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Category Archives: Poesia de Língua Inglesa

Marianne Moore — Um Rosto

27 Segunda-feira Jan 2020

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Marianne Moore, Pablo Picasso

Rosto, espelho da alma? Certamente não. Olhar-se um ao espelho e não gostar do que vê, e mais, sentir o desacerto entre o que a imagem mostra e o sentir próprio acontece mais ou menos frequentemente a cada um, e é a reflexão superiormente levada a cabo por Marianne Moore (1877-1972) na primeira parte do poema A Face que a seguir transcrevo seguido de uma minha tradução. Depois, na segunda estrofe do poema: que deve mostrar um rosto? A impassibilidade que esconde a intimidade do ser, ou como escreve a poetisa: … o amor da ordem, ardor, insinuosa simplicidade / com uma expressão de indagação, são tudo o que alguém precisa ser!

Poema denso de implicações de como nos vemos e gostaríamos que nos vissem e recordassem: … Rosto fotografado por lembrança — / na minha opinião, a meu ver, / devem permanecer um prazer., faz-nos pensar se melhor será a neutralidade expressiva com quem nos cruzamos, ou a ilusória transparência da alma num rosto que chamamos de “comunicativo”.

 

A Face

 

“I am not treacherous, callous, jealous, superstitious,

supercilious, venomous, or absolutely hideous”:

            studying and studying its expression,

            exasperated desperation

                        though at no real impass,

                        would gladly break the mirror;

 

when love of order, ardor, uncircuitous simplicity

with an expression of inquiry, are all one needs to be!

            Certain faces, a few, one or two—or one

            Face photographed by recollection—

                        to my mind, to my sight,

                        must remain a delight.

 

in Marianne Moore, Collected Poems, privately printed for the subscribers of The Franklin Library of Pulitzer Prize Classics, USA, 1984.

 

 

Um Rosto

 

“Eu não sou traiçoeira, insensível, ciumenta, supersticiosa,

arrogante, venenosa ou absolutamente hedionda ”:

      estudando e estudando a sua expressão,

       exasperado desespero

               embora sem um verdadeiro impasse,

               de bom grado quebraria o espelho;

 

quando o amor da ordem, ardor, insinuosa simplicidade 

com uma expressão de indagação, são tudo o que alguém precisa ser!

       Certos rostos, poucos, um ou dois — ou um

       Rosto fotografado por lembrança —

              na minha opinião, a meu ver,

              devem permanecer um prazer.

 

Tradução em português de Carlos Mendonça Lopes

Embora o paralelismo da construção sintática e morfológica do poema original se perca em português, fica-nos a originalidade da expressão na interrogação de si perante a sua imagem e o que dela deve transparecer para os outros.

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Pablo Picasso (1881-1973), Girl Before A Mirror, de 1932, pertencente à colecção do MoMA de New York.

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Nenhum homem é uma ilha — A Meditação XVII de John Donne

22 Quarta-feira Jan 2020

Posted by viciodapoesia in Poesia de Língua Inglesa

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John Donne

… não procures saber

Por quem o sino toca,

Ele toca por ti.

Por quem os sinos dobram, frase tornada famosa como título de um livro de Ernest Hemingway, e de um filme nele inspirado com Gary Cooper e Ingrid Bergman, é originalmente, no singular, o terminus da meditação XVII de John Donne (1572-1631) em Devotions upon Emergent Occasions (1624), mais tarde adaptada a poema, e que hoje transcrevo acompanhado por uma tradução minha.

Entender a humanidade como um todo e a ela estender o sentido de pertença, é a mensagem perene da meditação de John Donne. em que vale a pena reflectir uma e outra vez. 

Quanto mais a discórdia assombrar os homens e a lei do mais forte ganhar apoio popular, mais necessário se torna lembrar que amigos e inimigos são sempre parte da mesma humanidade e apenas a justiça da igualdade como lei deve prevalecer, seja na sua dimensão individual, seja colectiva. Hoje, e no que à Europa respeita, o Brexit nas suas motivações e consequências está aí para nos fazer meditar.

 

Poem 

No man is an island,

Entire of itself.

Each is a piece of the continent,

A part of the main.

If a clod be washed away by the sea,

Europe is the less.

As well as if a promontory were.

As well as if a manor of thine own

Or of thine friend’s were.

