• Autor
  • O Blog

vicio da poesia

Category Archives: Convite à música

Pequena pausa com Satie e um poema de Jorge de Sena

31 Quarta-feira Ago 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à música

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Erik Satie, Jorge de Sena

De entre os poemas que Jorge de Sena (1919-1978) escreveu ouvindo música, e publicou em Arte de Musica, poucos em meu entender penetram no essencial do ouvido como o poema dedicado à música para piano de Erik Satie (1866-1925), e não a uma peça particular como acontece com a generalidade dos poemas do livro.

Enquanto ouço alguma musica de Satie aproveito e transcrevo o poema

ERIK SATIE PARA PIANO

As notas vêm sós por harmonias

como de escalas que se cruzam

em sequências descontínuas de figuras

singelamente acorde surpreendido

de se encontrar num instante pensativo.

São como vagas vindo no perlado

tão diminutas, solitárias mas ligadas

de pura sucessão ocasional

que se rebusca em cálculos descaso

contrário ao hábito de estarem escritas,

ou juntas ou seguidas. Mas é como

se desde sempre este hesitante fluido

houvera de estar pronto a ser pensado

e a soar tranquilo em espaço diminuto

não por ser breve mas por ser silêncio

de uma memória em que a surpresa ecoa

lembranças perpassantes de quanto não foi,

não existiu, não foi vivido e entanto

pungente fere as águas espelhadas

onde de imagens passam vultos claros

em túnicas voando transparentes

e muito curtas sobre membros duros

que dançam devagar a dança juvenil

num salpicar de pés do tempo antigo.

9 Janeiro 72

Podeis aqui ouvir de Erik Satie com Reinbert de Leeuw ao piano: Petite ouverture à danser; Air de l’Ordre; Gnossiennes nº2; e uma das famosas  Gymnopédies, a nº2,

Petite ouverture à danser

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/01+Petite+ouverture+%C3%A0+danser.mp3

Air de l’Ordre

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/05+Air+de+l%27Ordre.mp3

 Gnossiennes nº2

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/15+Gnossiennes+No.+2.mp3

Gymnopédies nº2

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/03+Gymnop%C3%A9die+No.+2.mp3

O poema foi transcrito de Poesia II publicado por Moraes Editores em 1978, onde se reedita Arte de Musica, sendo que o poema com outros nove não consta da primeira edição de Arte de Musica.

Segundo a nota do poeta: o poema não se reporta especialmente a peça alguma, a não ser, talvez às Gymnopédies e às Gnossiennes. Mas depende fortemente das belissimas gravações do pianista Aldo Ciccolini, da obra completa de Satie para piano.

Para continuada vergonha da edição portuguesa, a obra poética completa de Jorge de Sena continua ausente das livrarias.

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

María la portuguesa: Carlos Cano, Amália e um poema de Manuel Machado

28 Domingo Ago 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à música, Poetas e Poemas

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Amália, Carlos cano, Manuel Machado

Enquanto nas terras do sul, embalo-me no espirito e memória do lugar. Vai mar, vai comida, vai paisagem. E poesia em castelhano.

Aproveito para discretear um pouco e partilhar com os leitores o que em Portugal é provavelmente segredo conhecido apenas de alguns: as canções de Carlos Cano (1946 – 2000).

Passaram em Dezembro último 10 anos sobre a morte deste Filho Predilecto de Andaluzia, Carlos Cano, cantautor como dizem os espanhóis, e poeta. Voltou a dar vida a géneros populares se não esquecidos, pelo menos desprezados, tal a copla andaluza.

Da copla escrevia Manuel Machado a Jorge Guillen:

Procura tú que tus coplas / vayan al pueblo a parar e também: y cuando las canta el pueblo, / ya nadie sabe el autor.

