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Category Archives: Poesia Japonesa

Vozes femininas na poesia japonesa do século XX

22 Domingo Set 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia Japonesa

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bijinga, Edo, Goyō Hashiguchi, Hashimoto Takako, Inahata Teiko, Katsura Nobuko, Mitsuhashi Takajo, shin-hang, Takeshita Shizunojo, Torii Kotongo, Uda Kiyoko, ukiyo-e, Yoshino Yoshiko

Yoshino Yoshiko (1915)

*

Como quem remenda

peúgas, remendo a mente

e prossigo a vida.

A partir das versões de Haiku japoneses recriados em português por Luísa Freire (ver nota bibliográfica), escolho alguns poemas onde para além do tempo e lugar, uma infinita melancolia passa, e é apenas sentida porque se é humano e as circunstâncias da vida a desencadeiam. São poemas escritos na primeira metade do século XX, e por detrás deles vive a conturbada história do Japão nesse meio século.

Na conhecida multiplicidade de leituras que cada poema permite, lemos quase sempre o contraste entre as vicissitudes do eu e a indiferente vida da natureza, ou então as disposições do espírito sublinhadas por aspectos do mundo natural.

Não têm qualquer ligação com as pessoas das poetisas, as imagens que acompanham os poemas. Representam jovens que, sem dificuldade, podemos associar à vivência das emoções  que os poemas destilam.

Takeshita Shizunojo (1887-1951)

 

*

Meu marido partiu — 

flocos de neve e céu azul

nesta Primavera.

 

*

Cheirando a suor,

aquele povo sem voz —

vou juntar-me a eles.

Hashimoto Takako (1899-1966) 

 

*

O forte nevão —

morro, sem ter descoberto

outras mãos que as do marido.

 

*

Uma lua

e um lago gelado

reflectem-se um ao outro.

 

*

Num dia de neve,

meu corpo no banho — amo tudo,

da cabeça aos pés.

Mitsuhashi Takajo (1899-1972)

 

*

Folhas a cair,

Folhas e folhas caindo

também na minha cama.

 

*

Ali o balão

insuflado de tristeza,

subindo no ar.

 

*

Suas vidas duram

só enquanto estão a arder — 

mulher e pimenta.

 

*

Pelo gelo fino

minha sombra a deslizar

até que mergulha.

Katsura Nobuko (1914)

 

*

Noite de Natal —

desde quando esta tristeza

por estar casada?

 

*

Dois seios entre os ombros

e esta melancolia —

a chuva sem fim.

 

*

Neve na janela —

um corpo faz a água quente

vazar da banheira.

Inahata Teiko (1931)

 

*

Como se a felicidade

esperasse o novo ano

pelo calendário!

 

*

Murmúrio das ondas

a que os narcisos do campo

não dão atenção.

Uda Kiyoko (1935)

 

*

Aperto nos braços

a alma, os seios e tudo o mais

ao chegar Outono.

 

Nota bibliográfica

in O Japão no Feminino II, Haiku, séculos XVII a XX, Assírio & Alvim, Lisboa, 2007.

Organização e versão portuguesa de Luísa Freire, recriadas a partir da versão em inglês de Makoko Ueda, Haiku by Japanese Women: Far Beyond the Field, Columbia University Press, 2003].

Acompanham os poemas imagens de detalhes de gravurs japonesas do século XX conhecida como shin-hanga, de dois dos seus artistas mais representativos, Goyō Hashiguchi (1880-1921), o iniciador do movimento de revivalismo da ukiyo-e do período Edo, e Torii Kotongo (1900-1976), mostrando belas mulheres (bijinga).

A mestria técnica na capacidade de fazer o desenho transmitir emoção, aliada à expressividade que se desprende do rosto e atitudes destas belas mulheres, fazem destas gravuras obras-primas do retrato.

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Alguns poemas de Yosa Buson

03 Terça-feira Set 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia Japonesa

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Hokusai, Yosa Buson

Na infinita variedade poética do haiku japonês, apesar da recorrência dos assuntos, lê-los é sempre um convite à tranquilidade de alma e serenidade do viver:

*

Passeando

cheguei ao fim

do último dia de primavera

 

Encontramos quase sempre em cada poema sentidos múltiplos de leitura. No poema anterior, por exemplo, à tranquilidade com que a vida decorreu associada ao passeando, podemos também ler, tomando primavera como metáfora de juventude, com esta já chegou ao fim e vivê-la foi um tempo agradável.