Each man’s death diminishes me,

For I am involved in mankind.

Therefore, send not to know

For whom the bell tolls,

It tolls for thee.

 

 

Poema — Versão em português 

 

Nenhum homem é uma ilha,

Suficiente por si mesmo.

Cada um é um pedaço do continente,

Uma parte do todo.

Se um torrão for arrastado pelo mar,

A Europa não o é menos.

Tal como se um promontório o fosse.

Bem como se a tua própria casa

Ou a de teus amigos o fosse.

A morte de cada homem diminui-me

Pois sou parte da humanidade.

Portanto, não procures saber

Por quem o sino toca,

Ele toca por ti.

 

Versão em português por Carlos Mendonça Lopes

 

Abre o artigo a imagem de um cartoon alusivo ao Brexit publicado na imprensa.

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Seios — um poema de Charles Simic

14 Sábado Set 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia de Língua Inglesa

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Charles Simic

Eu amo seios, duros / Seios cheios, coroados /  Por um botão. / …

Assim começa o poema Seios de Charles Simic (1938) que hoje transcrevo no blog acompanhado por uma tradução minha.

No filme Sexo e a Cidade, a certa altura uma protagonista diz para o marido qualquer coisa como isto:

— Não percebo porque vocês homens andam sempre tão obcecado com seios de mulher. São algo que existe em cerca de metade da humanidade… E é aqui que reside o mistério, e confesso-me incapaz de desvendar: não é a raridade dos seios que faz a sua atracção e apelo irresistível:

…

Insisto que uma miúda

 Despida até à cintura

 É o primeiro e último milagre,

 Que o velho porteiro no seu leito de morte

 Ao pedir para ver os seios da esposa

 Uma última vez

 É o maior poeta que já viveu.

…

 

E entre poesia e milagre, entremos por este mistério com a companhia do poema de Charles Simic. 

Experiência física onde a razão sossobra, falar deles é enumerar o seu efeito sensorial.  

Como chegar até eles? O poeta sugere:

…

Gosto de ir até eles

 De baixo, como uma criança

 Que sobe a uma cadeira

 Para alcançar o doce proibido.

…

 

A eles chegados, há que os sentir:

…

Suavemente, com os lábios,

Solto o botão.

Tê-los soltos entre as mãos

Como duas recém-tiradas canecas de cerveja.

…

 

Ao toque dos mamilos, embalam os sentidos quais:

…

Grãos de inaudíveis suspiros,

Vogais de deliciosa clareza

Para a pequena e rubra escola das nossas bocas.

…

 

E agora, quem puder, aproveite para … / saborear cada seio / Como densa e escura uva / …

 

Entrego-o, leitor, ao poema, com esta derradeira citação:

…

Cuspo nos tolos que não incluem

Os seios na sua metafísica

Astrónomos que não os enumeraram

Entre as luas da terra …

…

 

 

Seios

 

Eu amo seios, duros

 Seios cheios, coroados

 Por um botão.

 

 Vêm pela noite.

 Os bestiários dos antigos

 Que incluem o unicórnio

 Deixaram-nos sair.

 

 Perlados, como o oriente

 Uma hora antes do sol nascer,

 Dois fornos da única

 Pedra filosofal

 Que merece a nossa atenção.

 

 Trazem nos seus mamilos

 Grãos de inaudíveis suspiros,

 Vogais de deliciosa clareza

 Para a pequena e rubra escola das nossas bocas.

 

 Algures, a solidão

 Faz outra entrada sombria

 Na sua lage, a miséria

 Toma outra taça de arroz.

 

 Eles aproximam-se: Presença

 Animal.  No celeiro

 O leite estremece no balde.

 

 Gosto de ir até eles

 De baixo, como uma criança

 Que sobe a uma cadeira

 Para alcançar o doce proibido.

 

 Suavemente, com os lábios,

 Solto o botão.

 Tê-los soltos entre as mãos

 Como duas recém-tiradas canecas de cerveja.

 

 Cuspo nos tolos que não incluem

 Os seios na sua metafísica

 Astrónomos que não os enumeraram

 Entre as luas da terra …

 

 Eles dão a cada dedo

 A forma verdadeira, a sua alegria:

 Sabão novo, espuma

 Onde as nossas mãos se limpam.