Cantou Carlos Cano em El rey Al-Mutamid le dice adiós a Sevilla, o poeta-rei de Sevilha Al-Mutamid, nascido em Beja e governador em Silves, e de quem já aqui deixei poesia. Musicou os poemas de Lorca de Diván del Tamarit, entre uma vasta colecção de fandangos, tangos, boleros, rumbas e outros géneros populares.

María la portuguesa, canção de homenagem a Amália, é uma comovente simbiose do canto andaluz com o fado que aqui podereis ouvir por Carlos Cano sozinho e em dueto com Amália Rodrigues.

Carlos Cano – Maria La Portuguesa

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/01+-+Carlos+Cano+-+Maria+La+Portuguesa.mp3

 

Carlos Cano – María la portuguesa – com Amália

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/12+Carlos+Cano+-+Mar%C3%ADa+la+portuguesa+-+com+Am%C3%A1lia.mp3

 

Para não perder o gosto deixo um poema de Manuel Machado (1874-1947), irmão de António Machado, de cuja poesia já me aproximei aqui no blog.

 O poema, singelo, apenas recomenda a humildade da Poesia perante o povo e as suas tradições:

Que, al fundir el corazón /en el alma popular, / lo que se pierde de nombre / se gana de eternidad.

Agora o poema:

La Copla

Hasta que el pueblo las canta,
las coplas, coplas no son,
y cuando las canta el pueblo,
ya nadie sabe el autor.

Tal es la gloria, Guillén,
de los que escriben cantares:
oír decir a la gente
que no los ha escrito nadie.

Procura tú que tus coplas
vayan al pueblo a parar,
aunque dejen de ser tuyas
para ser de los demás.

Que, al fundir el corazón
en el alma popular,
lo que se pierde de nombre
se gana de eternidad.

Enjoy enquanto a poesia não regressa ao blog com a erudição do costume. Tempo de férias é tempo de preguiçar.

Aí fica esta mão cheia de cancões de Carlos Cano.

El Rey Al-Mutamid dice adios a Sevilla

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/05+El+Rey+Al-Mutamid+dice+adios+a+Sevilla.mp3

La rumba del pai pai

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/01+La+rumba+del+pai+pai.mp3

Habaneras de la Habana

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/02+Habaneras+de+la+Habana.mp3

Cueca de los querubines

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/03+Cueca+de+los+querubines.mp3

Sevillanas de Chamberi

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/04+Sevillanas+de+Chamberi.mp3

Me llaman sudaca

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/05+Me+llaman+sudaca.mp3

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Cielito Lindo num poema de Ángel González

20 Sábado Ago 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à música, Poetas e Poemas

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Angél Gonzalez

De vilegiatura por terras do SE algarvio, as memórias são inevitáveis, e a proximidade de Espanha traz a familiaridade de uma vida com as gentes e a cultura.

Na infância, nestas remotas terras isoladas do pais, onde a radio apenas chegava a espaços e com fraco sinal, as emissoras de Espanha eram omnipresentes e inevitavelmente cresci ouvindo as canções que ali passavam. Estou por tal forma impregnado delas que ouvi-las traz-me de volta o perfume dos tempos encantados.

Os acasos da leitura de poesia, que por estes dias é em castelhano, fizeram-me encontrar um poema de Ángel González (1925-2008), Canción, glosa y cuestiones, onde ecoa uma dessas canções, Cielito Lindo, na ironia saborosa do grande poeta.

Canción, glosa y cuestiones

Ese lugar que tienes,
cielito lindo,
entre las piernas,
ese lugar tan íntimo
y querido
És un lugar común.

Por lo citado y por lo concurrido.

Al fin, nada me importa:
me gusta en cualquier caso.

Pero hay algo que intriga.

Cómo
solar tan diminuto
puede ser compartido
por una poblatión tan numerosa?

Qué estatutos regulan el prodigio?

A canção deu a volta ao mundo na voz de Nat King Cole, mas é outra a versão familiar da minha infância, e essa, é cantada por um trio masculino, Los 3 Paraguaios.

