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Tag Archives: Paula Rego

Carlos de Oliveira — Infância: o teu perfume, lenha da melancolia

27 Quarta-feira Fev 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia Portuguesa do sec. XX

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Carlos de Oliveira, Paula Rego

A poesia de Carlos de Oliveira (1921-1981), pesada palavra a palavra, dá sempre conta do essencial em cada reflexão sobre que se debruça. Virtuosística na sua contenção vocabular, é um prazer continuado e um desafio lê-la. Hoje lembro aos leitores o poema Infância, evocação daquele território de experiência primordial, e sobretudo terra de sonhos, que a memoria carrega, qual perfume, lenha da melancolia, como o poeta certeiramente escreve:

 

Infância

 

Sonhos
enormes como cedros
que é preciso
trazer de longe
aos ombros
para achar
no inverno da memória
esse rumor
de lume:
o teu perfume,
lenha
da melancolia.

 

Transcrito de Obras de Carlos de Oliveira, Editorial Caminho, Lisboa, 1992.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Paula Rego (1935), Jenufa II de 1983.

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Tu que pareces um perfume desenhado de mulher — José Gomes Ferreira

02 Domingo Mar 2014

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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José Gomes Ferreira, Paula Rego

A dança 1988 acrilico sobre papel

XXXVI

 

Vive em cada minuto

a tua eternidade

— sem luto

nem saudade.

 

Vive-a pleno e forte

num frenesim

de arremesso.

 

Para que a tua morte

seja sempre um fim

e nunca um começo.

 

Poema XXXVI de Sonâmbulo (1941-42-43).

 

 

Carnaval, tempo de música, de dança, de divertimento, quando os interditos ficam fora do agir, traz consigo o sabor da vida fácil e :

 

Tu que rodopias, leve,

no desdobrar de seda

que paira neste vento de música

que só as pétalas entendem…

 

levas-me ao regaço da memória quando o gozo era simples e sem sobressaltos de tristeza,

 

Tu que…

            (Ah! tu que me pesas nos braços

como se trouxesses um esqueleto de lágrimas

e uma bola de metal no coração

ferrugenta do meu remorso.)

 

Agora que esquartejei o poema de José Gomes Ferreira (1900-1985), convido-vos à sua leitura integral, sem os meandros que à memória me trouxe.

 

VIII

 

Toda a gente me inveja

porque ando contigo nos braços…

 

Tu que pareces um perfume desenhado de mulher

vestida de pólen

e dois olhos que são dois instrumentos modernos

a auxiliarem a melodia do jazz…

 

Tu que rodopias, leve,

no desdobrar de seda

que paira neste vento de música

que só as pétalas entendem…

 

Tu que…

            (Ah! tu que me pesas nos braços

como se trouxesses um esqueleto de lágrimas

e uma bola de metal no coração

ferrugenta do meu remorso.)

 

Poema VIII de Cabaré (1933),

 

Poemas transcritos de Poeta Militante, 1º volume, Moraes Editores, Lisboa, 1977.

A imagem de abertura traz uma pintura de Paula Rego – A dança.

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Mulheres pintadas por Paula Rego

31 Terça-feira Jul 2012

Posted by viciodapoesia in Convite à arte

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Paula Rego

Estas mulheres pintadas por Paula Rego (1935) são outras que não as musas inspiração dos poetas que povoam o blog.

Mulheres fora da poesia, talvez assomem uma que outra vez em alguns poemas de Herberto Hélder.

À dureza da vida que as fez assim, juntaram continuar meninas. E os sonhos estão lá, num prodígio pictórico em que a variação de escala joga um papel essencial.

A estas mulheres, conhecêmo-las. Até talvez nos tenham acompanhado na vida mas não as vemos.

Mulheres, qual uma Joaquina que longo tempo nos serviu e a quem, certo Natal ofereci um colar de contas de fantasia: foi a primeira vez que alguém lhe ofereceu algo para por em si que não fosse apenas cobrir-se por higiene ou pudor.

Duras na expressão, talvez também no afecto, que razões terão para ser diferentes? O mundo que para a beleza abre passadeiras vermelhas, a estas, confina-as num qualquer vão de escada, físico ou mental, teimando em não as ver.

E eis que Paula Rego no-las mostra com toda a força inescapável da Arte.

Estas pinturas são de algum modo o equivalente da Carta da corcunda ao serralheiro, que Fernando Pessoa nos deixou, e forçam-nos a olhar o que nem sempre queremos ver.

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