos de A ou B que conhecemos, ou alguém perto de nós conheceu que nos podem tocar mais directamente e fazer interiorizar o que não queremos que volte a acontecer.

 

Entre os poemas de Siegfried Sassoon (1886-1967), poeta e soldado que viveu a experiência da WWI, escolho o poema Tem alguma importância? no qual se evidencia o contraste entre a tragédia pessoal de quem experimentou a carnificina guerreira, e a atmosfera social que, respeitando-a, a incorpora na banalidade dos dias, desresponsabilizando-se cada um da sua contribuição, eventualmente pela indiferença ou complacência, se não mesmo aplauso, para que tivesse acontecido

 

Vivemos hoje pelo mundo uma atmosfera atroadora de apelos à discórdia, à quezília, ao ódio, indutora dos desastres de guerra que outras gerações viveram.
Talvez a cada geração não baste a memória da tragédia dos outros e precise viver directamente a sua. Cabe a quem não o aceita, a exigência de contra ela erguer a voz.

 

 

Tem alguma importância?

Tem alguma importância? — ficar sem pernas?…
As pessoas serão sempre tão bondosas.
E não deves mostrar que te impressiona
Ver os outros, que voltam da caçada
Devorar bolinhos de leite e bacon com ovos.

Tem alguma importância? — ficar cego?…
Há admiráveis obras de assistência aos cegos.
E as pessoas serão sempre tão bondosas;
Enquanto te sentas na varanda, a recordar
E viras a cara para o calor do Sol.

Têm alguma importância? — estes pesadelos do poço?…
Podes beber, esquecer, acabar embriagado.
E as pessoas não vão espalhar que tu estás louco:
Sabem que te bateste pela pátria
E ninguém quer viver incomodado.

Tradução de Victor Palla
in Poemas do Inglês, Ler Editora, Lisboa, 1985.

 

 

Poema original

 

Does it matter?

Does it matter? -losing your legs?
For people will always be kind,
And you need not show that you mind
When others come in after hunting
To gobble their muffins and eggs.

Does it matter? -losing you sight?
There’s such splendid work for the blind;
And people will always be kind,
As you sit on the terrace remembering
And turning your face to the light.

Do they matter-those dreams in the pit?
You can drink and forget and be glad,
And people won’t say that you’re mad;
For they know that you’ve fought for your country,
And no one will worry a bit.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de George Grosz (1893-1959).

 

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Ainda o envelhecimento e o amor perene num poema de Ada Negri

15 Quarta-feira Ago 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Arpad Szenes, Asa Negri, Maria Helena Vieira da Silva

Quanto permanece em nós de um intenso amor que se quebrou? No poema de Ada Negri (1870-1945), Aquele que passa, é uma resposta a esta interrogação que encontramos. Não é evidentemente a única. Depende apenas de como terminou, e de como em nós ele viveu.

 

Amores há em que a partilha é tal que à medida do passar do tempo fica progressivamente indistinta a parte que em cada um é original e de raiz, e qual parte é a absorção do outro que se ama no desejo de simbiose que esse amor traz. É de um amor algo assim que o poema de Ada Negri nos fala:

…
E em ti não há membro nem ponta de carne ou átomo de alma que não tenha uma marca de amor.
Que tu viveste apenas para amar aquele que te amava,
…

 

E este amor na sua força, contraria o envelhecimento, no sentido de gastar a vida que passou. Diz-nos o poema quanto um amor intenso é fonte de juventude perene:

O desconhecido que passa e te acha ainda digna de uma fugidia palavra de desejo,…

E nem que quisesses podias arrancar de ti essa veste que o amor teceu.
Ele, ignaro, em ti já não bela, em ti já não jovem, saúda a graça do deus:
Respira, passando, em ti já não bela, em ti já não jovem, o aroma precioso do deus:
…

 

 

Aquele que passa

O desconhecido que passa e te acha ainda digna de uma fugidia palavra de desejo,
Talvez porque na sombra da noite tão doce de Maio
Ainda resplendem teus olhos, ainda tem vinte anos a ligeira figura deslizante,
Não sabe que foste amada, por aquele que amaste amada, em plena e soberba delícia de amor,
E em ti não há membro nem ponta de carne ou átomo de alma que não tenha uma marca de amor.
Que tu viveste apenas para amar aquele que te amava,
E nem que quisesses podias arrancar de ti essa veste que o amor teceu.
Ele, ignaro, em ti já não bela, em ti já não jovem, saúda a graça do deus:
Respira, passando, em ti já não bela, em ti já não jovem, o aroma precioso do deus:
Só porque o levas contigo, doce relíquia à sombra de um sacrário.

