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Elogio do Homem – fragmento de Antígona de Sófocles

18 Segunda-feira Ago 2014

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poesia Antiga

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Antígona, Grécia, Irmãos Limbourg, Sófocles

Très Riches Heures 06Assistimos hoje, nas tragédias aéreas e outras em que mortes acontecem, à angústia e ansiedade dos familiares das vítimas em recuperar os corpos dos seus e providenciar-lhes sepultura. É algo que parece uma necessidade humana interior, e funciona com castigo insuportável ser impedido de o fazer.

Essa é a motivação de Antígona na tragédia do mesmo nome de Sófocles (497/6-406/5 a.C.) ao desobedecer à ordem de Creonte, dando sepultura ao irmão morto, e com isso enfrentando o castigo de ser emparedada viva.

Além da terrível consequência pessoal com origem na motivação afectiva, são vastas para o homem enquanto ser social as implicações que atravessam o conflito vivido no desenrolar da tragédia.

Confrontam-se nela a fonte do poder e o seu exercício, a necessidade de obediência à lei para a estabilidade de uma sociedade organizada, e os limites da vontade de quem manda, exigindo o equilíbrio entre exercício legítimo de poder e arbítrio.

Pelo meio temos, numa fala do coro que permanece entre os mais famosos poemas do legado grego, o registo de quanto o ser humano é capaz, recordando no final que apenas a morte nos faz parar.

Très Riches Heures 03Como refere Maria Helena da Rocha Pereira (MHRP) em nota à sua tradução que abaixo transcrevo, na ode o coro celebra as conquistas do homem: a navegação, a agricultura, a caça, a pesca, a domesticação dos animais, a fala, o pensamento, a política, a construção de casas, a medicina.

De então para cá, se o essencial das conquistas que propiciam a continuidade da espécie se mantém, é sobretudo na luta contra a doença que nos nossos dias as aptidões humanas se mostram mais efectivas, e seriam permanente motivo de espanto e admiração se por pouco parássemos a olhar para trás, sem necessidade de recuar muito no tempo.

Très Riches Heures 09O texto de Antígona (442 a.C.) de Sófocles tem feito correr rios de tinta, ocupado pensadores, e estimulado a criação artística. Leitores curiosos encontram em Antigonas de George Steiner um panorama desta vastidão. Acresce que a peça é de leitura compulsiva e de avassalador efeito, pelo menos na tradução de MHRP.

Termino citando Ruy Belo num poema que há pouco tempo trouxe ao blog:

O desafio de antígona e de prometeu

é hoje ainda o nosso desafio

embora como um rio o tempo haja corrido

Do sono da desperta Grécia  vv. 27-29

Très Riches Heures 10Se já referi a tradução de MHRP, que mais à frente virá, fazendo justiça ao poema com uma fiel tradução a partir do grego, começo  no entanto, com uma outra versão, pela mão da inspiração poética de David Mourão-Ferreira:

 

Elogio do Homem

 

Inúmeras são do mundo as maravilhas,

mas nenhuma que ao homem se compare:

é vê-lo sobre as ondas, entre as ilhas,

as águas percorrer do branco mar;

ou é vê-lo, diante da mãe-Terra,

sem pausa revolvê-la com seus potros,

fazendo que dos grãos que a terra encerra

em frutos se desdobrem todos, todos!

 

Ele, só, captura com seus laços,

ou com redes que faz entrelaçadas,

os pássaros ligeiros dos espaços,

os peixes que se ocultam entre as vagas…

E consegue os cavalos ir domando,

adrede utilizando suas manhas;

ao bicho mais feroz torná-lo manso,

como acontece ao touro das montanhas.

 

Sob tectos, se abriga da friagem;

sob tectos, das chuvas inclementes…

E vede: o pensamento, a linguagem

sua conquista são exclusivamente.

É o Ser dos recursos infindáveis:

até contra o futuro se faz forte;

e cura-se de males incuráveis…

Aquilo que o detém? Somente a Morte.

 

Antígona vv. 332-62

 

Tradução de David Mourão-Ferreira in Vozes da poesia europeia – I

Très Riches Heures 07E agora a tradução da Prof. Rocha Pereira:

 

Coro

 

Muitos prodígios há: porém nenhum

maior do que o homem.