Deixo-vos com ela:

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Fabulosos+3+Paraguayos+Lo+Mejor+de+los+Fabulosos+Tres+Paraguayos+04+Cielito+Lindo.mp3

Nota talvez necessária: Cielito lindo é uma forma de tratamento carinhosa para alguém de quem gostamos.

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Prévert, Les Feuilles Mortes e Juliette Greco

07 Domingo Ago 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à música, Poetas e Poemas

≈ 1 Comentário

Etiquetas

carlos mendonça lopes, Erwin Blumenfeld, Jacques Prévert, Juliette Greco

Alguns poemas encontram na musica a forma de chegar ao coração dos homens. Um deles, Les Feuilles Mortes de Jacques Prévert, companhia inseparável do meu cancioneiro, aqui recordo na voz de Juliette Greco, incluindo uma tradução literal que arrisco, uma vez que o desconhecimento do francês é hoje generalizado.

Les Feuilles Mortes na voz de Juliette Greco

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/01+-+Les+feuilles+mortes.mp3

” Les Feuilles Mortes “
Jacques Prévert – 1945

Oh ! je voudrais tant que tu te souviennes/Oh! queria tanto que te recordasses
Des jours heureux où nous étions amis./dos dias felizes quando éramos amigos.
En ce temps-là la vie était plus belle,/Nesse tempo a vida era mais bela,

Et le soleil plus brûlant qu’aujourd’hui./ e o sol mais brilhante que hoje.
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle./As folhas mortas agarram-se à pá.
Tu vois, je n’ai pas oublié…/Vês, não esqueci…
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,/ As folhas mortas agarram-se à pá,
Les souvenirs et les regrets aussi/as recordações e os remorsos também
Et le vent du nord les emporte/e o vento norte norte transporta-os
Dans la nuit froide de l’oubli./na noite fria do esquecimento.
Tu vois, je n’ai pas oublié/ Vês, não esqueci
La chanson que tu me chantais./a canção que tu me cantavas.

[Refrain:]
C’est une chanson qui nous ressemble./É uma canção que nos semelha.
Toi, tu m’aimais et je t’aimais/ Tu, tu me amavas e eu te amava
Et nous vivions tous deux ensemble,/e viviamos os dois juntos,
Toi qui m’aimais, moi qui t’aimais./ tu que me amavas, eu que te amava.
Mais la vie sépare ceux qui s’aiment,/Mas a vida separa os que se amam,
Tout doucement, sans faire de bruit/docemente, sem fazer ruido
Et la mer efface sur le sable/e o mar apaga na areia
Les pas des amants désunis./os passos dos amantes desunidos.

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,/ as folhas mortas agarram-se à pá,
Les souvenirs et les regrets aussi/ as recordações e os remorsos também
Mais mon amour silencieux et fidèle/mas o meu amor silencioso e fiel
Sourit toujours et remercie la vie./continua a sorrir e agradece à vida.
Je t’aimais tant, tu étais si jolie./Amava-te tanto, eras tão bonita.
Comment veux-tu que je t’oublie ?/Como queres que te esqueça?
En ce temps-là, la vie était plus belle/ Nesse tempo, a vida era mais bela
Et le soleil plus brûlant qu’aujourd’hui./e o sol mais ardente que hoje.
Tu étais ma plus douce amie/ Eras a minha mais doce amiga
Mais je n’ai que faire des regrets/mas não tenho senão que lamentar
Et la chanson que tu chantais,/e a canção que cantavas,
Toujours, toujours je l’entendrai !/sempre, sempre a ouvirei!

Poema todo ele de melancolia, em que o outono dos amores e da vida se cruza com as folhas caídas, e o vento norte nos transporta pela noite fria do esquecimento, ouvir este Les Feuilles Mortes na voz de Juliette Greco é uma emoção repetidamente saboreada. Tanta vida naquela voz.

Voz que noutra canção nos guia nos segredos dos preliminares do amor, ao cantar Desabillez-moi.