 

Tradução de Jorge de Sena
Transcrito de Poesia do Século XX, Antologia, tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena, Fora do Texto, Coimbra, 1994.

 

 

Abre o artigo a imagem de um desenho de Arpad Szenes (1897-1985) com um retrato de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992). Para os leitores familiarizado com a biografia do casal de pintores, talvez seja menos despropositada a razão da escolha desta imagem para acompanhar este poema.

 

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O Amor Antigo segundo Carlos Drummond de Andrade

13 Segunda-feira Ago 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Carlos Drummond de Andrade, Fra Filippo Lippi

Viver um amor antigo é uma experiência aberta a poucos, pois primeiro é preciso que o tempo passe e o prove. As vicissitudes, a ambição de realização individual, os encontros/desencontros ocasionais que podem fazer trocar o certo pelo incerto, tudo ajuda a que o amor se desvaneça. E chegados a certa idade da vida, afinal o que se supôs à partida amor eterno esfumou-se.
Para aqueles a quem ele permaneceu, surge como uma dádiva, como o escreve Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) no poema O Amor Antigo:
… Ele venceu a dor, / e resplandece no seu canto obscuro, / tanto mais velho quanto mais amor.

 

O Amor Antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

in Amar se aprende amando, Editora Record, Rio de Janeiro e São Paulo, 1987.

 

Abre o artigo a imagem do pormenor de uma pintura de Fra Filippo Lippi (1406-1469).

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Neruda — Ode ao Vinho

04 Sábado Ago 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Diego Velasquez, Pablo Neruda

Em Ode ao Vinho, Pablo Neruda (1904-1973) constrói um elogio do vinho de um ponto de vista diferente do habitual: enquanto com frequência se trata em poesia das consequências do vinho em cada um, ou das alegrias e panaceias que ele permite, como a certa altura o poeta relembra:
…
Às vezes
alimentas-te de recordações
mortais,
na tua onda
vamos de tumba em tumba,
canteiro de gelado sepulcro,
e choramos
transitórias lágrimas,
…

 

ainda assim, nela, o vinho é o sujeito absoluto:
Vinho da cor do dia,
vinho da cor da noite,
…
jamais coubeste numa taça,
numa canção, num homem,
num coro, …

 

É a partir do vinho, e não de quem o bebe, que as variadas realidades visitadas no poema se definem:
…
O vinho
move a Primavera,
cresce como uma planta de alegria,
os muros desmoronam-se,
os penhascos,
fecham-se os abismos,
nasce o canto.
…

 

Usando da eloquência poética que o distingue, Pablo Neruda dá-nos simultaneamente um vigoroso, comovido, e encantatório canto em louvor do vinho e das bênçãos que ele à humanidade traz:
…
Ó tu, jarro de vinho no deserto
com a doce amada minha,
disse o velho poeta.
Que o cântaro de vinho
ao peso do amor afogue o seu beijo.
…

 

E se a força embriagadora do vinho se associa inevitavelmente ao amor:
…
Meu amor, subitamente
a tua nádega
é curva plena
da taça,
o teu peito o cacho,
a luz do álcool a tua cabeleira,
as uvas os teus mamilos,
o teu umbigo o selo puro
estampado no teu ventre de ânfora,
e o teu amor a cascata
de vinho perene,
a claridade que inunda os meus sentidos,
o esplendor terrestre da vida.
…
ele é também pretexto e cimento da amizade e solidariedade entre os homens:
…
és também
amizade dos seres, transparência,
coro de disciplina,
abundância de flores.
…

 

E termina a Ode lembrando que o vinho é uma manifestação superior da simbiose do homem e da terra, —  Amo, quando se fala / à mesa, da luz de uma garrafa / de inteligente vinho. / … / e que o músculo homem aprenda, / no cerimonial do seu negócio, / a recordar a terra e os seus deveres, / … — , afinal entendimento que nos nossos dias parece estar definitivamente perdido, pelo menos no que à sustentabilidade global dos recursos terrestres respeita.
…
Que o bebam,
que recordem em cada
gota de ouro
ou taça de topázio
ou colher de púrpura
que o Outono trabalhou
até encher de vinho as vasilhas
…

