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Marianne Moore — Um Rosto

27 Segunda-feira Jan 2020

Posted by viciodapoesia in Poesia de Língua Inglesa

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Marianne Moore, Pablo Picasso

Rosto, espelho da alma? Certamente não. Olhar-se um ao espelho e não gostar do que vê, e mais, sentir o desacerto entre o que a imagem mostra e o sentir próprio acontece mais ou menos frequentemente a cada um, e é a reflexão superiormente levada a cabo por Marianne Moore (1877-1972) na primeira parte do poema A Face que a seguir transcrevo seguido de uma minha tradução. Depois, na segunda estrofe do poema: que deve mostrar um rosto? A impassibilidade que esconde a intimidade do ser, ou como escreve a poetisa: … o amor da ordem, ardor, insinuosa simplicidade / com uma expressão de indagação, são tudo o que alguém precisa ser!

Poema denso de implicações de como nos vemos e gostaríamos que nos vissem e recordassem: … Rosto fotografado por lembrança — / na minha opinião, a meu ver, / devem permanecer um prazer., faz-nos pensar se melhor será a neutralidade expressiva com quem nos cruzamos, ou a ilusória transparência da alma num rosto que chamamos de “comunicativo”.

 

A Face

 

“I am not treacherous, callous, jealous, superstitious,

supercilious, venomous, or absolutely hideous”:

            studying and studying its expression,

            exasperated desperation

                        though at no real impass,

                        would gladly break the mirror;

 

when love of order, ardor, uncircuitous simplicity

with an expression of inquiry, are all one needs to be!

            Certain faces, a few, one or two—or one

            Face photographed by recollection—

                        to my mind, to my sight,

                        must remain a delight.

 

in Marianne Moore, Collected Poems, privately printed for the subscribers of The Franklin Library of Pulitzer Prize Classics, USA, 1984.

 

 

Um Rosto

 

“Eu não sou traiçoeira, insensível, ciumenta, supersticiosa,

arrogante, venenosa ou absolutamente hedionda ”:

      estudando e estudando a sua expressão,

       exasperado desespero

               embora sem um verdadeiro impasse,

               de bom grado quebraria o espelho;

 

quando o amor da ordem, ardor, insinuosa simplicidade 

com uma expressão de indagação, são tudo o que alguém precisa ser!

       Certos rostos, poucos, um ou dois — ou um

       Rosto fotografado por lembrança —

              na minha opinião, a meu ver,

              devem permanecer um prazer.

 

Tradução em português de Carlos Mendonça Lopes

Embora o paralelismo da construção sintática e morfológica do poema original se perca em português, fica-nos a originalidade da expressão na interrogação de si perante a sua imagem e o que dela deve transparecer para os outros.

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Pablo Picasso (1881-1973), Girl Before A Mirror, de 1932, pertencente à colecção do MoMA de New York.

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Marianne Moore — Poesia

29 Domingo Set 2013

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Marianne Moore, Richard Avedon

Richard Avedon - Foto de Marianne MoorePara pequena pausa dos leitores do blog hoje apenas transcrevo esta reflexão da poetisa norte-americana Marianne Moore (1887-1972) sobre Poesia, acompanhada de uma sua foto de 1958, suponho, magistral, e onde a personalidade da mulher se adivinha, feita por Richard Avedon (1923-2004).

Poesia

Também não gosto.

Lendo-a, no entanto, com um perfeito desprezo por ela,

                                                           descobrimos

nela, apesar de tudo, um lugar para o genuíno.

Tradução de Carlos Mendonça Lopes

Poetry

I, too, dislike it.

Reading it, however, with a perfect contempt for it, one

                                                          discovers in

it, after all, a place for the genuine.

O poema foi publicado em 1935, se não erro, no livro Selected Poems. Há uma versão mais longa desta reflexão, mas fica para outra oportunidade.

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