Desabillez-moi na voz de Juliette Greco

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/10+-+Deshabillez-moi.mp3

Sendo uma canção que toda a vida a artista cantou, quando jovem há uma veemência que bem passados os oitenta (nasceu em 1927), tem o sabor dos vinhos amadurecidos com o tempo.

No final de 2009, quando se apresentou no CCB, arriscou cantar esta canção. Antes teve o cuidado de alertar a audiência para a consciência que tinha da estranheza de interpretar semelhante canção nesta idade da vida.

Foi um dos momentos mais comoventes do concerto, sentir aquela audiência quase toda formada por gente a quem há muito a juventude escapou, vibrar num frémito de recordação de prazeres talvez perdidos, ou apenas sonhados.

É a voz o veículo destas emoções, e quando não envelhece, a experiência torna-a na evidência do sublime.

Na memória desse concerto escrevi este  relato

Deshabillez-moi

C’est la belle Juliette qui chante.

Ouvimos, olhamos, e não nos libertamos mais.

Canta-nos na cabeça no mais inesperado dos momentos.

Os olhos, do tamanho do mundo, revelam os mistérios do amor.

O gesto,

o braço levantado,

a figura de negro até aos pés

transporta mais erotismo que uma striper em palco.

A voz, talvez rouca,

desencadeia tempestades

onde a razão se perde

E vamos ao fundo do abismo para a não perder.

Depois canta “j’arrive”

e é a morte que nos visita

Na dor da despedida e da perda.

O teatro da voz é mais verdadeiro que a vida.

Façamos agora uma pequena volta por quase 50 anos de interpretações felizmente conservadas,  pour notre bonheur, com um pequeno grupo de canções com Paris em fundo e um perfume de acordeon, num balanço reminiscente de bal musette, que estiveram na origem do mito da boémia parisiense de final dos anos 50 e anos 60.

Paris-Canaille na voz de Juliette Greco

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/08+-+Paris+Canaille.mp3

Sous le ciel de Paris na voz de Juliette Greco

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/03+-+Sous+le+ciel+de+Paris.mp3

Il n’y a plus d’après na voz de Juliette Greco

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/03+-+Il+n%27y+a+plus+d%27apres.mp3

Accordeon na voz de Juliette Greco

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/09+-+Accordeon.mp3

 

Tenha valido a pena o passeio, espero.

Nota: A fotogravura de Juliette Greco que ilustra o artigo é de Erwin Blumenfeld, 1951.

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Três canções de Elvis Presley

31 Terça-feira Maio 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à música

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Elvis Presley

Tal como a roda, depois de inventada não mais desaparece, assim algumas canções: uma vez concebidas passam a fazer parte do mundo, do nosso mundo quando as conhecemos. Nestas visitas ao baú aparecem uma vez por outra. Não será o caso destas interpretações de Elvis Presley, mas ouvi-las traz um frémito de adolescência a qualquer idade, sobretudo este Are you lonesome tonight (1960).

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Elvis+Presley+-+Are+you+lonesome+tonight.mp3

Funcionando como a outra parte de um díptico,  It’s now or never (1960)  versão de O sole mio, transporta não já a pergunta, mas insta, com a urgência de ou tudo ou nada: be mine to night … my love won’t wait.

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Elvis+Presley+-+It%27s+now+or+never.mp3

Mais que canções foram convites explícitos ao amor, e a partir de 1960, levaram adolescentes ao rubro. São canções que moldaram socialmente o mundo, numa extensão inapreciável hoje, por quem apanhou o comboio da vida depois do make love not war, ou noutra versão, como encontrei escrito na contra-capa de um disco em vinyl de meados dos anos 60: no money, no war … paz, amor e liberdade.

Para completar a curta viagem acrescento Love me tender (1956), o que permitirá ver o caminho percorrido em tão pouco tempo na explicitação do desejo, no texto destas canções para teenagers. Em Love me tender o desejo reveste formulações de juras de amor eterno, e quatro anos depois passamos a uma explicita conversa de travesseiro.