Esse, co’o sopro invernoso do Noto (1),

passando entre as vagas

fundas como abismos,

o cinzento mar ultrapassou. E a terra

imortal, dos deuses a mais sublime,

trabalha-a sem fim,

volvendo o arado, ano após ano,

com a raça dos cavalos laborando.

 

E das aves as tribos descuidadas,

a raça das feras,

em côncavas redes

a fauna marinha, apanha-as e prende-as

o engenho do homem.

Dos animais do monte, que no mato

habitam, com arte se apodera;

domina o cavalo

de longas crinas, o jugo lhe põe,

vence o touro indomável das alturas.

 

A fala e o alado pensamento,

as normas que regulam as cidades

sozinho aprendeu;

da geada do céu, da chuva inclemente

e sem refúgio, os dardos evita,

de tudo capaz.

Na vida não avança sem recursos.

Ao Hades somente

não pode fugir.

De doenças invencíveis os meios

de escapar já com outros meditou.

 

Da sua arte o engenho subtil

p’ra além do que se espera, ora o leva

ao bem, ora ao mal;

se da terra preza as leis e dos deuses

na justiça faz fé, grande é a cidade;

mas logo a perde

quem por audácia incorre no erro.

 

(1) vento sul

 

Fragmento de Antígona, vv. 332-371

 

Sófocles, Antígona, 3ª edição, INIC, Coimbra, 1992.

Très Riches Heures 02Acompanham o artigo algumas das iluminuras dos irmãos Limbourg para o livro Les Très Riches Heures du Duc de Berry (1416) dando conta de tarefas do calendário agrícola: sementeiras, colheitas, vindima.

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Dos Deveres em política — um poema de Salvador Espriu

15 Sexta-feira Ago 2014

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas, Prosa

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Cícero, Grécia, Platão, Salvador Espriu

Ambrogio LORENZETTI - efeitos do bom governo na cidade 1

Terá talvez havido um tempo em que a política era entendida generalizadamente como o serviço dos outros. É escassa a memória histórica de tal. Mas lembrar o que deve ser nunca é perda de tempo. Escreveu-o o romano Cícero (106-43 a. C.) em Dos Deveres com quem inicio o artigo, citando o grego Platão (428/7-328/7a. C.),  e lembra-o Salvador Espriu (1913-1985), o poeta catalão, de quem depois transcrevo o poema XXIV de A Pele de Touro em tradução de Manuel de Seabra.

 

... os que se preparam para governar a república ( Res publica) devem observar dois preceitos de Platão. Um é que devem cuidar tanto dos interesses dos seus concidadãos que todos os seus actos se devem aferir por esta medida, esquecendo o seu próprio bem-estar; o outro, é que cuidem de todo o corpo da Res publica, a fim de, ao tratarem de uma parte, não abandonarem as restantes. Pois tal como a tutela, assim a administração da Res publica deve ser conduzida, não para vantagem daqueles a quem está entregue, mas daqueles que lhes foram confiados.

(Cícero, Dos Deveres I.25.85)

 

A Pele de Touro — poema XXIV

 

Se te chamam a guiar

um breve momento

do caminhar milenário

das gerações,

afasta o oiro,

o sono e o nome.

Também a pompa

vã das palavras,

a vergonha do ventre

e das honrarias.

Imporás

a verdade

até à morte,

sem a ajuda

de nenhum consolo.

Não esperes nunca

deixar lembrança,

porque és apenas

o mais humilde

dos servidores.

O desvalido

e o que sofre

sempre serão

os teus únicos senhores.

Excepto Deus,

que te pôs

debaixo dos pés

de todos.

 

Salvador Espriu, A Pele de Touro, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1975.

 

O fragmento de Cícero, em tradução de Maria Helena da Rocha Pereira, foi transcrito de Romana, Antologia da Cultura Latina, 6ª edição aumentada, Babel, Lisboa, 2010.

A obra encontra-se integralmente traduzida em Edições 70, Lisboa.

 

Abre o artigo uma imagem do fresco de Ambrogio Lorenzetti (c. 1290-1348), Alegoria do Bom e do Mau Governo, no Palácio Cívico de Siena, mostrando os efeitos do bom governo na vida da cidade.

