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… não procures saber

Por quem o sino toca,

Ele toca por ti.

Por quem os sinos dobram, frase tornada famosa como título de um livro de Ernest Hemingway, e de um filme nele inspirado com Gary Cooper e Ingrid Bergman, é originalmente, no singular, o terminus da meditação XVII de John Donne (1572-1631) em Devotions upon Emergent Occasions (1624), mais tarde adaptada a poema, e que hoje transcrevo acompanhado por uma tradução minha.

Entender a humanidade como um todo e a ela estender o sentido de pertença, é a mensagem perene da meditação de John Donne. em que vale a pena reflectir uma e outra vez. 

Quanto mais a discórdia assombrar os homens e a lei do mais forte ganhar apoio popular, mais necessário se torna lembrar que amigos e inimigos são sempre parte da mesma humanidade e apenas a justiça da igualdade como lei deve prevalecer, seja na sua dimensão individual, seja colectiva. Hoje, e no que à Europa respeita, o Brexit nas suas motivações e consequências está aí para nos fazer meditar.

 

Poem 

No man is an island,

Entire of itself.

Each is a piece of the continent,

A part of the main.

If a clod be washed away by the sea,

Europe is the less.

As well as if a promontory were.

As well as if a manor of thine own

Or of thine friend’s were.

Each man’s death diminishes me,

For I am involved in mankind.

Therefore, send not to know

For whom the bell tolls,

It tolls for thee.

 

 

Poema — Versão em português 

 

Nenhum homem é uma ilha,

Suficiente por si mesmo.

Cada um é um pedaço do continente,

Uma parte do todo.

Se um torrão for arrastado pelo mar,

A Europa não o é menos.

Tal como se um promontório o fosse.

Bem como se a tua própria casa

Ou a de teus amigos o fosse.

A morte de cada homem diminui-me

Pois sou parte da humanidade.

Portanto, não procures saber

Por quem o sino toca,

Ele toca por ti.

 

Versão em português por Carlos Mendonça Lopes

 

Abre o artigo a imagem de um cartoon alusivo ao Brexit publicado na imprensa.