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Gomes Leal — Romantismo

29 Sexta-feira Jun 2018

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Gomes Leal, Píerre-Auguste Renoir, Suzanne Valadon

A ironia cáustica de Gomes Leal (1848-1921) debruça-se no poema Romantismo sobre um traço distintivo da poesia romântica — a mulher e o sonho de a ter

…
Oh como é bela! — Tem na luz do olhar
Quais violetas quando as fecha o sono,
Não sei que doce e lânguido abandono,
Não sei que vago que nos faz cismar!…
…

 

E neste cismar a mulher ideal, o nosso homem-poeta sonha, em sucessivos transes, poder ser o herói sedutor de populares histórias românticas, qual D.Juan de Lord Byron:

…
Como eu quisera ser, nos sonhos dela,
Um rei das lendas, o fatal D. Juan,
…

 

ou o protagonista da grandeza da paixão do Rei de Tule que a balada de Goethe imortalizou:
 …
Como eu deitara a minha taça d’ouro,
Por causa dela, duma torre alta!…
…

 

 

A paixão romântica, embrulhada na fantasia de uma realidade sonhada é ainda moeda corrente nos nossos dias. Mudou o modelo da mulher ou do homem ideais, mas as juras de amor eterno e casamentos para a vida são ainda aspiração de multidões. E por mais que a realidade em redor o desminta, a fantasia leva o pensamento a considerar que isso só acontece aos outros. É a permanência dessa mentalidade romântica surgida nos seus detalhes com os alvores do século XIX, que aqui se revela, e neste poema Gomes Leal aflora de forma crítica.

Ao longo do poema percorremos um cenário entre a trivialidade material e a grandiloquência que a imaginação permite. A ironia transparece na vulgaridade do quadro em que toda esta grandeza imaginada decorre: a observação indiscreta da intimidade de uma jovem mulher através da janela de casa:

 

Quando ergue o transparente da janela,
Ou que o seu quarto se inundou de luz,
…
Como eu a espreito, palpitante o seio,
Como eu a sigo nos seus gestos vários,
Naquele quarto, aquele ninho cheio
Da doce voz dos joviais canários!…

 

 

E todo o sonhar romântico termina na banalidade dos dias:

…
Um cravo murcha, numa jarra, a um canto,
— E as aves voam, debicando o alpiste.

 

Traz este poema em si, além do circunstancialismo do seu assunto, uma chamada de atenção para o que muitas vezes é atitude de vida: a procrastinação plasmada no pendor contemplativo do que se deseja em detrimento da acção para o conseguir, e aqui caricaturado com benévola bonomia. Ter disso consciência é já parte do caminho feito para a vencer.
E agora, leitor, deixo-lhe o poema total:

 

 

Romantismo

Quando ergue o transparente da janela,
Ou que o seu quarto se inundou de luz,
Eu amo vê-la, sedutora e bela,
— Longos cabelos sobre os ombros nus.

Oh como é bela! e como a fico a olhar,
Dos seus cabelos desatando a fita!…
Lembram-me as virgens que do austero Eremita
Vinham as noites de oração tentar.

Oh como é bela! — Tem na luz do olhar
Quais violetas quando as fecha o sono,
Não sei que doce e lânguido abandono,
Não sei que vago que nos faz cismar!…

Como eu a espreito, palpitante o seio,
Como eu a sigo nos seus gestos vários,
Naquele quarto, aquele ninho cheio
Da doce voz dos joviais canários!…

Como eu quisera ser, nos sonhos dela,
Um rei das lendas, o fatal D. Juan,
Pirata mouro, em galeões à vela,
Com minaretes sob o céu do Iran!…

Como eu quisera — e que vontade intensa! —
Só pelo brilho dessa longa trança,
Ser cavaleiro de invencível lança,
Ou rei normando duma ilha imensa!…

Como eu quisera, no seu pensamento,
Ser o rei bardo no rochedo duro,
E ambos, fugindo, recortado vento,
Sobre a garupa dum cavalo escuro!…

Se me morresse, que comprido choro!
Como vergara sob a Cruz de Malta!
Como eu deitara a minha taça d’ouro,
Por causa dela, duma torre alta!…

………………………………………………………

E assim por ela fico preso, enquanto
O sol se esconde no ocidente triste…
Um cravo murcha, numa jarra, a um canto,
— E as aves voam, debicando o alpiste.

