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Category Archives: Crónicas

De Almeida Garrett ao filósofo Alain

24 Domingo Set 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas, Poesia Antiga

≈ 3 comentários

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Alain, Almeida Garrett

Uma das vantagens do sonho em relação à realidade é a possibilidade de com ele fugir à dor. Isto mesmo escreve Almeida Garrett (1799-1854) no poema Quando Eu Sonhava:

…
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava — mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas dor, não na conhecia …

 

 

Com efeito, enquanto sonhamos, dispensamos as dificuldades da realidade no processo de conseguir o que nos fará feliz.

 

 

Como refere o filósofo francês Émile-Auguste Chartier, conhecido pelo pseudónimo Alain (1868-1951), num dos seus Propos —… sobretudo, o que me parece evidente, é que é impossível ser-se feliz se não se quer sê-lo;—.
A afirmação não é apenas retórica. Se olharmos dentro de nós sem subterfúgios ou desculpas e perguntarmos até onde estamos dispostos a ir para ser felizes, veremos quanto os obstáculos aparentemente intransponíveis nos tolhem o caminho.

 

Esta atitude do pensar explicitada por Alain é a menos comum de todas: a de que é preciso querer ser feliz para eventualmente o ser. E Almeida Garrett no poema Quando Eu Sonhava dá a visão mais comum: a imobilidade como solução para não correr riscos, trocando-os pelos sonhos que os permitem iludir.

 

 

 

Quando Eu Sonhava

 

Quando eu sonhava, era assim
Que nos meus sonhos a via;
E era assim que me fugia,
Apenas eu despertava,
Essa imagem fugidia
Que nunca pude alcançar.
Agora, que estou desperto,
Agora a vejo fixar…
Para quê? — Quando era vaga,
Uma ideia, um pensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava — mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas dor, não na conhecia …

 

in Folhas Caídas.

 

 

 

E retomo a exortação de Alain:
… é sempre difícil ser feliz; é um combate contra muitos acontecimentos e contra muitos homens; pode acontecer que se seja vencido; há sem qualquer dúvida acontecimentos inultrapassáveis e desgraças mais fortes que o estóico aprendiz; mas o dever mais claro é, talvez, nunca se admitir vencido antes de ter lutado com todas as forças. E sobretudo, o que me parece evidente, é que é impossível ser-se feliz se não se quer sê-lo; é preciso portanto querer a própria felicidade e construí-la.

 

 

Aqui ficam as afirmações e o conselho de um homem sábio, para quem a vida foi o desafio de a viver na sua diversidade e prazer, conhecendo a guerra por experiência própria, e os homens nas suas situações limite.
É um filósofo fora de moda para prejuízo de quem se dispensa de pensar pela própria cabeça e se limita a seguir pelos caminhos seguros do já conhecido.

 

 

Não sei de traduções em português de obras do filósofo. Nas colecções de bolso francesas encontram-se algumas compilações temáticas. A colecção dos seu Propos bem como outros textos relevantes encontram-se editados na colecção Pléiade da editora francesa Gallimard.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Matisse, A tristeza do rei.

 

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Mais notícias de cinema no paraíso

14 Quinta-feira Set 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas

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Há semanas distraí os leitores das graves preocupações da actualidade com o relato do prazer de rever velhos filmes em ambiente de beira-mar [Cinema e Paraíso]. Reincido hoje, pois estas noites de cinema e beira-mar são prazer que recomendo a quem o possa fruir.

Ainda que a indústria cinematográfica continue a produzir filmes apetecíveis, cuja novidade nos chama, revisitar histórias intemporais onde a memória se aninha e o prazer da repetição se saboreia, tem o apelo, por vezes irresistível, do reencontro entre velhos amigos.
Se a produção mais recente vi, a disponibilidade de espírito para voltar a velhos amores fez-me rever algumas pérolas de que deixo notícia.

Hesitei sobre continuar com mestre Hitchcock mais uns dias e voltar a ver de novo Grace Kelly e o seu assédio sexual a um James Stewart de perna engessada e completamente incapacitado para as peripécias de amor,  assunto principal de Rear Window (Janela Indiscreta), com pretexto (MacGuffin) de assassínio no prédio em frente; ou então, a agitada perseguição em North by Northwest (Intriga Internacional) onde Cary Grant faz o perfeito cidadão comum apanhado no local errado à hora errada, por uma intriga de espionagem magistralmente encenada por um James Mason no seu melhor, e onde  inúmeras cenas e falas fazem parte inesquecível da minha memória cinéfila.