 

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Elvis+Presley+-+Love+me+tender.mp3

As letras das canções estão disponíveis em muitos sites na net pelo que me dispenso de as acrescentar aqui.

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Paisagens: música de John Cage e pintura de Paul Klee

21 Sábado Maio 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Convite à música

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

John Cage, Paul Klee

Convido os visitantes do blog a ouvir a musica de John Gage (1912-1992) enquanto olham a pintura de Paul Klee (1879-1940).

Da música para piano preparado de John Cage (1912-1992) escolhi In a landscape na interpretação de Stephen Drury. A peça foi composta em 1948. Outros, que não eu, falarão com propriedade técnica desta música. Eu, enquanto ouvinte, embalo-me na paz da sua atmosfera e ouço-a, em repetição, horas sem fim.

John Cage (1912-1992) – In a landscape para piano preparado

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Jonh+Gage+In+a+Landscape.mp3

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Os treze anos – o poema de António Feliciano de Castilho e a voz de Amália

11 Quarta-feira Maio 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à música, Poesia Antiga

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Amália, António Feliciano de Castilho

Neste passeio pela poesia dos românticos faço hoje paragem em António Feliciano de Castilho (1800 – 1875) acompanhado de Amália Rodrigues.

A personalidade literária e humana do poeta é de tal forma gigantesca e o domínio que exerceu sobre o panorama literário português e brasileiro nos 50 anos da vida activa foi tal, que seria estulticia pretender abordá-lo em poucas linhas. Lá virá com o cuidado que merece.

Hoje apenas transcrevo na integra o poema OS TREZE ANOS, cantilena como o autor sub-titulou, composto aos 40 anos, em 1840, e que Amália cantou parcialmente como Pedro Gaiteiro com a musica de Alain Oulman.

Pedro Gaiteiro na voz de Amália

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Am%C3%A1lia+Rodrigues+Maldi%C3%A7%C3%A3o+02+pedro+gaitero.mp3

OS TREZE ANOS

 Cantilena

Hortas da calçada do duque, Páscoa do espírito santo de 1840

Já tenho treze anos, / Que os fiz por Janeiro:

Madrinha, casai-me, / Com Pedro gaiteiro.

 

Já sou mulherzinha; / Já trago sombreiro;

Já bailo ao domingo / Co’as mais no terreiro.

 

Já não sou Anita, / Como era primeiro,

Sou a senhora Ana, / Que mora no outeiro.

 

Nos serões já canto, / Nas feiras já feiro,

Já não me dá beijos / Qualquer passageiro.

 

Quando levo as patas, / E as deito ao ribeiro,

Olho tudo à roda / De cima do outeiro,

 

E só se não vejo / Ninguém pelo arneiro,

Me banho co’as patas / Ao pé do salgueiro.

 

Miro-me nas águas / Rostinho trigueiro,

Que mata d’amores / A muito vaqueiro.

 

Miro-me olhos pretos / E um riso fagueiro,

Que diz a cantiga / Que são cativeiro.

 

Em tudo, madrinha, / Já por derradeiro

Me vejo mui outra / Da que era primeiro.

 

O meu gibão largo / D’arminho e cordeiro

Já o dei à neta / Do Brás cabaneiro,

 

Dizendo-lhe – Toma / Gibão domingueiro,

D’ilhoses de prata, / D’arminho e cordeiro.

 

A mim já me aperta, / E a ti te é laceiro;

Tu brincas co’as outras, / E eu danço em terreiro.

 

Já sou mulherzinha, / Já trago sombreiro;

Já tenho treze anos, / Que os fiz por Janeiro.

 

Já não sou Anita, / Sou a Ana do outeiro;

Madrinha, casai-me, / Com Pedro gaiteiro.

 

Não quero o sargento, / Que é muito guerreiro,

De barbas mui feras, / E olhar sobranceiro.