 

in Claridades do Sul, segunda edição revista e aumentada, Empresa da História de Portugal, Lisboa, 1901.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), Retrato de mulher (Suzanne Valadon).
Suzanne Valadon (1865-1938) além de modelo em algumas das mais famosas pinturas de Renoir, foi, depois de ser empregada de mesa de café e acrobata, modelo e amante de pintores do impressionismo. Ensinada por Degas (1834-1917),  começou a pintar, sendo mais tarde a primeira mulher admitida na  Société Nationale des Beaux-Arts. Foi também e a mãe do pintor Maurice Utrillo (1883-1955).
Deixo a seguir a imagem de uma sua pintura de 1923, La chambre bleue, a lembrar Matisse (1869-1954), pertença da colecção do Centro Georges Pompidou.

 

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Table talk — poema de Wallace Stevens em várias versões

01 Quinta-feira Mar 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Píerre-Auguste Renoir, Wallace Stevens

No seu desenho aforístico, o poema Table Talk de Wallace Stevens (1879-1955) põe-nos perante a evidência do papel do acaso e ausência de determinismo no que à vida respeita.
Diz-nos ele que a vida é, em grande medida, coisa de acontecer gostarmos, não de dever —  Life, then, is largely a thing / Of happens to like, not should. E sugere-nos que, no seu correr, sem interrogações, gostemos do que acontecer gostarmos: One likes what one happens to like. Sem mais. Pois, a vida quando acaba, é para sempre: Granted, we die for good.
E assim, com a despreocupação de uma conversa de café, somos levados a pensar quanto o sem sentido de muitas das angústias que nos atravessam a existência.

Seguem-se três interessantes exercícios de tradução sobre este poema. Elas dão-nos conta, de forma lapidar, quanto o exercício de tradução em poesia é reinterpretação do poema original para além das consabidas alterações de métrica e ritmo inerentes às diferenças linguísticas. A reinterpretação revela-se logo na tradução do título, Table talk. E temos de Conversa à mesa a Conversa Familiar, e Conversa de café. Depois, ao longo do poema, as diferenças nas opções de tradução abundam. A começar pela primeira palavra do poema, Granted, Concedido. Temos alteração do tempo verbal para Concedo, ou então Claro, ou ainda com inversão na posição de Granted no verso, e a sua tradução por é certo.
Poderia continuar quase palavra a palavra, o que seria sobremaneira enfadonho, pelo que lhe deixo, a si, leitor, o exercício de fruir outras diferenças e sentir como as variadas opções de tradução encaminham a leitura do poema em diferentes direcções.

 

 

 

Conversa de café

Claro, morremos para sempre.
A vida, então, é em grande parte uma coisa
De acontecer gostar-se, não de ter de.

E isso, também, claro, porque é que
Acontece eu gostar de arbustos vermelhos,
Relva cinzenta, e céu cinzento-esverdeado?

Que mais resta? Mas vermelho,
Cinzento, verde, porquê essas de entre todas?
Isso não é o que eu disse:

Não essas de entre todas. Mas essas.
Gosta-se do que acontece gostar-se
Gosta-se do modo como o vermelho cresce.

Não tem nenhuma importância.
Acontecer gostar-se é um
Dos modos como as coisas acontecem calhar.

Tradução de Luísa Maria Queiroz de Campos
in Wallace Stevens, Ficção Suprema, Assírio & Alvim, Lisboa, 1991.

 

 

 

Conversa à mesa

Morremos de vez, é certo.
Por isso, a vida é uma coisa,
De que acontece, ou não, gostar.

Mas, sendo assim, porque me acontece
Gostar do mato vermelho,
Da erva cinzenta, e do céu verde-cinza?

E que mais? Mas vermelho,
Cinzento, verde, porquê, especialmente?
Não foi isso o que eu disse:

Não esses, especialmente. Apenas, esses.
Gostamos do que acontece gostarmos.
Gostamos da maneira como o vermelho cresce.