Não me tinha ainda decidido e lembrei-me de uma pérola cinematográfica (Hopscotch) com um portentoso argumento de paródia aos filmes de espionagem, e uma esfuziante interpretação de Walter Matthau, secundado pela requintada e shakespeariana arte de representar de Glenda Jackson.
Para quem nunca viu o filme, (e não consta das listas de filmes que toda a gente deve ver uma vez na vida), traço um quadro simplificado do argumento: Um velho e experiente agente da CIA, na sequência de uma operação de intercepção de informações a passar para os Russos, deliberadamente deixa escapar o Chefe do KGB que superintendia a operação. Chamado à sede, é repreendido e colocado à secretária. Em sequência resolve demitir-se e prepara uma vingança antes de desaparecer da circulação. A partir daqui sucedem-se os acontecimentos hilariantes e paródias às histórias do género espionagem. O filme ganha um ritmo alucinante sempre à beira do nonsense, mantendo contudo a verosimilhança nas peripécias. Não detalho mais o argumento para não estragar a surpresa a quem se decida a vê-lo uma primeira vez.

Depois desta desopilante comédia apeteceu-me algo mais tranquilo. A arte de representar de Glenda Jackson chamava-me para Shakespeare. Pensei em Much ado about nothing, (Muito barulho para nada), feito e representado pelo jovem casal Kenneth Branagh/Emma Thompson, rodeado de um elenco estelar, que à época era apenas promessa (Denzel Whashinton, Keanu Reaves, etc). Vi-o, e por ali deslizaram os encantos da sedução e o sabor ambígua das palavras que tapam/revelam desejos e intenções, numa superlativa arte de representar.

De comédia em comédia, foi a vez do parceiro de Walter Matthau em tantas hilariantes histórias, Jack Lemmon, mas desta vez no inenarrável travesti de Some like it hot (Quanto mais quente melhor) e do seu magistral jogo de enganos até à frase final: Nobody is perfect.
No filme guarda-se uma das cenas mais espantosas do cinema, quando de costas, Marilyn Monroe avança pelo autocarro da banda musical feminina, balançando ancas e nádegas envolvidas na curva de um vestido justo. São segundos do mais absoluto erotismo, retomados por momentos por Fellini no filme Amarcord, quando a Gradisca avança, vestido vermelho, entre os montes de neve dum branco imaculado, seguida pelos olhos ávidos dos adolescentes.
Para fim da semana cinematográfica apetecia-me rever Katherine Hepburn.
Suddenly last summer (Bruscamente no verão passado) era uma possibilidade, com a adicional presença preciosa da beleza irreal de Elizabeth Taylor quando jovem. A densidade da história não casava com o meu ânimo e virei-me para coisa mais ligeira. O vendaval de comédia que é Bringing up Baby foi a primeira ideia, história de nonsense batida apenas por Arsenic and Old Lace, com o mesmo Cary Grant, mas na anterior com o adicional de a fechar se ver a hilariante prestação de Cary Grant naquela rendada camisa de noite. Mas era sobretudo a gama alargada da capacidade de representar da Hepburn que me apetecia. E assim, combinando-a com o registo de comédia  vi The Philadelphia Story, (Casamento Escandaloso) com o retrato inesquecível da jovem independente e frontal, segura de si, e a quem uma bebedeira suave liberta o lado frágil nos braços de um compreensivo James Stewart. Sublime!
E assim fechei a semana com chave de ouro.

É claro que cada um destes filmes tem muitíssimo mais para contar que os detalhes pontuais que destaquei, e para mim foram a razão primeira de os rever.  Todos eles objecto de repetidos ensaios e exegese ao longo dos anos que levam de vida, serão sempre uma companhia segura para nos fazer felizes.

Ao chegar das noites mais frescas de Setembro, que este ano tardam, quando o conforto de um pulôver apetece, talvez venha a oportunidade para voltar a ver algo do tanto que agora ficou de fora.

Carlos Mendonça Lopes

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Três sonhos — ciclo de poemas de Georg Trakl

03 Quinta-feira Ago 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas

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É da vida, realidade que parece pesadelo, incompreensão maior que o sonho, que nos fala este ciclo de três poemas sobre sonhos, escritos por Georg Trakl (1887-1914).