 

 E como a língua honra

 Esses dois pãezinhos azedos,

 Pois a língua é uma pena

 Mergulhada em gema de ovo.

 

 Insisto que uma miúda

 Despida até à cintura

 É o primeiro e último milagre,

 Que o velho porteiro no seu leito de morte

 Ao pedir para ver os seios da esposa

 Uma última vez

 É o maior poeta que já viveu.

 

 Oh minha doce, melancólica gaitas de foles.

 Olha, toda a gente está dormindo na terra.

 Agora, na absoluta imobilidade

 Do tempo, puxando para mim

 A cintura de quem eu amo,

 

 Vou saborear cada seio

 Como densa e escura uva

 Dentro da colmeia

 Desta minha lânguida boca.

 

Tradução do inglês por Carlos Mendonça Lopes

 

Poema original

 

Breasts

I love breasts, hard

Full breasts, guarded

By a button.

 

They come in the night.

The bestiaries of the ancients

Which include the unicorn

Have kept them out.

 

Pearly, like the east

An hour before sunrise,

Two ovens of the only

Philosopher’s stone

Worth bothering about.

 

They bring on their nipples

Beads of inaudible sighs,

Vowels of delicious clarity

For the little red schoolhouse of our mouths.

 

Elsewhere, solitude

Makes another gloomy entry

In its ledger, misery

Borrows another cup of rice.

 

They draw nearer: Animal

Presence. In the barn

The milk shivers in the pail.

 

I like to come up to them

From underneath, like a kid

Who climbs on a chair

To reach the forbidden jam.

 

Gently, with my lips,

Loosen the button.

Have them slip into my hands

Like two freshly poured beer-mugs.

 

I spit on fools who fail to include

Breasts in their metaphysics

Star-gazers who have not enumerated them

Among the moons of the earth …

 

They give each finger

Its true shape, its joy:

Virgin soap, foam

On which our hands are cleansed.

 

And how the tongue honors

These two sour buns,

For the tongue is a feather

Dipped in egg-yolk.

 

I insist that a girl

Stripped to the waist

Is the first and last miracle,

That the old janitor on his deathbed

Who demands to see the breasts of his wife

For the one last time

Is the greatest poet who ever lived.

 

O my sweet, my wistful bagpipes.

Look, everyone is asleep on the earth.

Now, in the absolute immobility

Of time, drawing the waist

Of the one I love to mine,

 

I will tip each breast

Like a dark heavy grape

Into the hive

Of my drowsy mouth.

 

in Charles Simic, New and Selected poems (1962-2012), Houghton Mifflin Harcourt, New York, 2013.

 

 

Nota final

Num tempo em que a intervenção plástica nos seios é frequente, seja por desagrado com a sua evolução biológica, seja em resultado de doença, (e o cancro da mama afecta estatisticamente cerca de um terço da mulheres), os prazeres sentidos com eles, e de alguma forma descritos no poema, não sofrem a mais pequena beliscadura, estejam ausentes preconceitos ou constrangimento mental. Sem eles, os preconceitos, é tão só entregarmo-nos aos prazeres mútuos da sua fruição.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura minha, Nu Azul, óleo s/tela, feita em 2004.

 

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Cartas de amor, frio e morto papel — Soneto de Elizabeth Barrett Browning

12 Quinta-feira Set 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia de Língua Inglesa

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Edvard Munch, Elizabeth Barrett Browning, Fernando Pessoa, Manuel Bandeira

Fernando Pessoa (1888-1935) deixou escrito sobre as cartas de amor provavelmente a visão definitiva do seu paradoxo: por um lado, as expressões da ternura nas Cartas a Ofélia, e por outro a lucidez de quem se sente incapaz de amar, no poema de Álvaro de Campos: Todas as cartas de amor são / Ridiculas. / Não seriam cartas de amor se não fossem / Ridiculas. / …

Não ficou por aqui o poeta e acrescentou-lhe a pungente visão de quem ama sem esperança na Carta da corcunda para o serralheiro.

Não se esgota em Pessoa a leitura poética das cartas de amor, e pelo blog aqui e ali exemplos há. Hoje é num soneto de Elizabeth Barrett Browning (1806-1861), em inspirada tradução do poeta Manuel Bandeira (1886-1968) que podemos ler:

 

As minhas cartas! Todas elas frio,

Mudo e morto papel! No entanto agora

Lendo-as, entre as mãos trêmulas o fio

Da vida eis que retomo hora por hora.