 

 

Ode ao Vinho de Pablo Neruda

Vinho da cor do dia,
vinho da cor da noite,
vinho com pés de púrpura
ou sangue de topázio,
vinho,
rutilante filho
da terra,
vinho, liso
como uma espada de ouro,
suave
como um antigo veludo,
vinho encaracolado
e suspenso,
amoroso,
marinho,
jamais coubeste numa taça,
numa canção, num homem,
num coro, tens o sentido gregário,
ou pelo menos, comum.
Às vezes
alimentas-te de recordações
mortais,
na tua onda
vamos de tumba em tumba,
canteiro de gelado sepulcro,
e choramos
transitórias lágrimas,
mas
o teu formoso
traje de Primavera
é diferente,
o coração sobe aos ramos,
o vento move o dia,
nada fica
dentro da tua imóvel alma.
O vinho
move a Primavera,
cresce como uma planta de alegria,
os muros desmoronam-se,
os penhascos,
fecham-se os abismos,
nasce o canto.
Ó tu, jarro de vinho no deserto
com a doce amada minha,
disse o velho poeta.
Que o cântaro de vinho
ao peso do amor afogue o seu beijo.

Meu amor, subitamente

a tua nádega
é curva plena
da taça,
o teu peito o cacho,
a luz do álcool a tua cabeleira,
as uvas os teus mamilos,
o teu umbigo o selo puro
estampado no teu ventre de ânfora,
e o teu amor a cascata
de vinho perene,
a claridade que inunda os meus sentidos,
o esplendor terrestre da vida.

Mas tu, vinho da vida, não és

somente amor,
escaldante beijo
ou coração queimado,
és também
amizade dos seres, transparência,
coro de disciplina,
abundância de flores.
Amo, quando se fala
à mesa, da luz de uma garrafa
de inteligente vinho.
Que o bebam,
que recordem em cada
gota de ouro
ou taça de topázio
ou colher de púrpura
que o Outono trabalhou
até encher de vinho as vasilhas
e que o músculo homem aprenda,
no cerimonial do seu negócio,
a recordar a terra e os seus deveres,
a propagar o cântico do fruto.

Tradução de Luis Pignatelli
in Odes Elementares, Publicações Om Quixote, Lisboa, 1977.

 

 

Poema original

 

Oda al Vino

Vino color de día,
vino color de noche,
vino con pies de púrpura
o sangre de topacio,
vino,
estrellado hijo
de la tierra,
vino, liso
como una espada de oro,
suave
como un desordenado terciopelo,
vino encaracolado
y suspendido,
amoroso,
marino,
nunca has cabido en una copa,
en un canto, en un hombre,
coral, gregario eres,
y cuando menos, mutuo.
A veces
te nutres de recuerdos
mortales,
en tu ola
vamos de tumba en tumba,
picapedrero de sepulcro helado,
y lloramos
lágrimas transitorias,
pero
tu hermoso
traje de primavera
es diferente,
el corazón sube a las ramas,
el viento mueve el día,
nada queda
dentro de tu alma inmóvil.
El vino
mueve la primavera,
crece como una planta la alegría,
caen muros,
peñascos,
se cierran los abismos,
nace el canto.
Oh tú, jarra de vino, en el desierto
con la sabrosa que amo,
dijo el viejo poeta.
Que el cántaro de vino
al beso del amor sume su beso.

Amor mio, de pronto

tu cadera
es la curva colmada
de la copa,
tu pecho es el racimo,
la luz del alcohol tu cabellera,
las uvas tus pezones,
tu ombligo sello puro
estampado en tu vientre de vasija,
y tu amor la cascada
de vino inextinguible,
la claridad que cae en mis sentidos,
el esplendor terrestre de la vida.