Os sonhos são o nosso quotidiano: no que nos motivam e entusiasmam, quando sonhadores acordados, no que nos perturbam quando no sono nos levam por mundos de incompreensão e estranheza.

…
Como estrela caindo, folha tombando,
Assim me via num vai-vem perdido,
Eternamente esse sonho ecoando —
Mas não sabia entender-lhe o sentido.

 

 

É sem preparação particular que lidamos com os sonhos desde a infância. E se o mundo risonho por vezes os atravessa, outras é o pesadelo do real que nos transtorna e alucina:

 

Da minh’alma nasceram céus de sangue
E púrpura ardendo em sóis gigantes,
Estranhos jardins povoados de brilhos
E delicias letais e sufocantes.
…

 

 

A vivência de experiências dolorosa impregna-nos a alma para lá de qualquer controle racional:

 

Vi cidades pelo fogo consumidas
E o cortejo de horrores pelo tempo fora,
E muitos povos a pó ser reduzidos,
Perder-se tudo no fundo da memória.
…

 

 

Quando a catástrofe é grande, esbate-se a fronteira entre realidade e sonho e acontece vermos:

 

… levantando-se do meio da podridão,
Crescer para novo dia nova vida.

Crescer para novo dia e logo morrer —
A tragédia que o mundo sempre finge
Compreender no acto de a viver,
…

 

 

Reportando-se estes poemas a uma realidade passada, há neles, infelizmente, muito do nosso mundo de hoje. Basta apenas olhar em redor de olhos abertos.

 

 

Três Sonhos

I
Vi-me num sonho de folhas caindo,
De lagos escuros num bosque perdido,
De tristes palavras ecoando —
Mas não sabia entender-lhes o sentido.

Vi-me num sonho de estrelas caindo,
De preces chorosas num olhar ferido,
De um sorriso que vinha ecoando —
Mas não sabia entender-lhe o sentido.

Como estrela caindo, folha tombando,
Assim me via num vai-vem perdido,
Eternamente esse sonho ecoando —
Mas não sabia entender-lhe o sentido.

 

 

II

No escuro espelho da minh’alma
Há imagens de mares nunca sentidos,
Terras tristes de trágicas visões,
Esvaindo-se em azuis indefinidos.

Da minh’alma nasceram céus de sangue
E púrpura ardendo em sóis gigantes,
Estranhos jardins povoados de brilhos
E delicias letais e sufocantes.

E o poço negro que é a minha alma
Gerou imagens de noites tenebrosas,
Animadas por anónimos cantos
E o sopro eterno de forças ominosas.

Treme-me a alma nas trevas da lembrança,
Como se em tudo se revisse enfim —
No insondável mistério de mares e noites
E em fundos cantos sem começo nem fim.

 

 

III

Vi cidades pelo fogo consumidas
E o cortejo de horrores pelo tempo fora,
E muitos povos a pó ser reduzidos,
Perder-se tudo no fundo da memória.

Vi deuses afundar-se em escuridão,
A mais sagrada harpa destruída
E, levantando-se do meio da podridão,
Crescer para novo dia nova vida.

Crescer para novo dia e logo morrer —
A tragédia que o mundo sempre finge
Compreender no acto de a viver,

E cuja dor nocturnal e demente
A doce glória da beleza cinge
Como universo de espinhos sorridente.

 

in Georg Trakl, Outono Transfigurado, ciclos e poemas em prosa, tradução e prefácio de João Barrento, Assírio & Alvim, Lisboa, 1992.

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Anselm Kiefer (1945), Ich halte alle Indien in meiner Hand (Tenho todas as Índias na minha mão) de 1995.

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Cinema e Paraíso

25 Terça-feira Jul 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas

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A minha visão de paraíso é frequentemente uma noite quente, frente ao mar calmo, sob um céu negro onde estrelas faíscam, e o mar murmura a melopeia da eternidade.
Neste cenário a tecnologia tem feito intromissão, proporcionando o casamento feliz das noites quentes com o cinema da minha afeição.
Aproveitei para ver alguns filmes antigos que por uma razão ou outra o desejo de rever foi sendo adiado ao longo do tempo.
Entrada a noite e sossegado o ambiente, sento-me frente ao mar, tablet na mão, carrego no botão e… Silêncio, o filme vai começar!