…

 

Encontrar as cartas de amor de uma paixão que existiu, desencadeia em catadupa as emoções de um tempo em que a felicidade se julgava possível para sempre, e a sua leitura faz reviver o desengano. Ei-lo contado por Elizabeth Barrett Browning. Primeiro na versão de Manuel Bandeira, e a seguir, o poema original:

 

 

Soneto

 

As minhas cartas! Todas elas frio,

Mudo e morto papel! No entanto agora

Lendo-as, entre as mãos trêmulas o fio

Da vida eis que retomo hora por hora.

 

Nesta queria ver-me — era no estio —

Como amiga a seu lado,,, Nesta implora

Vir e as mãos me tomar… Tão simples! Li-o

E chorei. Nesta diz quanto me adora.

 

Nesta confiou: sou teu, e empalidece

A tinta no papel, tanto o apertara

Ao meu peito, que todo inda estremece!

 

Mas uma… Ó meu amor, o que me disse

Não digo. Que bem mal me aproveitara,

Se o que então me disseste eu repetisse…

 

Tradução de Manuel Bandeira

in Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1993.

 

 

Sonnets from the Portuguese 28

 

My letters! all dead paper, … mute and white ! —

And yet they seem alive and quivering

Against my tremulous hands which loose the string

And let them drop down on my knee to-night.

This said, … he wished to have me in his sight

Once, as a friend: this fixed a day in spring

To come and touch my hand … a simple thing,

Yet I wept for it! — this, … the paper’s light …

Said, Dear, I love thee; and I sank and quailed

As if God’s future thundered on my past.

This said, I am thine — and so its ink has paled

With lying at my heart that beat too fast.

And this … O Love, thy words have ill availed,

If, what this said, I dared repeat at last!

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Edvard Munch (1863-1944), Noite de verão, Inger na praia, 1889.

 

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Soneto 29 de Shakespeare em português por Jorge de Sena e Vasco Graça Moura

21 Terça-feira Maio 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia de Língua Inglesa

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Shakespeare

Talvez o Soneto 29 de Shakespeare (1564-1616) seja o mais camoniano dos seus sonetos pela atmosfera de desengano do mundo, embora nele, e contrariamente a Luís de Camões (1524-1580) onde o amor é fonte de profunda desilusão, Shakespeare fale sobre como o amor pode trazer uma luz de esperança e transformar em felicidade uma existência desiludida da sorte e dos humanos.

Transcrevo o original, e versões em português por Jorge de Sena (1919-1978) e Vasco Graça Moura (1942-2014), ambas rimadas, constituindo notáveis expressões de virtuosismo poético.

A tradução de Jorge de Sena, com liberdades mínimas, dá-nos em português um soneto próximo da letra do original:

 

Soneto 29

 

Quando em desgraça aos olhos dos humanos,

sozinho choro o meu maldito estado,

e ao surdo céu gritando vou meus danos,

e a mim me vejo e amaldiçoo o Fado,

 

sonhando-me outro, rico de esperanças,

co’a imagem del’ , como el’ tão respeitado,

invejo as artes de um, d’outro as usanças,

do que mais gosto menos sou tentado.

 

Mas se ao pensar assim, quase me odiando,

acaso penso em ti, logo meu estado,

como ave, às portas celestiais cantando,

se ergue da terra, quando o sol é nado.

 

Pois que lembrar-te, amor, tem tal valia,

que nem com grandes Reis me trocaria.

 

Tradução de Jorge de Sena

Transcrito de Poesia de 26 Séculos, Antologia, tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena, Fora do Texto, Coimbra, 1993.

Igualmente próximo do original, Vasco Graça Moura faz uma recreação poética numa linguagem com atmosfera seiscentista, de enorme atracção:

 

Soneto 29

 

De mal com os humanos e a Fortuna,

choro sozinho o meu banido estado.

Meu vão clamor o céu surdo importuna

e olhando para mim maldigo o fado.

A querer ser mais rico em esperança,

como outros em amigos e talento,

invejando arte de um, doutro a pujança,

do que mais gosto menos me contento.

Se assim medito e quase me abomino,

penso feliz em ti e meus pesares

(qual cotovia em voo matutino

deixando a terra) então cantam nos ares.