Pero no sólo amor,

beso quemante
o corazón quemado
eres, vino de vida,
sino
amistad de los seres, transparencia,
coro de disciplina,
abundancia de flores.
Amo sobre una mesa,
cuando se habla,
la luz de una botella
de inteligente vino.
Que lo beban,
que recuerden en cada
gota de oro
o copa de topacio
o cuchara de púrpura
que trabajó el otoño
hasta llenar de vino las vasijas
y aprenda el hombre oscuro,
en el ceremonial de su negocio,
a recordar la tierra y sus deberes,
a propagar el cántico del fruto.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Diego Velasquez (1599-1660), Triunfo de Baco.

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O tempo e o encanto que falece num poema de Karle Wilson Baker

29 Domingo Jul 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Fernando Botero, Karle Wilson Baker

Ter encanto é uma qualidade que apenas ou outros podem reconhecer em nós. Dá-nos certamente satisfação, e há quem viva mal quando não sente esse reconhecimento.
Perder o encanto com o tempo parece um lugar comum de aceitação universal. Ninguém se pergunta porque nos parece isso natural. E será?
O encanto, que não a beleza física, é uma soma de variadas qualidades onde cada um valoriza umas mais que outras. E no entanto, nenhum de nós consegue aceitar que o encanto aumenta à medida que envelhecemos.

 

Há algum tempo, num artigo de opinião do NYTimes, uma investigadora universitária dava conta dos resultados de uma pesquisa sobre as reações a palavras para designar as pessoas mais velhas, e o próprio envelhecimento. A única exclusão era a palavra old (velho) por, no entender dos estudiosos, a palavra carregar elevado peso pejorativo, e tratava-se de a substituir na linguagem comum.
Quando li o artigo, este trazia mais de mil comentários em muito poucos dias, e por uma vez, cada comentário era mais preciso, elegante, e lúcido que o artigo, sendo os comentários, afirmativos à uma do orgulho de ser velho, aceitando a palavra velho com naturalidade e ridicularizando todos e cada um dos termos alternativos propostos no estudo.

 

Ter envelhecido, e tirar proveito da vida vivida é onde reside o encanto; na manifestação vigorosa da satisfação de aproveitar o melhor que a vida entretanto trouxe está o segredo. E isso, só o sabemos depois de a vida viver.

 

Num poema de início do século XX, Karle Wilson Baker (1878-1960), dá conta do desejo de ganhar encanto com o tempo:
Let me grow lovely, growing old — / …

 

deixando uma interrogação para a qual não tem resposta:
…
Why may not I, as well as these,
Grow lovely, growing old?

 

Na verdade, é cada um de nós quem precisa de a encontrar, e perceber como tal resposta pode mudar o sentido da vida que vivemos.

 

 

Poema

Que eu tenha mais encantos, com o tempo —
Como sucede às coisas preciosas:
Oiro, marfim, as sedas, como as rendas
Ganham em não ser novas.

Que saudáveis que são as árvores velhas,
E as velhas ruas têm outro assento;
Porque não hei-de então ser como elas,
Que têm mais encantos com o tempo?

Tradução de Herculano de Carvalho
in Oiro de vário tempo e lugar, Asa Editores, 2001.

 

 

Poema original

Let me grow lovely, growing old —
So many fine things do:
Laces, and ivory, and gold,
And silks need not be new;

And there is healing in old trees,
Old streets a glamour hold;
Why may not I, as well as these,
Grow lovely, growing old?

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Fernando Botero (1932), Casal dançando.

 

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Fernando Pessoa — um fragmento de Livro do Desassossego

01 Domingo Jul 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Fernando Pessoa, Horst Antes

Tenho assistido, incognito, ao desfalecimento gradual da minha vida, ao sossobro lento de tudo quanto quis ser.
…
Quantas vezes, contudo, em pleno meio desta insatisfação sossegada, me não sobe pouco a pouco à emoção consciente o sentimento do vácuo e do tédio de pensar assim!

 

São de um texto datado de 2-9-1931 de Livro do Desassossego de Fernando Pessoa (1888-1935), estas linhas de abertura.
Ao ler muita da obra deixada inédita por Fernando Pessoa, e aos poucos publicada após a morte do poeta, somos tentados a concordar com o poeta no que mais à frente neste mesmo texto escreveu:

Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em periodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos seus sonhos.