Não tem nenhuma importância.
Acontecer gostar é uma das maneiras
Que as coisas têm de acontecer.

Tradução de Maria Andersen de Sousa
in Wallace Stevens, Antologia, Relógio d’Água, Lisboa.

 

 

 

Conversa Familiar

Concedo: quando se morre é para sempre.
E a vida é em grande parte coisa
De acontecer gostar, não de o dever.

E concedido também isto, porque acontece que eu
Goste do mato vermelho,
De relva cinzenta, da cinza verde do céu?

Que mais resta? Mas porquê de entre todos esses,
O vermelho, o cinzento, o cinzento verde?
Não foi isso o que eu disse:

Gosta-se do que gostar nos acontece.
Não de entre todos esses. Mas esses.
Gosta-se da maneira como o vermelho cresce.

Importante não deverá ser.
Acontecer gostar é uma
Das coisas que acontece acontecer.

Tradução de Victor Palla
in Poemas do Inglês, Ler Editora, Lisboa, 1985.

 

 

 

Table talk

Granted, we die for good.
Life, then, is largely a thing
Of happens to like, not should.

And that, too, granted, why
Do I happen to like red bush,
Grey grass and green-gray sky?

What else remains? But red,
Gray, green, why those of all?
That is not what I said:

Not those of all. But those.
One likes what one happens to like.
One likes the way red grows.

It cannot matter at all.
Happens to like is one
Of the ways things happen to fall.

1935?

in Opus Posthumous, 1957
Transcrito de Wallace Stevens, Collected Poetry & Prose, The Library of America, 1997.

 

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), Almoço de barqueiros.

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Amor é o olhar total num poema de Fiama Hasse Pais Brandão

08 Domingo Out 2017

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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Fiama Hasse Pais brandão, Píerre-Auguste Renoir

E de novo o amor! Aquele não-sei-quê físico que incendeia a alma e inexplicavelmente nos agarra, ou como escreve superiormente Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007) no poema de hoje:

 

Amor é o olhar total, que nunca pode
ser cantado nos poemas ou na música,
…

 

 

Fiama fala de amor como absoluto físico sem um entendimento de relação, e aí surge como estranho. Que amor é este tão-só próprio e bastante como a poetisa refere? Escorre … como chuva cai / na minha cara …, e depois? Há sempre um depois a que o poema foge deixando-nos apenas um …  em si mesmo absoluto táctil, … que à maior parte de nós deixa certamente insatisfeitos. Ao físico o amor exige sempre o psicológico que nesta definição está ausente. Parece antes o poema do amor-instante que se espera seja eterno. Será?

 

 

 

Amor é o olhar total, que nunca pode
ser cantado nos poemas ou na música,
porque é tão-só próprio e bastante,
e em si mesmo absoluto táctil,
que me cega, como chuva cai
na minha cara, de faces nuas,
oferecidas sempre apenas à água.

 

 

O amor escrito nos livros tem sempre pouco a ver com a complexidade da vida real, mas na sua variedade ajuda-nos a percebê-lo melhor em nós e nos outros.

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Renoir (1841-1919), Mulher a ler.

 

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A valsa — poema de Casimiro de Abreu

11 Quinta-feira Fev 2016

Posted by viciodapoesia in Poesia Antiga

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Casimiro de Abreu, Píerre-Auguste Renoir

Renoir - Dance in the City 1883 A1É sobretudo música o que nos entra na alma ao ler a poesia de Casimiro de Abreu (1839-1860), seja na esfuziante alegria de ambiente brasileiro: paisagens e amores; seja nos doridos poemas de saudade, ou na pungente poesia da morte anunciada aos vinte anos (o poeta morreu aos vinte e um anos). Em todos, é a fluência melódica do verso que seduz à primeira leitura. Muitos são os poemas que apetece transcrever. Decido-me por um, A Valsa, de atípica construção na obra do poeta. É uma vertiginosa cadência de palavras a cuja leitura irresistivelmente dançamos, levados pelo ritmo ternário do poema. Mais tarde, meio-século mais tarde, já no século XX, Almada Negreiros compõe, na mesma linha, mas com a modernidade temática do seu tempo, Rondel do Alentejo, que anteriormente transcrevi.