   Tão rico me é teu doce amor lembrado,

   que nem com reis trocava o meu estado.

 

Tradução de Vasco Graça Moura

in Os Sonetos de Shakespeare, versão integral, Bertrand Editora, 2007.

A cada leitor a sua preferência.

 

 

Termino com o poema original:

 

 

Sonnet 29

 

When in disgrace with fortune and men’s eyes

I all alone beweep my outcast state,

And trouble deaf heaven with my bootless cries,

And look upon myself, and curse my fate,

Wishing me like to one more rich in hope,

Featured like him, like him with friends possessed,

Desiring this man’s art, and that man’s scope,

With what I most enjoy contented least;

Yet in these thoughts my self almost despising,

Haply I think on thee, and then my state,

Like to the lark at break of day arising

From sullen earth, sings hymns at heaven’s gate;

   For thy sweet love remembered such wealth brings

   That then I scorn to change my state with kings.

 

Transcrito de The Oxford Shakespeare, Complete Sonnets and Poems, Oxford 2002.

Abre o artigo a imagem de um desenho de Peter Paul Rubens (1577-1649), Retrato de rapariga.

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Um poema de sabor antigo e Treze maneiras de olhar um melro por Wallace Stevens

29 Segunda-feira Abr 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia de Língua Inglesa

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carlos mendonça lopes, Wallace Stevens

Provavelmente o longo convívio com poesia antiga e de todas as latitudes me condicione no processo criativo, fazendo o que escrevo soar tantas vezes fora de tempo. Aí talvez a razão por que a chegada da Primavera, e dos melros às árvores frente a casa, me tenha inspirado este poema de sabor antigo:

 

O Melro
De que fala quando canta
o melro à minha janela?
Fala do amor ausente
ou recorda simplesmente
os tempos que não viveu
porque morreu?
 
Vestiu de luto para sempre
e as penas pretas que veste
não consentem alegria:
apenas deixam ouvir
a sua melancolia
num cantar de dor presente.

Carlos Mendonça Lopes

 

 

Este poema é uma descrição nos antípodas da leitura da presença do melro na paisagem feita pelo poeta-filósofo Wallace Stevens (1879-1955) no poema Treze maneiras de olhar um melro. Poema dividido em treze estâncias, com o sabor de haiku a percorrê-las, em curtos versos, e numa visão sintética e metafórica, seguimos variadas formas de sentir e pressentir o mistério e variedade da vida observando um melro na paisagem nevada.

Entre a primeira e a última estâncias do poema:

1
No meio de vinte montanhas nevadas
A única coisa que se mexia
Era o olho do melro.
…
13
Anoitecia em cada instante da tarde.
Nevava
E ia continuar a nevar.
E o melro empoleirado
Nos ramos dos cedros.

acompanhamos a reflexiva observação do poeta. Implica esta o questionar do que é saber. E sabendo, esse conhecimento é exterior a mim, ou ao conhecer, ele passa objectivamente a integrar-me? É um caminho que o poema abre, não a letra do que ele contém:

 

 

Treze maneiras de olhar um melro

1
No meio de vinte montanhas nevadas
A única coisa que se mexia
Era o olho do melro.

2
Eu via as coisas de três maneiras diferentes,
Como uma árvore
Onde há três melros.

3
O melro rodopiava ao sabor dos ventos de Outono.
Era uma pequena parte da pantomina.

4
Um homem e uma mulher
São um
Um homem e uma mulher e um melro
São um.

5
Não sei qual prefiro,
A beleza das modulações de som
Ou a beleza das insinuações,
O melro a assobiar
Ou logo após.

6
Gotículas geladas cobriam a grande janela
De vidros toscos.
A sombra do melro
Cruzava-a, dum lado para o outro.
O estado de espírito
Desenhava na sombra
Uma causa indecifrável.

7
Ó homens esguios de Haddam
Porque pensais em pássaros dourados?
Não vedes como o melro
Caminha à volta dos pés
Das mulheres perto de vós?

8
Sei de sotaques notáveis
E ritmos lúcidos e inevitáveis;
Mas também sei
Que o melro está presente
Em tudo o que eu sei.

9
Quando o melro voou para fora do alcance da vista
Assinalou a orla
De um de muitos círculos.

10
Perante a visão de melros
Voando envolvidos numa luz verde,
Até os proxenetas da eufonia
Haviam de gritar com vivacidade.