 

A constância na repetição cíclica de que a natureza dá mostras, e a forma como os homens com ela convivem, salpicados aqui e ali pela realidade social, são a matéria primeira da mão-cheia de haikai de Yosa Buson (1716-1784) que em tempo transpus para português a partir de traduções inglesas, e hoje trago ao blog.

 

Poemas

 

*

Passeando

cheguei ao fim

do último dia de primavera

217

 

*

Os dias vão aumentando

e o passado

cada vez mais longe

116/983

 

*

Ah, que prazer

atravessar um ribeiro no verão

sandálias na mão

318/960

 

*

Trouxe a melancolia do meu coração

ao cimo da colina

para as rosas silvestres em flor

327

 

*

Enquanto contemplo as flores o sol põe-se

estou longe de casa

o caminho continua pelo campo

177

 

*

Ainda há pouco

o vento sussurrava no arroz selvagem

agora está numa fúria invernal

762

 

*

Pereiras em flor

uma mulher lê uma carta

ao luar

205

 

*

Jovem chorão 

devo chamar-te árvore ou erva

deixemos o Imperador dizer

13

 

*

Três tigelas de guisado

e afinal

sentes-te rico

3

 

*

Camponeses lavram os campos

sob os cartazes

anunciadores de novas leis

111

 

Versões de Carlos Mendonça Lopes a partir de traduções inglesas nas edições seguintes:

(1) W. S. Merwin e Takako Lento, Collected Haiku of Yosa Buson, Copper Canyon Press, Washington, 2013.

(2) Traditional Japanese Poetry, translated, with ao introduction, by Steven D. Carter, Stanford University Press, 1991.

A numeração que segue os poemas identifica-os nas edições referidas.

Abre o artigo a imagem de uma gravura de Hokusai (1760-1849), uma das 36 vistas do Monte Fuji, a vista 21.

 

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Matsuo Bashô — 6 Haiku em versão de Casimiro de Brito

28 Sábado Set 2013

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Casimiro de Brito, Kenzo Okada, Matsuo Bashô

Okada_Kenzo-Grey 1970*

Velha cidade silenciosa…

O perfume das flores flutuando

e à noite um sino a cantar.

 **

Na ressaca da maré

pequenas conchas brilhantes

matizadas com pétalas de trevo.

 ***

Purificar, gotas de orvalho

em vossa tão breve água

estas mãos escuras e vivas!

 ****

Silêncio profundo!

Até o cantar dos grilos

está escondido nas rochas…

 *****

Acorda! O céu iluminou-se!

Vamos novamente para a rua

amiga borboleta.

 ******

Ouçam o velho tanque.

O ruído de rãs saltando

em águas onde nadei.

 

Poemas de Matsuo Bashô (1644-1694) em traduções de Casimiro de Brito (1938) publicadas em POEMAS ORIENTAIS, hai-cais, 1958-1963.

Transcritos de Ode & Ceia, Poesia 1955-1984, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1985.

Acompanha esta poesia uma imagem da pintura de Kenzo Okada (1902-1982).

Pesquisando no blog por Haiku, encontrará o leitor curioso outros poemas e também considerações sobre a técnica do Haiku.

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Matsuo Bashö pelas 4 estações — 5 Haiku na Primavera

22 Domingo Set 2013

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Kenzo Okada, Matsuo Bashô

Okada_Kenzo-Untitled 1950 Primavera*

Chuva de flores de ameixeira

Um corvo procura em vão

o seu ninho

 **

A uma papoila

deixa as asas a borboleta

Como recordação

 ***

Lua cheia:

para repousar os olhos

uma nuvem de tempos a tempos

 ****

Flores queimadas pela geada

Os grãos caídos

semeiam a tristeza

 *****

Depressa se vai a primavera

Choram os pássaros e há lágrimas

nos olhos dos peixes

 Versões de Jorge Sousa Braga.

 Transcritos de Matsuo Bashô, O Gosto Solitário do Orvalho, Assírio & Alvim, Lisboa, Maio de 2003.

 Acompanha esta poesia uma imagem da pintura de Kenzo Okada (1902-1982).