 

Entre As férias do Sr. Hulot de Jacques Tati (1953) e Ladrão de Casaca (To Catch a Thief -1956) de Alfred Hitchcock, deliciei-me com Sorrisos de uma noite de verão de Ingmar Bergman (1955) e Os homens preferem as louras de Howard Hawks (1953).


A  transbordante ternura pelas pessoas que os filmes de Tati exalam, no seu permanente enlevo com os detalhes de um quotidiano urbano que evolui ao longo dos seus filmes, são um bálsamo para a alma.


Já nos filmes de Hitchcock é o prazer de seguir a mestria de fazer a câmara falar ao levar-nos pelos labirintos das emoções da história, o que me faz voltar a eles uma e outra vez.


Atrai-me nos filmes de Ingmar Bergman a celebração da vida perante a fragilidade das relações humanas. Por isso, e para referir os mais emblemáticos, Sorrisos de uma noite de verão encanta-me, Uma lição de amor comove-me, e o Sétimo selo lembra-me quanto viver é o permanente diálogo com a morte, nossa, e dos outros em nós. A capacidade da ficção para nos fazer sentir realidades e experiências afastadas do nosso presente ou passado é o motor que me faz ir à sua procura.


Hawks foi o cineasta que filmou a amizade como ninguém. E se em Rio Bravo ( que irei rever brevemente) a fidelidade entre amigos se estende à coragem de em seu nome enfrentar a possibilidade da morte, em Os homens preferem as louras essa amizade plasma-se na inenarrável cena da dança de Jane Russell na sala do tribunal, perto do final do filme, com o propósito de evitar que a amiga Lorelay (Marilyn Monroe) seja julgada pelo roubo de uma tiara.

 

Na sua diversidade, têm estes filmes em comum a sua proximidade temporal (primeira metade dos anos 50 do século. XX) e o devolverem-nos uma certa Europa com o seu modo de vida hoje definitivamente perdido. Dão-nos conta de um mundo que existia quando nasci e não cheguei a conhecer. A realidade que a minha memória recorda é a dos anos 60, mas ao ver estes filmes, o ambiente social e cultural que lhes subjaz dá conta de uma serenidade no viver que só nos pode fazer nostálgicos quando mergulhados no frenesi alucinante dos nossos dias.

 

Outros filmes virão, que as férias apenas começaram. Com este breve registo venho apenas lembrar alguns velhos filmes que nos fazem mais novos a cada visualização.

 

 

Abre o artigo a recriação recente desta imagem nostálgica do filme de Jacques Tati, As férias do Sr. Hulot, pelo designer belga David Merveille.

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Rainer Maria Rilke — Assim a pintaram…

03 Quarta-feira Maio 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas

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Pietro Cavallini, Rainer Maria Rilke

Deslumbrado por este mosaico representando a Virgem Maria, sentindo o mistério de seu enigmático sorriso, digo com Rainer Maria Rilke (1875-1926): Assim a pintaram; sobretudo alguém, / que do sol a saudade trazia.

Na economia do seu geométrico desenho se plasma o mistério de alguém que tendo sido humano se acredita como divino.

Aproximando uma verosimilhança realista ao humano, dando a ver um igual que é diferente, é a essência do ser no seu poder de comunicar a serena paz da fé para além do incomensurável sofrimento que a imagem nos transmite.

 

 

Assim a pintaram; sobretudo alguém,
que do sol a saudade trazia.
Nele de todos os enigmas mais pura amadurecia,
mas do sofrimento cada vez mais se fez refém:
toda a sua vida foi como alguém que lágrimas vertia,
a quem o choro às mãos parar ia.

Ele é o mais belo véu do seu penar,
que se ajusta a seus lábios de cores magoadas,
e sobre eles quase em sorriso se vem a transformar…
e pela luz de sete velas por Anjos levadas
o seu segredo não se deixa desvendar.

 

 

in O Livro de Horas, tradução e apresentação de Maria Teresa Dias Furtado, Assírio & Alvim, Lisboa, 2009.

 

 

A imagem que abre o artigo mostra o detalhe de um mosaico na igreja de Santa Maria in Trastevere, em Roma, construída no século. XII. Os mosaicos são posteriores, (1296-1300) e atribuído o seu desenho a Pietro Cavallini.

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Talvez tenhamos tempo — poema de Pablo Neruda

30 Domingo Abr 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas

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Eugène Delacroix, Pablo Neruda

De uma maneira transitória
agonizou ontem a verdade
e embora o saiba todo o mundo
todo o mundo bem o disfarça:
ninguém mandou algumas flores:
ela morreu e ninguém chora.

