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jasper-johns-three-flags-1958-500pxSão confusos estes dias à volta da nova(?) América do Presidente Trump.
Promessas de regresso ao passado num mundo habituado a aplaudir e venerar o novo, vindas exactamente do lugar onde o Novo parece ser um valor absoluto, é no mínimo desconcertante.

Os media, por incapacidade ou propósito, falam de uma catástrofe por vir, e convencem-nos que assim será. Tudo estava bem antes e este homem vem trazer um apocalipse sem mais? Não sei. Apenas uma certeza: a América que ele traz consigo sempre lá esteve.

Nas três bandeiras americanas sobrepostas pintadas por Jasper Johns (1930) em 1958, ainda que pareçam todas iguais, é a mais pequenina que está por cima, exactamente a que simbolicamente agora é vencedora. Pobre, desprotegida, egoísta, e nostálgica de uma riqueza que muito poucos conseguiram. A América são muitas Américas e esta por agora ganhou. É retrógrada, auto-centrada, vazia da generosidade que outras Américas nos fizeram acreditar ser a sua marca de água. Não é.

O mosaico americano surge aos nossos olhos diferente do que nos últimos anos conhecemos. Quebrado, se libertar a sua arrogância sobre o mundo, será uma preocupação de todos nós.

Se aos americanos cabe fazer com que a grande bandeira preocupada com o mundo, a paz, bem-estar, progresso de todos, e respeito mundial, venha ao de cima e volte a vencer, a nós, resto do mundo, cabe-nos não deixar que a embriaguês do poder torne este mundo irrespirável. Se muros, proteccionismo, e outras novidades ainda não reveladas, podem ser matéria de divergência política, respeitando em primeiro lugar a americanos, a que o mundo deve reagir em conformidade, a estabilidade do clima na terra, a sua preservação e cuidado é empenho de todos nós. Os primeiros sinais fazem o ar que respiramos ficar mais pesado. Imperioso alerta que se sobrepõe hoje à poesia.