11
Ele foi até Connecticut
Num coche de vidro
Uma vez, foi tomado de pânico
Quando confundiu
A sombra da carruagem
Com melros.

12
O rio corre
O melro deve andar a voar.

13
Anoitecia em cada instante da tarde.
Nevava
E ia continuar a nevar.
E o melro empoleirado
Nos ramos dos cedros.

Tradução de António Simões
in Antologia da Poesia Anglo-Americana, de Chaucer a Dylan Thomas, seleção, prefácio e notas de António Simões, Campo das Letras Editores, Porto, 2002.

A foto de abertura não é do melro que canta à minha janela. Encontrei-a na net, colocada por um Camberra ornithologist group.

 

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Vida num amor e Amor numa vida — poemas de Robert Browning

14 Quinta-feira Mar 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia de Língua Inglesa

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Elizabeth Barrett Browning, Robert Browning, Rufino Tamayo

Na variedade do amor vivido parece que tudo cabe: da expectativa e esperança do início, ao êxtase da consumação, e desgaste ou perda final. Varia a natureza humana e varia a forma como cada um vive etape a etape a vida de um amor. Confiante ou temeroso, exaltado ou apaziguado, em desespero ou fúria, o leque de sentimentos que o amor arrasta é extenso. E deles tem dado a poesia, e continua a dar, bastos exemplos: adolescente que embarque nas primeiras excitações ou desgostos amorosos dá poeta de seguida.

Depois dos anseios de amor total, suspirados por Elizabeth Barrett Browning (1806-1861), que há dias transcrevi no blog, trago hoje a contraparte do marido Robert Browning (1812-1889) revelando as dissemelhanças no sentir do amor, entre um par que a lenda reclama o ter vivido em entrega total.

 

Vida num amor
(Life in a love)

Escapares de mim?
Nunca —
Meu amor!
Enquanto eu seja eu e essa alma for tua,
Enquanto o mundo, aos dois, nos contiver —
Eu te querendo e tu sem nada quereres —
Se há um que hesita, o outro continua.
Temo ser minha vida algum erro, por fim —
Antes parece uma fatalidade!
Quase nada consigo, na verdade —
Mas que fazer, se não atinjo o fim?
Há que manter os nervos em tensão,
Os olhos enxugar em cada ruína,
Se malogrado, erguer-me em repelão —
Assim, na caça, a presa se elimina.
No entanto, olha uma vez dessa distância,
Para mim, tão no fundo, em poeira e negrume;
Mal cai por terra uma velha esperança,
Renascido, visando o mesmo lume,
Tomo feitio —
Sempre
Transmudado.

 

Life in a love

Escape me?
Never—
Beloved!
While I am I, and you are you,
So long as the world contains us both,
Me the loving and you the loth,
While the one eludes, must the other pursue.
My life is a fault at last, I fear:
It seems too much like a fate, indeed!
Though I do my best I shall scarce succeed.
But what if I fail of my purpose here?
It is but to keep the nerves at strain,
To dry one’s eyes and laugh at a fall,
And, baffled, get up and begin again,—
So the chase takes up one’s life, that’s all.
While, look but once from your farthest bound
At me so deep in the dust and dark,
No sooner the old hope goes to ground
Than a new one, straight to the self-same mark,
I shape me—
Ever
Renoved!

 

Amor numa vida
(Love in a life)

I
Sala após sala,
Corro por toda a casa
Que habitamos os dois.
Não receies, coração, porque, meu coração, hás-de encontrá-la
Doutra vez; ela mesmo — e não somente o frémito que fica.
Depois, no reposteiro; nem o aroma do leito.
O florão da moldura de novo floresceu, quando roçou por ela.
Aquele espelho, ali, resplandeceu ao reflectir-lhe as plumas.

II
No entanto o dia gasta-se
E sucedem-se, às portas, outras portas.
Tento de novo a sorte —
Percorro a casa enorme das alas para o centro,
E sempre o mesmo acaso! Ela sai quando eu entro!
Consumo todo o dia a procurá-la — que importa?
Mas vê que é lusco-fusco e tanto por buscar,
Tantos quartos a ver, tanta alcova a tentar!