 

O mineiro é velho; / Não quero o mineiro:

Mais valem treze anos / Que todo o dinheiro.

 

Tão pouco me agrado / Do pobre moleiro,

Que vive na azenha / Como um prisioneiro.

 

Marido pretendo / De humor galhofeiro,

Que viva por festas, / Que brilhe em terreiro.

 

Que em ele assomando / Co’o tamborileiro,

Logo se alvorote / O lugar inteiro.

 

Que todos acorram / Por vê-lo primeiro;

E todas perguntem / Se ainda é solteiro.

 

E eu sempre com ele, / Romeira e romeiro,

Vivendo de bodas, / Bailando ao pandeiro.

 

Ai, vida de gostos! / Ai céu verdadeiro!

Ai Páscoa florida, / Que dura ano inteiro!

 

Da parte, madrinha, / De Deus vos requeiro;

Casai-me hoje mesmo / Com Pedro Gaiteiro.

 

OS TREZE ANOS foi publicada em 1844 no livro Escavações Poéticas, livro que o próprio autor chama no prólogo … um museu de fragmentos desconexos.

Num poema em que o autor faz correr a inspiração para um retrato de adolescente, a sua versificação sem mácula ganha um sabor genuinamente popular.

OS TREZE ANOS não é um poema representativo da obra poética de António Feliciano de Castilho (1800 – 1875), embora estas criações de aparente desenfado surjam uma  vez por outra entre os diversos exercícios poéticos a que se entrega, pretendendo plasmar em português uma arte poética solidamente teorizada.

Noutra ocasião à sua poesia voltarei.

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Os anos 50 e algumas canções menos ouvidas

11 Segunda-feira Abr 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à música

≈ Deixe um comentário

 

 

Os jovens agora nos setenta e mais anos tiveram na adolescência, como todas as gerações, aventuras, amaram, mas sobretudo viveram o nascimento do que hoje conhecemos como musica pop.

Para lá do rock n’roll, surgiram nessa época as musicas que permitiram socialmente, e pela primeira vez em séculos, ao dançar, sentir as curvas do corpo do par.

Foram aquelas canções melodiosas, que ainda hoje comovem qualquer alma sensível, a operar o prodígio, e foram elas, também, o motor de tantas aventuras amorosas por esse mundo. Há anos alguém se interrogava sobre quantas crianças tinham sido concebidas ao som da voz de Frank Sinatra. É um pouco o mesmo com estas outras canções de que falo.

Umas são arqui-conhecidas e não vou ocupar espaço do blog com elas. Deixo, por isso, algumas que conheceram um menor favor das gerações seguintes.

Sobre os interpretes a Wikipedia fornece informação extensa e fiável. Vamos por isso às canções.

– My Future Just Passed na voz de Carmen McRae, gravada em 1955 e saida no LP Torcky

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Carmen+McRae+-+My+Future+Just+Passed.mp3

– It’s almost tomorrow – primeiro o sucesso de 1955 com os seus criadores: The Dream Weavers

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/The+Dream+Weavers+-+It%27s+almost+tomorrow.mp3

e a seguir a voz quente de Jo Stafford também sucesso, embora menor, em 1955.

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Jo+Stafford+-+It%27s+Almost+Tomorrow.mp3

Por fim Pretend com  a versão que Eileen Barton cantava quando nasci.

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Eileen+Barton+-+Pretend.mp3

Pretend you’re happy when you’re blue

It isn’t very hard to do

And you’ll find happiness without an end

Whenever you pretend.

Remember anyone can dream

And nothing’s bad as it may seem

The little things you haven’t got

Could be a lot if you pretend

You’ll find a love you can share

One you can call all your own

Just close your eyes, (s)he’ll be there

You’ll never be alone.

And if you sing this melody

You’ll be pretending just like me

The world is mine, it can be yours, my friend

So why don’t you pretend?