 

Onde está o homem, ser social e biológico, e o escritor, efabulador de existências, que em um momento ou outro da vida nos tocam de forma profunda e às vezes perene? É a interrogação a que legião de estudiosos se entrega de longa data. Para o leitor comum, o encontro com muito da obra de Pessoa é inevitavelmente um momento singular. Algures no presente ou no passado sentimos assim. Ou alguém perto de nós sentiu assim. E a poesia deixa de ser ornamento da vida, e explica-nos a nós, que de outro modo, às voltas, não nos entendemos.
O fragmento que tenho vindo a citar é mais um deles. Seguem alguns outros extractos:

 

 

2-9-1931
Tenho assistido, incognito, ao desfalecimento gradual da minha vida, ao sossobro lento de tudo quanto quis ser. Posso dizer, com aquela verdade que não precisa de flores para se saber que está morta, que não há coisa que eu tenha querido, ou em que tenha posto, um momento que fosse, o sonho só desse momento, que se me não tenha desfeito debaixo das janelas como pó parecendo pedra caída de um vaso de andar alto. Parece, até, que o Destino tem sempre procurado, primeiro, fazer-me amar ou querer aquilo que ele mesmo tinha disposto para que no dia seguinte eu visse que não tinha ou teria.

Espectador irónico de mim mesmo, nunca, porém, desanimei de assistir à vida. E, desde que sei, hoje, por anticipação de cada vaga esperança que ela há-de ser desiludida, sofro o gozo especial de gozar já a desilusão com a esperança, como um amargo com doce que torna o doce doce contra o amargo. Sou um estratégico sombrio, que, tendo perdido todas as batalhas, traça já, no papel dos seus planos, gozando-lhe o esquema, os pormenores da sua retirada fatal, na véspera de cada sua nova batalha.

…

Uns dizem que sem esperança a vida é impossivel, outros que com esperança é vazia. Para mim, que hoje não espero nem desespero, ela é um simples quadro externo, que me inclui a mim, e a que assisto como um espectáculo sem enredo, feito só para divertir os olhos — bailado sem nexo, mexer de folhas ao vento, nuvens em que a luz do sol muda de cores, arruamentos antigos, ao acaso, em pontos desconformes da cidade.

…

Quantas vezes, contudo, em pleno meio desta insatisfação sossegada, me não sobe pouco a pouco à emoção consciente o sentimento do vácuo e do tédio de pensar assim! Quantas vezes não sinto, como quem ouve falar através de sons que cessam e recomeçam, a amargura essencial desta vida extranha à vida humana — vida em que nada se passa salvo na consciencia dela! Quantas vezes, despertando de mim, não entrevejo, do exilio que sou, quanto fora melhor ser o ninguém de todos, o feliz que tem ao menos a amargura real, o contente que tem cansaço em vez de tédio, que sofre em vez de supor que sofre, que se mata, sim, em vez de se morrer!

…

 

Texto nº 193 na ed. Richard Zenith de Livro do Desassossego, edição Assírio & Alvim com ortografia actualizada, e nº 322 na ed Jerónimo Pizarro, edição Tinta da China, edição esta conservando a ortografia do poeta. Mantém o mesmo número da edição crítica de Fernando Pessoa, publicada pela INCM, com edição também de Jerónimo Pizarro.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Horst Antes (1936), Figura sentada, amarelo.

 

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Um poema de e. e. cummings pela Semana Santa

27 Terça-feira Mar 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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E. E. Cummings

Neste tempo em que o mundo católico publicamente medita nos últimos dias da vida de Jesus em manifestações colectivas, muitas vezes de pasmar, arquivo no blog um singelo poema de  e. e. cummings (1894-1962) tentando captar o mistério da crença na sua relação individual.
Se a fé religiosa é sempre matéria íntima e de encontro pessoal, a sua exteriorização colectiva mantém através dos tempos um apelo continuado, e no mundo católico as celebrações da Semana Santa são um pico anual. Questioná-las no seu significado por um exercício da razão, apenas adensa os mistérios da crença e dos caminhos por onde cada um a encontra.