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Cleantes de Assos — Hino a Zeus

11 Segunda-feira Ago 2014

Posted by viciodapoesia in Poesia Antiga, Poesia Grega

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Cleantes de Assos, Grécia, Peter Paul Rubens

Anónimo - atribuido a Rubens - Hercules FarneseAProvavelmente, para o ser humano que pensa, o mais difícil é aceitar quanto o seu conhecimento do mundo será sempre apenas parcial, e nessa medida, a verdade que o conduz será sempre vulnerável ao que não sabe e desconhece. É esta a limitação que introduz incerteza nas nossas vidas e leva ao conceito de algo absoluto, exterior a nós, onde as dúvidas não existem. O que no caso dos gregos antigos é o conceito de Zeus, deus de poder absoluto que tudo sabe e à sua semelhança fez o homem:

 

Em ti está a nossa origem; a sorte de ser a imagem de um deus,

só a nós coube, entre tantos seres mortais que vivem e rastejam sobre a terra.

 

Cito parte da reflexão que o filósofo estóico Cleante de Assos (séc. IV-III a. C.) desenvolve no Hino a Zeus, único texto seu com dimensão chegado até nós, e que a seguir transcrevo em tradução de Maria Helena da Rocha Pereira.

 

É um conceito de um deus regulador que o poema desenvolve, a quem se pede a salvação dos homens da ignorância, e lhes conceda a sabedoria que permite viver com honra:

 

salva os homens da funesta ignorância,

sacode-a, ó pai, da sua alma, concede-lhes que obtenham

a sabedoria com cujo apoio tudo governas com justiça,

a fim de que, honrados, te correspondamos com honra,

 

Pelo meio é dada conta dos comportamentos daqueles para quem esta vontade sobrenatural não faz lei:

 

São eles mesmos, insensatos, que se precipitam cada um para seu mal,

uns com uma pressa funesta de alcançar fama,

outros voltados para a ganância desordenada,

outros ainda para a licença e os doces prazeres físicos;

 

É de novo um entendimento do divino como regulador de comportamentos que aqui lemos, como também já acontecia com o fragmento de teatro filosófico de Crítias que em artigo anterior transcrevi. Mas em Cleantes encontramos não a fala de um ateu, mas um crente agradecido pois entende-se feito à imagem do deus, no que é a invenção maior da mitologia grega.

 

Cleantes de Assos (séc. IV-III a. C.)

 

Hino a Zeus

 

Ó mais glorioso dos imortais, deus de muitos nomes e sempre poderoso,

Zeus, senhor da natureza, que tudo governas com leis,

salve! Pois a todos os mortais é lícito falar-te.

Em ti está a nossa origem; a sorte de ser a imagem de um deus,

só a nós coube, entre tantos seres mortais que vivem e rastejam sobre a terra.

Por isso te entoarei um hino e cantarei sempre o teu poder.

A ti obedece todo este mundo que gira em torno da Terra,

por onde quer que o leves, e de boa mente te é submisso.

Seguras nas invictas mãos, como teu servidor,

o raio incandescente e de dois gumes, sempre vivo.

Sob o seu impulso, caminha toda a obra da natureza:

com ele diriges a tua Palavra universal, que passa através de tudo,

misturando-se com o astro luminoso maior, e também com os menores.

Não se faz sobre a terra obra alguma sem ti, ó deus,

nem sobre o etéreo pólo divino, nem sobre o mar,

excepto os actos dos malvados na sua demência.

Mas tu sabes ajustar mesmo o que é discordante

e ordenar o que é caótico, e ódio em ti é amor.

E assim harmonizaste tudo o que é nobre com o que é vil, numa só unidade,

de modo a originar uma Palavra eterna de tudo,

a que fogem aqueles dos mortais que são inferiores,

insensatos, sempre a almejar a posse do bem,

sem verem nem atenderem à lei universal do deus,

em cuja obediência seriam connosco felizes.

São eles mesmos, insensatos, que se precipitam cada um para seu mal,

uns com uma pressa funesta de alcançar fama,

outros voltados para a ganância desordenada,

outros ainda para a licença e os doces prazeres físicos;

procedem sem pensar, arrastados de um lado para o outro,

apressando-se com vigor para que suceda o contrário dos teus desejos.

