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Talvez só estejamos maduros para a poesia após uma vasta vivência. A aprendizagem da vida pela experiência acaba por nos fazer saber separar o essencial do acessório, e aí, como necessidade do espirito humano, surge a poesia na sua contenção verbal a mostrar-nos o que do mundo vale a pena perceber.
São forma superior deste relato vivencial e reflexivo o Haiku japonês. Mesmo para os não conhecedores da língua japonesa, as aproximações a esta poesia feitas em línguas ocidentais lançam frequentemente faíscas de emoção.
De Matsuo Bashô (1644-1694), eis alguns Haiku em versões de Luísa Freire.
*
Que belo que é
não pensar ao ver um raio:
“A vida é fugaz”.
**
Aqui o silencio —
somente a voz da cigarra
penetra os rochedos.
***
Começo de outono;
quer o mar, quer as campinas,
tudo é um só verde.
****
Entrega ao Salgueiro
o tédio e todo o desejo
do teu coração.
*****
Esvai-se o som na noite;
sobe o perfume das flores —
um sino tocou.
******
Tudo o que me cerca
e encontra o meu olhar
é fresco e é novo.
*******
Varrendo o jardim,
a neve ficou esquecida
pela vassoura.
Poemas publicados em Imagens Orientais, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003.
Acompanha esta poesia uma imagem da pintura de Kenzo Okada (1902-1982).
Pesquisando no blog por Haiku, encontrará o leitor curioso outros poemas e também considerações sobre a técnica do Haiku.
A mulher perfeita
Olha as vezes que te vejo
As vezes que olho para ti
Uma mulher que faz poesia como eu
Uma mulher que faz poesia …
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A mulher perfeita
Olha as vezes que te vejo
As vezes que te olho para ti
Uma mulher que faz poesia como eu
Uma mulher que faz poesia
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não é o mesmo que;
Quero sentir as algas,
como são verdes,
verdes como são macios
….
Quero sentir as veias,
o sangue
como são gentios
…..
Quero sentir os refletos,
sentir como as algas,
o verde nas águas a fios
……
Quero sentir as salinas,
misturadas nas águas límpidas,
nas pedras assentadas de estios
……
Quero sentir os quentes do Sol,
o Sol que me aqueçe,
o que sinto na despedida aos rios
carlosaclibera
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Quero sentir as algas
como são verdes
como são verdes macios
….
Quero sentir as veias,
o sangue
como são gentios
…..
Quero sentir as pálpebras,
sentir como as algas,
o verde que correm a fios
……
Quero sentir as salgadas,
mergulhado nas águas límpidas,
nas pedras sentidas de estios
……
Quero sentir as águas ao Sol,
o Sol que agora me aqueçe,
na despedida que sinto os rios
carlosaclibera
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