 Pesquisando no blog por Haiku, encontrará o leitor curioso outros poemas e também considerações sobre a técnica do Haiku

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Matsuo Bashô pelas 4 estações — 7 Haiku no Inverno

21 Sábado Set 2013

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Kenzo Okada, Matsuo Bashô

Okada_Kenzo-Footsteps 1954 Inverno*

Primeiro aguaceiro de inverno

Meu nome será

vagabundo

 **

Intempérie—

infiltra-se o vento

até na minha alma

 ***

A água é tão fria

como pode a gaivota

adormecer?

 ****

As mãos no lume

…e na parede

a sombra do meu amigo

 *****

Vaivém de fim de ano —

ah este pescador imóvel

que sonha

 ******

Oh anda ver

Uma bola de neve

a arder

 *******

Separados pelas nuvens

dois patos selvagens

dizem-se adeus

 Versões de Jorge Sousa Braga.

 Transcritos de Matsuo Bashô, O Gosto Solitário do Orvalho, Assírio & Alvim, Lisboa, Maio de 2003.

 Acompanha esta poesia uma imagem da pintura de Kenzo Okada (1902-1982).

 Pesquisando no blog por Haiku, encontrará o leitor curioso outros poemas e também considerações sobre a técnica do Haiku.

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Matsuo Bashô pelas 4 estações — 4 Haiku no Outono

14 Sábado Set 2013

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Kenzo Okada, Matsuo Bashô

Okada_Kenzo-Ascent 1961 Outono

*

Outono:

velhos parecem até

os pássaros e as chuvas

 **

Crepúsculo:

as ervas parecem seguir

os rebanhos que recolhem

 ***

Admirável aquele

cuja vida é um contínuo

relâmpago

 ****

Na escuridão do mar

brancos

gritos de gaivotas

 Versões de Jorge Sousa Braga.

Transcritos de Matsuo Bashô, O Gosto Solitário do Orvalho, Assírio & Alvim, Lisboa, Maio de 2003.

 Acompanha esta poesia uma imagem da pintura de Kenzo Okada (1902-1982).

 Pesquisando no blog por Haiku, encontrará o leitor curioso outros poemas e também considerações sobre a técnica do Haiku.

 

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Matsuo Bashö pelas 4 estações — 5 Haiku no Verão

13 Sexta-feira Set 2013

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Kenzo Okada, Matsuo Bashô

Okada_Kenzo-Number_2 1954 Verão

*

Preso na cascata

um instante:

o verão

**

Frescura:

os pés no muro

ao dormir a sesta

***

Silêncio:

as cigarras escutam

o canto das rochas

****

Chuva de verão:

até ou grous se queixam

de terem as pernas curtas

*****

No pôr do sol

entre as papoilas brancas

as faces curtidas dos pescadores

Versões de Jorge Sousa Braga.

Transcritos de Matsuo Bashô, O Gosto Solitário do Orvalho, Assírio & Alvim, Lisboa, Maio de 2003.

Acompanha esta poesia uma imagem da pintura de Kenzo Okada (1902-1982).

Pesquisando no blog por Haiku, encontrará o leitor curioso outros poemas e também considerações sobre a técnica do Haiku.

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Matsuo Bashö — de volta com alguns Haiku

06 Sexta-feira Set 2013

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Kenzo Okada, Matsuo Bashô

Okada_Kenzo-To_Point 1962Talvez só estejamos maduros para a poesia após uma vasta vivência. A aprendizagem da vida pela experiência acaba por nos fazer saber separar o essencial do acessório, e aí, como necessidade do espirito humano, surge a poesia na sua contenção verbal a mostrar-nos o que do mundo vale a pena perceber.

São forma superior deste relato vivencial e reflexivo o Haiku japonês. Mesmo para os não conhecedores da língua japonesa, as aproximações a esta poesia feitas em línguas ocidentais lançam frequentemente faíscas de emoção.

De Matsuo Bashô (1644-1694), eis alguns Haiku em versões de Luísa Freire.

*

Que belo que é

não pensar ao ver um raio:

“A vida é fugaz”.

**

Aqui o silencio —

somente a voz da cigarra

penetra os rochedos.

***

Começo de outono;

quer o mar, quer as campinas,

tudo é um só verde.

****

Entrega ao Salgueiro

o tédio e todo o desejo

do teu coração.

*****

Esvai-se o som na noite;

sobe o perfume das flores —

um sino tocou.

******

Tudo o que me cerca

e encontra o meu olhar

é fresco e é novo.

*******

Varrendo o jardim,

a neve ficou esquecida

pela vassoura.

Poemas publicados em Imagens Orientais, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003.

Acompanha esta poesia uma imagem da pintura de Kenzo Okada (1902-1982).