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

A Primavera anuncia-se em Lisboa e um soneto de Cecília Meireles

02 Quarta-feira Mar 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à música, Poetas e Poemas

≈ 2 comentários

Etiquetas

Cecilia Meireles, Frühlingsstimmen, Herbert von Karajan, Johann Strauss, Katleen Battle, Vozes da Primaver

Pondo fim ao tempo em que  A chuva chove mansamente … como um sono , a primavera anuncia-se subitamente em Lisboa, e as árvores explodem em flor.

Evoco o soneto de Cecília Meireles (1901 – 1964) a contrario, ou seja, para deixar para trás tudo o que ele convoca.

A chuva chove mansamente … como um sono

que tranquilize, pacifique, resserene…

A chuva chove mansamente… Que abandono!

A chuva é a musica de um poema de Verlaine…

 

E vem-me o sonho de uma véspera solene,

em certo paço, já sem data e já sem dono…

Véspera triste como a noite, que envenene

a alma, evocando coisas líricas de outono…

 

num velho paço, muito longe, em terra estranha,

com muita névoa pelos ombros da montanha…

paço de imensos corredores espectrais,

 

onde murmurem velhos órgãos árias mortas,

enquanto o vento, estrepitando pelas portas,

revira in-fólios, cancioneiros e missais…

 

Soneto imbuído de atmosfera musical, é outra a musica que quero lembrar, e não

… o sonho de uma véspera solene/ … / Véspera triste como a noite, que envenene / a alma…/ …/ velho paço…/ … / onde murmurem velhos orgãos árias mortas, / enquanto o vento, estrepitando pelas portas, / revira in-fólios, cancioneiros e missais…

Ouçamos, pois, a atmosfera festiva de Vozes da Primavera para estrear uma nova forma de ouvir musica no blog.

Frühlingsstimmen op. 410 (Vozes da Primavera), valsa de Johann Strauss (1825 – 1899) tocada pela Orquestra Filarmónica de Viena no Concerto de Ano Novo de 1987.

Dirige a orquestra Herbert von Karajan e a parte solista é cantada por Katleen Battle, Soprano, que na altura surgiu esplendorosa, em vermelho, entre as flores que decoravam o palco.

https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/viciodapoesiamedia/Karajan+(1987)+-+Johann+Strauss-+Fr%C3%BChlingsstimmen+op.+410.mp3

Para Solombra (1963), último livro publicado em vida da poetisa, fez Julio Pomar 4 ilustrações magníficas, a evidenciar o corta estético do pintor com o neo-realismo.

Pode, seguindo este link, saber mais sobre Cecília Meireles

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...
Newer posts →

Visitas ao Blog

  • 2.348.883 hits

Introduza o seu endereço de email para seguir este blog. Receberá notificação de novos artigos por email.

Junte-se a 894 outros subscritores

Página inicial

  • Ir para a Página Inicial

Posts + populares

  • Fernando Pessoa - Carta da Corcunda para o Serralheiro lida por Maria do Céu Guerra
  • As três Graças - escultura de Canova e um poema de Rufino
  • Pelo Natal com poemas de Miguel Torga

Artigos Recentes

  • Sonetos atribuíveis ao Infante D. Luís
  • Oh doce noite! Oh cama venturosa!— Anónimo espanhol do siglo de oro
  • Um poema de Salvador Espriu

Arquivos

Categorias

Create a free website or blog at WordPress.com.

Privacy & Cookies: This site uses cookies. By continuing to use this website, you agree to their use.
To find out more, including how to control cookies, see here: Cookie Policy
  • Subscrever Subscrito
    • vicio da poesia
    • Junte-se a 894 outros subscritores
    • Already have a WordPress.com account? Log in now.
    • vicio da poesia
    • Subscrever Subscrito
    • Registar
    • Iniciar sessão
    • Denunciar este conteúdo
    • Ver Site no Leitor
    • Manage subscriptions
    • Minimizar esta barra
 

A carregar comentários...
 

    %d