Mas ó Zeus remunerador de tudo, senhor das nuvens negras e do raio coruscante,

salva os homens da funesta ignorância,

sacode-a, ó pai, da sua alma, concede-lhes que obtenham

a sabedoria com cujo apoio tudo governas com justiça,

a fim de que, honrados, te correspondamos com honra,

cantando sem cessar as tuas obras, como cumpre

a um mortal, já que, nem para homens nem para deuses,

há maior honra do que celebrar sempre a tua lei universal.

 

in Hélade, 8ªedicao, Edições Asa, 2003.

 

Abre o artigo um desenho anónimo, atribuido a Peter Paul Rubens (1577-1640) conhecido como o Hércules Farnese.

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Ruy Belo — a interrogação define a nossa livre condição

07 Quinta-feira Ago 2014

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Grécia, Ruy Belo

IMG_20130520_155832 B

Em síntese, apanágio da poesia, Ruy Belo (1933-1978) dá conta no poema Do sono da desperta Grécia, de quanto somos devedores hoje, da herança grega:

 

… / Em busca da verdade o homem chega / às noções de justiça e liberdade / …

 

Poderia citar todo o poema, o que era evidentemente uma redundância. Destaco apenas alguns versos que pela penetração da ideia e formulação poética, se tornam exemplares:

 

… / Pela primeira vez o homem se interroga / sem livro algum sagrado sob a sua inteligência / …

 

… E nós ainda hoje nos interrogamos / a interrogação define a nossa livre condição / …

 

Sobre a herança cultural diz o poeta:

 

… sófocles roubando / aos dias desse tempo intemporais conflitos / chegados até nós na força do teatro

 

… / e a tragédia a arte o pensamento / desvendam o destino a divindade o universo / …

 

… / O desafio de antígona e de prometeu / é hoje ainda o nosso desafio / embora como um rio o tempo haja corrido / …

 

A eles irei, a Antígona e a Prometeu Agrilhoado, por estes dias.

 

Antes de vos deixar, acrescento a tradução que Maria Helena da Rocha Pereira (MHRP) fez do Epitáfio das Termópilas de Simónides de Ceos (séc VI-V a. C.) incluído no poema, a qual evidencia a diferença entre uma aproximação literal e a aproximação poética ao original noutra língua:

 

“Diz em lacedemónia ó estrangeiro

que morremos aqui para servir a lei”

 

escreveu o poeta. E agora a tradução de MHRP (frg. 92 Diehl):

 

Estrangeiro, vai contar aos Lacedemónios que jazemos

      aqui, por obedecermos às suas normas.

 

in Helade, 8ª edição, ASA Editores, 2003.

 

Do sono da desperta Grécia

 

Nenhuma voz em esparta nem no oriente

se dirigira ainda aos homens do futuro

quando da acrópole de atenas péricles hierático

falou: “ainda que o declínio as coisas

todas humanas ameace sabei vós ó vindouros

que nós aqui erguemos a mais célebre e feliz cidade”

Eram palavras novas sob a mesma

abóbada celeste outrora aberta em estrelas

sobre a cabeça do emissário de argos

que aguardava o sinal da rendição de tróia

e sobre o dramaturgo sófocles roubando

aos dias desse tempo intemporais conflitos

chegados até nós na força do teatro

Apoiada na sua longilínea lança

a deusa atenas pensa ainda para nós

Pela primeira vez o homem se interroga

sem livro algum sagrado sob a sua inteligência

e a tragédia a arte o pensamento

desvendam o destino a divindade o universo

Em busca da verdade o homem chega

às noções de justiça e liberdade

Após quatro milénios de uma sujeição servil

o homem olha os deuses face a face

e desafia a força do tirano

E nós ainda hoje nos interrogamos

a interrogação define a nossa livre condição

O desafio de antígona e de prometeu

é hoje ainda o nosso desafio

embora como um rio o tempo haja corrido

“Diz em lacedemónia ó estrangeiro

que morremos aqui para servir a lei”

“E se esta noite é uma noite do destino

bendita seja ela pois é condição da aurora”

Palavras seculares vivas ainda agora

Uma grécia secreta dorme em cada coração

na noite que precede a inevitável manhã

Poema publicado pela primeira vez em Transporte no Tempo, Livraria Moraes Editores, Lisboa, 1973.

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