 

É com um descair de ombros e alguma resignação que uma forma de olhar o mundo, chamada de pós-verdade, se espalha como mancha de óleo, sujando a verdade dos factos e fazendo crer que verdadeiro e falso, no que à realidade respeita, são conceitos relativisáveis e susceptíveis de vestir a medida as nossas crenças. Apenas um exemplo de dimensões potencialmente trágicas: insistir em que os actos de terrorismo vividos nas sociedades europeias são devidos à recente vaga de refugiados, quando as provas documentais identificam como seus autores jovens nascidos ou tornados adultos nessas sociedades, evidencia uma recusa em aceitar a verdade dos factos e substituir estes pelo que condiz com o que se crê.
Trata-se, afinal, de um estado de negação em expansão social galopante, já conhecido da psicologia individual, mas que ganha dimensão explosiva enquanto psicologia de massas pelo potencial de mudar por muito tempo os valores e a organização da sociedade em que vivemos.
Talvez tenhamos tempo ainda começa por escrever Pablo Neruda (1904-1973) no poema que a seguir transcrevo, escrito para uma realidade diferente, e que é uma ajuda à reflexão sobre o papel de cada um neste rio que avança já pouco silencioso e ameaça tornar-se dilúvio. Que não venhamos a dizer: Não há nada a fazer agora: / todos perdemos a batalha.

 

 

Talvez tenhamos tempo

 

Talvez tenhamos tempo ainda
para ser e para ser justos.
De uma maneira transitória
agonizou ontem a verdade
e embora o saiba todo o mundo
todo o mundo bem o disfarça:
ninguém mandou algumas flores:
ela morreu e ninguém chora.

Entre o esquecimento e a aflição
um pouco antes do funeral
teremos a oportunidade
da nossa morte e nossa vida
para sair de rua em rua,
de mar em mar, de porto em porto,
de cordilheira em cordilheira,
e sobretudo de homem em homem,
a perguntar se a assassinámos
ou se a mataram os outros,
se foram os nossos inimigos
ou o nosso amor o assassino.
Porque a verdade já morreu
e agora podemos nós ser justos.

Antes devíamos lutar
com armas de calibre escuro
e por ferir-nos esquecemos
qual era o fim da nossa luta.

Nunca se soube de quem era
o sangue que nos envolvia,
acusamos outros sem cessar,
sem cessar fomos acusados,
eles sofreram e sofremos,
e depois de eles terem ganho
e termos ganho nós também
a verdade tinha morrido
de antiguidade ou violência.
Não há nada a fazer agora:
todos perdemos a batalha.

Por isso penso que talvez
por fim pudéssemos ser justos
ou por fim pudéssemos ser:
temos este último minuto
e depois mil anos de glória
para não ser e não voltar.

 

Publicação original em Memorial de La Isla Negra, 1964.
Transcrito de Pablo Neruda, Antologia, selecção e tradução de José Bento, Relógio D’Água Editores, Lisboa, 1998.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Eugène Delacroix (1798-1863), A liberdade guiando o povo.

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Uma canção Quíchua mudada para português por Herberto Hélder

17 Sexta-feira Mar 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas

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Herberto Helder, Rosa Rolanda

De afirmação do desejo pela mulher e interrogação da sua constância nos fala um poema vindo talvez das altas paragens andinas, pois trata-se na origem de um poema Quíchuas mudado para português por Herberto Hélder.

Para quem não há muito tempo acompanhou as imagens da passagem do rally Dakar pelos inóspitos cimos da Bolívia e viu as gentes que acorreram ao acontecimento, pensá-las a palpitar com uma canção assim, dá a medida de quanto a dificuldade da vida material é irrelevante para a imutabilidade do sentir quando a biologia fala.

 

Mulher morena,
morena,
manjar delicado, sorriso
de água,
teu peito não sabe
de mágoas,
teus olhos não sabem
de lágrimas.

 

Porque és a mulher mais morena,
a mais bela,
a mais rainha,
deixo a água do amor
arrastar-me na corrente,
deixo a paixão, a tormenta
levaram-me até ao manto
que te cinge os ombros
e a saia revôlta
que abraça os teus músculos.

 

Quando é dia, já não pode
chegar outra noite;
abandona-me o sono
e a aurora não chega.