 

Poema 92

não há muito tempo
ou antes uma vida
andando no escuro
encontrei Cristo

Jesus) meu coração
saltou-me do peito
e ficou quieto
enquanto ele passou (tão

perto como estou de ti
sim mais perto
feito de nada
excepto solidão

Tradução de Carlos Mendonça Lopes

 

Poema original

 

poem 92

no time ago
or else a life
walking in the dark
i met christ

jesus)my heart
flopped over
and lay still
while he passed(as

close as i’m to you
yes closer
made of nothing
except loneliness

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura atribuída a um seguidor de Hieronymus Bosch (1450-1516), Cristo carregando a Cruz, e pintada presumivelmente no início do século XVI. Guarda-se no Museu de Belas Artes de Ghent na Bélgica.
É no contraste acentuado da linguagem facial que reside todo o fascínio desta pintura, ilustrando com eloquência a serena aceitação por Jesus do seu destino, mensagem central do Cristianismo, e a bestialidade das paixões humanas que anima todo o cortejo de gente afastada da fé, e leva Jesus para a morte.

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Enigma — poema de Haroldo de Campos

09 Sexta-feira Mar 2018

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poetas e Poemas

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Haroldo de Campos

Olhar e ver são gestos sensoriais que por si só desencadeiam a emoção, com uma pequena nuance: ver contém uma intermediação intelectual que apenas no olhar não existe. E nesta intermediação intelectual reside o mundo que nos faz seres sensíveis aos outros, ao outro, ao que nos rodeia.
No modo de olhar o outro que nos olha reside muitas vezes o enigma do mundo para lá dos detalhes em redor.

Os objectos criados sem propósito funcional, que pela sua especial capacidade de desencadear a emoção ao olhar e ver, chamamos obras de arte, tocam-nos tanto mais, desencadeando emoções de profundidade variável, quanto os instrumentos de saber e reflexão que possuímos. Para os poetas eles são, por vezes, simultaneamente, desafios de expressão emocional, e poucas vezes os poemas conseguem viver sem a companhia da obra de arte que os viu nascer. Dos raros, Ode a Uma Urna Grega de Jonh Keats é um deles, que outro dia aqui virá.

Hoje ocupo-me do poema Enigma de Haroldo de Campos (1929-2003), sobre o busto esculpido da rainha egípcia Nefertiti.
Depois de uma descrição visual da escultura na sua aparência, o poeta detém-se sobre a mutilação que o tempo trouxe à escultura e a representação enigmática da cegueira que ela acaba por mostrar:

…
o direito
o tempo milenar cegou-o:
 esbranca-se no gesso
fitando em alvo o nada
de dentro da moldura
oval-amêndoa
do rimel

seu enigma está aí —
nesse branco esgazeado
que turba há (quantos?)
séculos o semblante
irretocável de rainha

Ao vê-la naquela tarde, na solidão da cave de um museu recheado de beleza, foram outros ou pensamentos que me assaltaram: a mutilação do corpo, como a olhamos, como viveremos com ela se nos acontece? Procuramos a beleza do corpo, hoje tanto ou mais que noutras épocas. Se a mutilação nos calha passamos a ser menos belos? De que beleza falamos? E voltamos a Platão e à beleza que está na alma. Mas uma alma mutilada é ainda a mesma e idêntica antes e depois da mutilação? Porque é sempre do que sentimos nos outros e pelos outros com quem nos relacionamos que o enigma reside.

 

enigma

a rainha nefertiti
lábios de desenho perfeito
perfeita a linha do nariz
cútis bronzeada pelos raios
ultra-violeta de aton-ra o sol
jubilante do egito
uma elegante tiara trapezoide
azul-grafite
encimando-lhe a testa
sobre uma faixa de ouro
(e deixando se ainda listar
por uma outra banda áurea
com engastes de vermelho safira
e o símbolo — dourado sempre —
do poder real: o cetro
verticalmente inscrito
de alça dupla)

seu
pescoço delgado de modelo de dior
orna-o tripla fileira de colares de cor
as sobrancelhas e pálpebras
delineadas com meticuloso
traço rímel-negro
por hábil mão maquiladora
e nos olha
a rainha nos olha
(que a olhamos)
impassível:
quase-sorriso na carnação
túmida dos lábios
fixa-nos pupila
castanho-verde
do olho esquerdo

o direito
o tempo milenar cegou-o:
 esbranca-se no gesso
fitando em alvo o nada
de dentro da moldura
oval-amêndoa
do rimel

seu enigma está aí —
nesse branco esgazeado
que turba há (quantos?)
séculos o semblante
irretocável de rainha
Berlim 14 out. 1998

in haroldo de campos, entremilênios, Editora Perspectiva S. A., São Paulo, 2009.