 

Love in a life

I
Room after room,
I hunt the house through
We inhabit together.
Heart, fear nothing, for, heart, thou shalt find her—
Next time, herself!—not the trouble behind her
Left in the curtain, the couch’s perfume!
As she brushed it, the cornice-wreath blossomed anew:
Yon looking-glass gleamed at the wave of her feather.

II
Yet the day wears,
And door succeeds door;
I try the fresh fortune—
Range the wide house from the wing to the centre.
Still the same chance! she goes out as I enter.
Spend my whole day in the quest,—who cares?
But ‘tis twilight, you see,—with such suites to explore,
Such closets to search, such alcoves to importune!

Traduções de A. Herculano de Carvalho,
in oiro de vário tempo e lugar, Asa Editores, Porto, Janeiro de 2003.

Poemas originais transcritos de Robert and Elizabeth Barrett Browning, Poems and Letters, Everyman’s Library, Londres, 2003.

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Rufino Tamayo (1899-1991), Dois personagens, de 1981.

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Sonetos do amor total — Elizabeth Barrett Browning

01 Sexta-feira Mar 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia de Língua Inglesa

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Elizabeth Barrett Browning, Lázló Moholy-Nag, Manuel Bandeira

Em dois sonetos brilhantemente transpostos para português por Manuel Bandeira (1886-1968), Elizabeth Barrett Browning (1806-1861), dá conta de como amar e ser amado, num amor total, sem mas nem porquês, atingindo Os fins do Ser, a Graça entressonhada:

 

Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh’alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.
…

 

E no outro soneto refere:
…
Ama-me por amor do amor, e assim
Me hás-de querer por toda a eternidade.

 

Nestes sonetos a contabilidade da relação amorosa é 100% de entrega e igual exigência recíproca. Onde o lugar para o eu individual? O espaço do indivíduo numa relação a dois?
Fará sentido desejar semelhante esmagamento de si nesta absoluta entrega ao outro?
Vejamos mais alguns passos deste concepção absoluta do amor:

…
Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.
…

 

Na contrapartida, o deseje de ser amada surge assim:

 

Ama-me por amor do amor somente.
Não digas: “Amo-a pelo seu olhar,
O seu sorriso, o modo de falar
Honesto e brando. Amo-a porque se sente

Minh’alma em comunhão constantemente
Com a sua.” Porque pode mudar
Isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
Do tempo, ou para ti unicamente.
…

 

É verdade que o amor baseado na aparência transitória do belo é naturalmente efémero, mas esperar uma entrega permanente e absoluta do outro independentemente de circunstancia, tempo, e lugar, pressupõe a anulação da sua individualidade.

Acredito que exista quem sonhe o amor assim. E até quem sinta a alma em comunhão constantemente com a do ser amado. Mas cedo ou tarde o eu reclama o seu lugar. A quem procurar viver um amor assim, às perguntas que deixei acima, a vida traz a resposta, e muitas vezes com dor.

 

Matéria de poesia sejam eles, os sonetos; contam as histórias literárias que o amor de Elizabeth Barrett Browning com Robert Browning (1812-1889) (com quem casou aos 40 anos) terá sido um amor assim. Como quer que seja, desejo ou realidade vivida, aí ficam os sonetos para fazer viajar almas sedentas de paixão.

 

I (sonnet 43)

Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh’alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingénua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
Ainda mais te amarei depois da morte.

 

 

IV (sonnet14)
Ama-me por amor do amor somente.
Não digas: “Amo-a pelo seu olhar,
O seu sorriso, o modo de falar
Honesto e brando. Amo-a porque se sente

Minh’alma em comunhão constantemente
Com a sua.” Porque pode mudar
Isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
Do tempo, ou para ti unicamente.

Nem me ames pelo pranto que a bondade
De tuas mãos enxuga, pois se em mim
Secar, por teu conforto, esta vontade

De chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
Me hás-de querer por toda a eternidade.

 

Traduções de Manuel Bandeira (4 sonetos de Elizabeth Barrett Browning)
in Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1993.

Sonnet 43

How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of Being and ideal Grace.
I love thee to the level of every day’s
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for Right.
I love thee purely, as they turn from Praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood’s faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints. — I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life! — and, if God choose,
I shall but love thee better after death.