 

Tu, minha rainha,
ó senhora minha,
já não quererás
pensar em mim quando
o leão e o lobo
venham devorar-me
no cárcere fundo
cá onde me encontro,
nem quando saibas
que estou condenado
a não ver mais mundo,
ó senhora minha,
tu, minha rainha?

 

 

Nota bibliográfica e iconográfica

 

Poema transcrito de Poemas Ameríndios, poemas mudados para português por Heriberto Hélder, Assírio & Alvim, Lisboa, 1997.

 

Acompanham o artigo duas pinturas (auto-retrato) de Rosa Rolanda (1895-1970).
Nascida na Califórnia, a pintora viveu a maior parte da vida no México. Faz parte de um alargado grupo de pintoras (com destaque mediático para Frida Kahlo) que no México desenvolveram, com notável criatividade, linguagens pictóricas a partir do movimento surrealista.
O leitor curioso encontra uma documentação pioneira no catálogo da mostra In Wonderland, The Surrealist Adventures of Women Artists in Mexico and the United States,   Prestel, 2012.

 

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Pão Seco — poema de Wallace Stevens

08 Quarta-feira Mar 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas

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James Nachtwey, Wallace Stevens

Igual a viver numa terra de tragédia é / Viver num tempo de tragédia.

Eis que um poema de Wallace Stevens (1879-1955) escrito ao tempo da 2ª guerra mundial, ganha uma dimensão de actualidade:

…
Era um bater de tambores o que eu ouvi
Era a fome, eram os famintos que gritavam
…

 

O mundo não mudou. Tantos sonhos, tanto sangue, e a tragédia continua. África, uma vez mais, e a crise de fome aguda com o seu cortejo de vidas inocentes.
O tempo de tragédia é, para lá de todos os ideais que a humanidade vem alimentando, o nosso. E a terra de tragédia rodeia-nos perto ou longe, ainda que a tranquilidade do nosso quotidiano dela no imediato nos afaste.
Floresce a imensidão de teatros de guerra e devastação, que a natureza acentua com catástrofes naturais cada vez mais fora de controle. Por isso, diariamente surgem
… homens tisnados pelo vento,
Escuros como o pão, pensando em pássaros
Vindos de países escaldantes e litorais de areia escura,
…
arriscando a vida com a coragem de quem não tem nada a perder.

 

Se o poema Pão Seco, que a seguir transcrevo, não deixa de nos remeter por simples associação de ideias para as tragédias dos nossos dias, também reflecte, e é motivo de alarme, a forma como elas nos vão impregnando o quotidiano com a aceitação de uma inevitabilidade que não deveríamos permitir.

…
E os pássaros chegavam ainda, chegavam em bandos marítimos,
Porque era primavera e os pássaros tinham que chegar.
Sem dúvida que os soldados tinham que marchar
E que os tambores tinham que rufar, rufar, rufar.

Será?

Pão Seco

Igual a viver numa terra de tragédia é
Viver num tempo de tragédia.
Olhai agora os rochedos montanhosos e inclinados
E o rio que força o seu caminho sobre pedras,
Olhai os casebres daqueles que vivem nesta terra.

Aquilo foi o que eu pintei por trás do pão seco,
Os rochedos nem sequer tocados de neve,
Os pinheiros ao longo do rio e homens tisnados pelo vento,
Escuros como o pão, pensando em pássaros
Vindos de países escaldantes e litorais de areia escura,

Pássaros que vieram como água suja em ondas,
Voando por cima dos rochedos, voando por cima do céu,
Como se o céu fosse uma corrente que os trouxesse,
Espalhando-os como se espalham as ondas pela praia,
Uma após outra, tornando nuas as montanhas.

Era um bater de tambores o que eu ouvi
Era a fome, eram os famintos que gritavam
E as ondas, as ondas eram soldados movendo-se,
Marchando, marchando num tempo de tragédia,
Abaixo de mim, no asfalto, sob as árvores.

Eram soldados que seguiam marchando nos rochedos
E os pássaros chegavam ainda, chegavam em bandos marítimos,
Porque era primavera e os pássaros tinham que chegar.
Sem dúvida que os soldados tinham que marchar
E que os tambores tinham que rufar, rufar, rufar.

in Wallace Stevens, Antologia, tradução e introdução de Maria Andersen de Sousa, Relógio d’Água, Lisboa, 2005.