Abre o artigo uma imagem da escultura do busto da rainha egípcia Nefertiti, que se guarda no Neues Museum de Berlim.

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Partiu-se em tristeza um olhar — poemas de Salette Tavares

05 Segunda-feira Mar 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

≈ 2 comentários

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Salette Tavares

Salpicada de belos versos, qual este que dá título ao artigo, a poesia de Salette Tavares(1922-1994), nas suas multímodas manifestações, é um permanente desafio a medir o peso de cada palavra na expressão precisa do eu e o mundo.
Muitos dos poemas são poemas de despedida: despedida dos sonhos, despedida do amor, despedida da felicidade entrevista. E neles cada palavra tem a carga dos múltiplos sentidos que a linguagem consegue extrair da vida, dando-lhe a cada momento a significação que as nossas limitações permitem.

 

[Foi tão de ave o meu chegar aqui]

Foi tão de ave o meu chegar aqui
que de ti a mim sem que soubesse
no que de ouvido espanto comovi
posei canto silêncio todo prece.

Pousei e levantei secreta chama
envolta no brasio de teu vinho
contra o crime do céu tu me derramas
silenciosa doçura no caminho.

Chamei por ti, tão solitária eu
sem que me dessem outros mais de mim
e dura espada na hora que bateu
em tua mão segura me acolhi.
3.XI.1959

 

[Sobra-me o que te deste]

Sobra-me o que te deste
             no parado desta hora
olhar largo que me veste
             inquiete brisa demora.

Espreitam anjos insónia
              esquina pedra de sonhos
bordam a sombra que mora
              dura mágoa nos meus olhos.

Abro vidros ao luar
              ponho fora do meu peito
desfolho delas no mar
               navegado do meu leito.

Onda oceano em que me alongo
               grito esguio, uivo inferno
hoje perco o longe onde
               me queimarei desespero.

 

[Morre de ar e suspiro]

Morre de ar e suspiro
                     meu outro cansar de penas
que longo caminho longe
                     esquina o dia de brilho.

Escuto, medito e teço
                       arrasto vagar de panos
mão fugitiva no fio
                      rasgando branco de medos.

Entranço negro cabelos
                       enredo olhos de frio
e no cansaço dos dedos
                       escorre-se a noite rio.
23.X.1959

 

[Para dizer o que dizer não posso]

Para dizer o que dizer não posso
abri-me toda ausência
e embarquei
em seus olhos a flor do meu olhar.

De calma e de sorriso outra me dei
entre dedos doçura
e minha brisa
seus lábios avizinham a beijar.

É o luxo saber do que se ignora
bebendo noite escura,
àquela hora
pelo cabelo expande-se o luar.

 

[De triste o sol me levou]

De triste o sol me levou
à beira da praia verde
colhi seco, beijei pedra
perdi caminho, gemi
poente de sol nascente.

De triste me abandonou
vaga de ar pela serra,
troncos de pinho torcido
fecham penumbra na terra,
ai como choram por mim!

De triste o saibro mostrou
seu grão de terra vermelha
gigante areia centelha
do sangue que simulou
molhou-me a sombra de treva.
16.X.1960

 

[Quando os dias são iguais e tristes]

Quando os dias são iguais e tristes
gosto de beber
para galgar a distância
que me separa do ser.
As veias levam o álcool
e o álcool embebeda-se no tanto que percorre.

Sabendo no corpo os caminhos todos
mistura-lhes o fora
dos quartos
das salas
da paisagem casa
da atmosfera inteira.

Fico tonta de universo,
e vibro               e julgo
que os dias já não são iguais nem tristes.
1.I.1970

 

Poemas transcritos de Salette Tavares, Obra Poética 1957-1971, INCM, Lisboa, 1992.

Esta edição inclui um prefácio de Luciana Stegagno Picchio que que de forma breve dá conta do percurso criativo da autora, e mais relevante, uma penetrante análise de Gillo Dorfles à sua poesia, a qual foi o prefácio da edição italiana do livro LEX ICON.

Encontra o leitor curioso outros poemas de Salette Tavares aqui no blog, nas ligações:

Salette Tavares – uma aproximação

Roupa — poema de Salette Tavares

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Oskar Schlemmer (1888-1943), Bauhaus Stairway, 1932.

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