Pesquisando no blog por Haiku, encontrará o leitor curioso outros poemas e também considerações sobre a técnica do Haiku.

 

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Bashö – um Haiku

06 Quarta-feira Jul 2011

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Basho

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Dá o desejo poesia – O Japão no feminino

21 Terça-feira Set 2010

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Haiku, ISUMI SHIKIBU, ONO NO KOMACHI, Poesia Japonesa, Tanka

 

 

 

Atrai-me e confunde-me a arte japonesa. Para um gosto formado na estética ocidental há uma sensibilidade plástica que nos é estranha mas mantém uma enorme sedução.

A literatura, e sobretudo a poesia, para um leitor desconhecedor do japonês e da sua cultura, revela-se ora inacessível ora deslumbrante, dependendo de quem e como a transpôs para a língua em que a encontramos.

Faço hoje uma viagem no tempo pela mão das traduções de Luísa Freire, poetisa ela própria e tradutora notável dos poemas ingleses de Fernando Pessoa, visitando a poesia japonesa escrita no feminino entre os séculos IX e XI.

 

São poemas de duas poetisas, ONO NO KOMACHI (834? – ?) e ISUMI SHIKIBU (974? – 1034?), a primeira uma figura lendária na história literária do Japão, a segunda a maior poeta  do país – nas palavras da tradutora

 

Os poemas dispensam comentários e saboreiam-se sem mediação interpretativa. A escolha é pessoal e aí vai:

 

ONO NO KOMACHI (834? – ?)

O meu desejo de ti

é forte para contê-lo –

assim ninguém vai culpar-me

se à noite for ter contigo

pela estrada de meus sonhos.

 

Não há como vê-lo

nesta noite sem luar –

estou deitada e desperta,

os seios ardendo em desejo

e o coração em chamas.

 

 

Pensei ter colhido

a flor do esquecimento [*]

só para mim mesma;

mas encontrei-a a crescer

também no coração dele.

 

[*] wasuregusa, a palavra japonesa do poema que significa “flor do esquecimento” é o equivalente inglês de “forget-me-not” ou do português “amor-perfeito” – a subtileza decorrente da duplicidade do sentido do poema consoante seja lido na sua literalidade de metáfora ou na significação do real, é um exemplo esplendoroso da beleza inspirada desta poesia onde a concisão se desdobra numa multiplicidade de emoções e sentimentos.

 

 

Escolho agora de ISUMI SHIKIBU (974? – 1034?) apenas alguns poemas de solidão e desejo, com uma que outra amarga reflexão, deixando de fora poemas onde a presença do efémero na natureza transmite, de forma singular, a vulnerabilidade do viver:

 

Se o cavalo dele

tivesse sido domado

pela minha mão –

eu tê-lo-ia ensinado

a não seguir mais ninguém.

 

 

Mesmo quando um rio

de lágrimas atravessa

e molha este corpo,

não chega para apagar

todo o fogo do amor.

 

 

Porque não terei

pensado nisto já antes?

Este corpo meu

ao recordar tanto o teu

tem a marca que deixaste.

 

 

Penso: “nos meus sonhos

poderemos encontra-nos” …

Virando a almofada,

eu ando às voltas na cama

incapaz de adormecer.

 

 

Consumi o corpo

a desejar o regresso

do que não voltou.

É agora um vale profundo

o que foi meu coração

 

Deixada aqui

a envelhecer no mundo

sem ti ao meu lado,

as flores perdem a beleza

tingidas de negra cor.

 

 

A forma poética de todos os poemas é conhecida como TANKA – poema de 31 sílabas em japonês, mais extensa que HAIKU com apenas 17 sílabas.

Como informa a tradutora, às 31 sílabas japonesas de apresentação vertical dos TANKA, fez corresponder uma tradução – a partir da versão inglesa dos poemas – de 5 versos metricamente alternantes de 5, 7, 5, 7, 7 sílabas, tentando corresponder ao registo sonoro original

 

Os poemas encontram-se no livro  O Japão no Feminino – I – Tanka  poesia dos séculos IX a XI, publicado por Assírio & Alvim  em 2007 com organização e versão portuguesa de Luísa Freire.

 

Para o leitor curioso lembro o link Gravura Japonesa disponível no BLOGROLL  com um pequeno grupo de gravura japonesa, o qual, sempre que a disponibilidade o permitir, acrescentarei com alguma novidade.

 

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