 

Original do poema

 

Dry Loaf

It is equal to living in a tragic land
To live in a tragic time.
Regard now the sloping, mountainous rocks
And the river that batters its way over stones,
Regard the hovels of those that live in this land.

That was what I painted behind the loaf,
The rocks not even touched by snow,
The pines along the river and the dry men blown
Brown as the bread, thinking of birds
Flying from burning countries and brown sand shores,

Birds that came like dirty water in waves
Flowing above the rocks, flowing over the sky,
As if the sky was a current that bore them along,
Spreading them as waves spread flat on the shore,
One after another washing the mountains bare.

It was the battering of drums I heard
It was hunger, it was the hungry that cried
And the waves, the waves were soldiers moving,
Marching and marching in a tragic time
Below me, on the asphalt, under the trees.

It was soldiers went marching over the rocks
And still the birds came, came in watery flocks,
Because it was spring and the birds had to come.
No doubt that soldiers had to be marching
And that drums had to be rolling, rolling, rolling.

Publicado pela primeira vez em Parts of a World (1942).
Transcrito de Wallace Stevens, Collected Poetry and Prose, The Library of America, 1996.

 

A foto que acompanha o artigo pertence a James Nachtwey. Foi feita por este no Sudão em 1993, e mostra uma vítima da fome.

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Um erotismo suave na poesia de Walther von der Vogelweide (sec. XII)

27 Segunda-feira Fev 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas

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walther-von-der-vogelweide-imagem-no-codex-manesse-360px…
Curto é o dia de Inverno,
as noites, porém, compridas,
para dar ao amante terno
alegrias repetidas.
…

 

Os leitores familiarizados com a ópera Tannhäuser de Richard Wagner já se terão cruzado com o nome de Walther von der Vogelweide, pois é um dos minnesänger que acompanham o landgrave.

Outros,  melómanos com curiosidade mais estendida, conhecerão algumas das suas canções em interpretações de grupos de música antiga espalhadas por antologias de minnesänger. Mas descobrir a sua poesia em português é tarefa difícil. Encontro alguns poemas numa História da Literatura Alemã de onde transcrevo, em tradução, superlativa, de João Barrento.

Walther von der Vogelweide, poeta-músico alemão, e dos mais notáveis, terá nascido no Tirol por volta de 1170, tendo morrido cerca de 1228-30.
Embora sendo cavaleiro, preferiu viver a vida de cantor ambulante, andando de corte em corte em busca de mecenas. É assim que na corte de Hermann da Turíngia encontra Tannhäuser e participa num concurso de canto, afinal parte dos factos reais que pela ópera de Wagner circulam.

A poesia amorosa de Walther von der Vogelweide dá conta de uma atitude diferente perante a mulher que a praticada antes por trobadors e trouvères (1), e à época pelos minnesänger. Assim, enquanto a poesia de amor cortês se envolvia em aspectos idealizados da mulher de ressonâncias marianas, no nosso poeta o amor é terreno e repassado do lirismo que a felicidade de o viver pode proporcionar. Há outros aspectos na sua poesia, nomeadamente a crítica aos acontecimentos do tempo que fazem os especialistas considerá-lo o primeiro poeta político alemão.

Como hoje o que me interessa é levar o leitor para a sua poesia amorosa, aí fica uma amostra.

 

*
Uma senhor’ é minha alegria,
de coração tão virtuoso,
de tão formosa harmonia,
que servi-la é um gozo.
Não vai negar-me um sorriso,
é meu, seja como for,
nem que queira, eu não vou nisso,
sonho com esse favor.
Quando me sento a seu lado
e ela me dá conversa,
deixa-me tão baralhado
que me anda à roda a cabeça.
Não sou mau conversador,
mas basta ela olhar para mim
para eu deixar de saber
que me fez sentar ali.

 

**
Quero ajudar ao lamento
de quem melhor fica leda,
mas neste tão falso tempo
à renúncia só se entrega.
Noutros tempos qualquer terra prezara a tão bem-talhada:
hoje, toda a beleza é nada.
Se juntos estão amiga e amigo,
livres de todo o cuidado,
o Inverno todo, eu vos digo,
por ambos é bem passado.
Quer Inverno, quer Verão, os dois têm tanto sabor
que ambos aqui quero louvar.
Curto é o dia de Inverno,
as noites, porém, compridas,
para dar ao amante terno
alegrias repetidas.
Já dei com a língua nos dentes! Se me não tenho calado,
já me não deito a seu lado!