 

 

Sonnet 14

If thou must love me, let it be for nought   
Except for love’s sake only. Do not say
“I love her for her smile — her look — her way   
Of speaking gently,— for a trick of thought   
That falls in well with mine, and certes brought
A sense of pleasant ease on such a day”—   
For these things in themselves, Belovèd, may   
Be changed, or change for thee — and love, so wrought,   
May be unwrought so. Neither love me for   
Thine own dear pity’s wiping my cheeks dry, —
A creature might forget to weep, who bore   
Thy comfort long, and lose thy love thereby!   
But love me for love’s sake, that evermore   
Thou mayst love on, through love’s eternity.

 

Sonetos originais transcritos de Robert and Elizabeth Barrett Browning, Poems and Letters, Everyman’s Library, Londres, 2003.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma foto-montagem de Lázló Moholy-Nagy (1895-1946), intitulada Adeus. Foto-montagem narrativa, de 1924.

 

 

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Shakespeare — Ser ou não ser… a meditação de Hamlet

13 Terça-feira Nov 2012

Posted by viciodapoesia in Poesia Antiga, Poesia de Língua Inglesa

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Shakespeare

O bardo, Shakespeare (1564-1616), chega ao blog com a meditação de Hamlet na 1ªcena do 3º acto da tragédia com o seu nome: Ser ou não ser …, [To be or not to be…], numa rara e belíssima tradução de Luiz Cardim.

Bibliotecas de comentários tem suscitado esta fala teatral. Poesia no mais elevado sentido que a humanidade conheceu, nela se dá conta da dúvida sobre o que fazer perante o sofrimento que o viver nos inflige: se terminá-lo com a morte voluntária, se vivê-lo no receio do desconhecido para além dela.

“Ser ou não ser…” Fala de Hamlet, acto 3, cena 1

Ser, ou não ser, – eis a questão: se acaso
é mais nobre sofrer d’ânimo firme
os pelouros e dardos da má sorte,
ou terçar armas contra um mar de agruras
e findá-las de vez? Morrer…,dormir …,
mais nada…; e com um sono desfazer-nos
da angustia, e mil embates naturais
de que é herdeira a carne, — alguém deseja
um término melhor? Morrer…, dormir…
dormir… talvez sonhar… Sonhar?! Ah, não:
pois no sono da morte, quando formos
do terreal tumulto já libertos,
que sonhos podem vir — basta essa ideia
para fazermos pausa; ela e só ela
gera às calamidades longa vida.
Quem sofreria os golpes e sarcasmos
do mundo, as iniquidades dos tiranos,
as prosápias do orgulho, as dores acerbas
do amor menosprezado, as dilações
do foro, a brusquidão da famulagem,
e as sevicias que ao mérito paciente
a nulidade inflige, — se pudera
ele próprio de tudo redimir-se
co’a ponta dum punhal? Ou quem os fardos
da canseirosa vida suportava
a suar e gemer, senão pungido
pelo ansioso pavor de qualquer coisa
depois da morte — esse país ignoto
das fronteiras do qual ninguém regressa —
que mareia a vontade, e nos coage
a preferir os males deste mundo
àqueles que nos são desconhecidos?
A consciência nos torna assim cobardes,
a todos nós, e assim a cor nativa
da decisão, desmaia e desfalece
sob a pálida luz do pensamento;
de tal sorte que empresas de grão vulto
se apartam dos seus fins, e vão perdendo
todo o nome de acção…

“To Be Or Not To Be…” Fala de Hamlet, Act 3 Scene 1

To be, or not to be: that is the question: –
Whether ’tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles,
And by opposing end them? – To die, – to sleep;
No more; and by a sleep to say we end
The heart-ache and the thousand natural shocks
That flesh is heir to, -’tis a consummation
Devoutly to be wish’d. To die, – to sleep; –
To sleep! perchance to dream: -ay, there’s the rub;
For in that sleep of death what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil,
Must give us pause: there’s the respect
That makes calamity of so long life;
For who would bear the whips and scorns of time,
The oppressor’s wrong, the proud man’s contumely,
The pangs of despis’d love, the law’s delay,
The insolence of office, and the spurns
That patient merit of the unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin? who would fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death, –
The undiscover’d country from whose bourn
No traveller returns, – puzzles the will,
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all;
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o’er with the pale cast of thought;
And enterprises of great pith and moment
With this regard, their currents turn awry,
And lose the name of action…

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