 

A valsa

 

Tu, ontem,

Na dança

Que cansa,

Voavas

Co’as faces

Em rosas

Formosas

De vivo,

Lascivo

Carmim;

Na valsa

Tão falsa,

Corrias,

Fugias,

Ardente,

Contente,

Tranqüila,

Serena,

Sem pena

De mim!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!…

— Não negues,

Não mintas…

— Eu vi!…

 

Valsavas:

— Teus belos

Cabelos,

Já soltos,

Revoltos,

Saltavam,

Voavam,

Brincavam

No colo

Que é meu;

E os olhos

Escuros

Tão puros,

Os olhos

Perjuros

Volvias,

Tremias,

Sorrias,

P’ra outro

Não eu!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!…

— Não negues,

Não mintas…

— Eu vi!…

 

Meu Deus!

Eras bela

Donzela,

Valsando,

Sorrindo,

Fugindo,

Qual silfo

Risonho

Que em sonho

Nos vem!

Mas esse

Sorriso

Tão liso

Que tinhas

Nos lábios

De rosa,

Formosa,

Tu davas,

Mandavas

A quem ?!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!…

— Não negues,

Não mintas,..

— Eu vi!…

 

Calado,

Sózinho,

Mesquinho,

Em zelos

Ardendo,

Eu vi-te

Correndo

Tão falsa

Na valsa

Veloz!

Eu triste

Vi tudo!

Mas mudo

Não tive

Nas galas

Das salas,

Nem falas,

Nem cantos,

Nem prantos,

Nem voz!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!…

— Não negues

Não mintas…

— Eu vi!

 

Na valsa

Cansaste;

Ficaste

Prostrada,

Turbada!

Pensavas,

Cismavas,

E estavas

Tão pálida

Então;

Qual pálida

Rosa

Mimosa

No vale

Do vento

Cruento

Batida,

Caída

Sem vida.

No chão!

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!…

— Não negues,

Não mintas…

Eu vi!

 

Rio — 1858.

 

Transcrito de As Primaveras, Novíssima edição acrescentada de Novas Poesias e da Scena Dramatica O Camões e o Jáo e Dois Romances em Prosa, Lisboa, Imprensa de J. G. de Sousa Neves,1875.

Na transcrição do poema modernizei a ortografia.

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Soneto de Correia Garção para um Feliz 2014

31 Terça-feira Dez 2013

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poesia Antiga

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Correia Garção, Píerre-Auguste Renoir

Renoir - Dance in the City 1883 A1Deste 2013 que termina me despeço com uma floração de amores tal como contada por Correia Garção (1724-1772).

Planta beijos e colhe amores o nosso poeta de hoje. Feliz certamente terá sido. Escolho para acompanhamento visual de semelhante prodígio, pares felizes dançando, no que pode ser a antecipação da festa de muitos leitores. São imagens de pinturas daquele que ficou conhecido como o pintor da gente feliz: Píerre-Auguste Renoir (1841-1919).

Renoir - Dance at Bougival 1883 A1

De beijos um cestinho Amor enchia,

E, depostos os duros passadores,

Quais semeiam o trigo os lavradores

Num campo os semeou todos um dia.

 

Daí a pouco com prazer se via

A seara ferver toda em Amores,

Que aos centos rebentavam entre as flores,

De que o travesso deus folgava e ria.

 

Eu, que bem por acaso ali me achava,

Um deles colho, e sobre o peito o prendo,

Sem recear o mal que me aguardava:

 

Pois as tenras raízes estendendo,

Pouco a pouco no coração mas crava

Donde novos amores vão nascendo.

Renoir - Dance in the Country 1883 A1

Por agora despeço-me. Encontrar-nos-emos aqui no próximo ano.

Que aos leitores 2014 traga semelhante floração, fazendo do ano que se inicia um Feliz Ano Novo.

A todos desejo que no próximo ano repitam o que de bom este ano tiveram e acrescentem o que dos sonhos mais desejem.

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