 

***
Com as damas porto-me assim:
sou-lhes como elas a mim;
meu tempo é melhor passado
com mulheres simples ao lado.
Por onde ando muitas vi,
e sempre uma me quer a mim.
E se este prazer me anima
para que hei-de olhar mais p’ra cima?

 

 

(1) O período da poesia trovadoresca pode situar-se nos séculos XII e XIII, entre os anos 1130 e 1300. Caracteriza-se por ser escrita nas línguas locais, habitualmente cantada, e maioritariamente virada para o enaltecimento da mulher.
Vale talvez a pena referir algo mais sobre trobadors e trouvères, indistintamente chamados em português trovadores, sendo que menestréis tem em português uma aplicação mais englobante, não servindo, por isso de tradução para minnesänger.
Trobadors foram os poetas provenientes do sul da Europa, da Catalunha a Viena, sul de França (abaixo do Loire) e norte de Itália, cuja produção se situa grosso modo entre 1130 e 1210.
A sua influência foi enorme na Europa da época, e estendeu-se ao norte de França, onde encontramos os trouvères com actividade identificada nos anos 1170 a 1240. Os minnesänger, cantores na Alemanha surgem entre os anos 1180 e 1300.
A influência dos trobadors estendeu-se ao resto da península ibérica cristã, onde mais tarde floresceram os poetas do cancioneiro galaico-português.

 

Nota bibliográfica e musicológica

História da Literatura Alemã, vol I, edições Cosmos, Lisboa, 1993.
Obra colectiva em que a tradução dos poemas é de João Barrento, quando outro tradutor não é identificado.

Guide de La Musique du Moyen Âge, v. a., Fayard, 1999.

Ensaio que acompanha o cd duplo do Studio der Früen Musik dirigido por Thomas Binkley, edição DAS ALT WERK.
Nestes cd’s com músicas de trobadors, trouvères e minnesänger, encontram-se 3 canções de Walther von der Vogelweide.

 

Abre o artigo a imagem de Walther von der Vogelweide incluída no Codex Manesse (Folio 124r), a mais completa fonte para a poesia minnesäng.

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TrumpAmérica e as Três bandeiras americanas de Jasper Johns

22 Domingo Jan 2017

Posted by viciodapoesia in Crónicas

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Jasper Johns

jasper-johns-three-flags-1958-500pxSão confusos estes dias à volta da nova(?) América do Presidente Trump.
Promessas de regresso ao passado num mundo habituado a aplaudir e venerar o novo, vindas exactamente do lugar onde o Novo parece ser um valor absoluto, é no mínimo desconcertante.

Os media, por incapacidade ou propósito, falam de uma catástrofe por vir, e convencem-nos que assim será. Tudo estava bem antes e este homem vem trazer um apocalipse sem mais? Não sei. Apenas uma certeza: a América que ele traz consigo sempre lá esteve.

Nas três bandeiras americanas sobrepostas pintadas por Jasper Johns (1930) em 1958, ainda que pareçam todas iguais, é a mais pequenina que está por cima, exactamente a que simbolicamente agora é vencedora. Pobre, desprotegida, egoísta, e nostálgica de uma riqueza que muito poucos conseguiram. A América são muitas Américas e esta por agora ganhou. É retrógrada, auto-centrada, vazia da generosidade que outras Américas nos fizeram acreditar ser a sua marca de água. Não é.

O mosaico americano surge aos nossos olhos diferente do que nos últimos anos conhecemos. Quebrado, se libertar a sua arrogância sobre o mundo, será uma preocupação de todos nós.

Se aos americanos cabe fazer com que a grande bandeira preocupada com o mundo, a paz, bem-estar, progresso de todos, e respeito mundial, venha ao de cima e volte a vencer, a nós, resto do mundo, cabe-nos não deixar que a embriaguês do poder torne este mundo irrespirável. Se muros, proteccionismo, e outras novidades ainda não reveladas, podem ser matéria de divergência política, respeitando em primeiro lugar a americanos, a que o mundo deve reagir em conformidade, a estabilidade do clima na terra, a sua preservação e cuidado é empenho de todos nós. Os primeiros sinais fazem o ar que respiramos ficar mais pesado. Imperioso alerta que se sobrepõe hoje à poesia.

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