Etiquetas
A poesia de Carlos de Oliveira (1921-1981), pesada palavra a palavra, dá sempre conta do essencial em cada reflexão sobre que se debruça. Virtuosística na sua contenção vocabular, é um prazer continuado e um desafio lê-la. Hoje lembro aos leitores o poema Infância, evocação daquele território de experiência primordial, e sobretudo terra de sonhos, que a memoria carrega, qual perfume, lenha da melancolia, como o poeta certeiramente escreve:
Infância
Sonhos
enormes como cedros
que é preciso
trazer de longe
aos ombros
para achar
no inverno da memória
esse rumor
de lume:
o teu perfume,
lenha
da melancolia.
Transcrito de Obras de Carlos de Oliveira, Editorial Caminho, Lisboa, 1992.
Abre o artigo a imagem de uma pintura de Paula Rego (1935), Jenufa II de 1983.
Poema contido, magnífico, do Carlos de Oliveira e excelente a escolha de uma infância tão desmultiplicada como a que Paula Rêgo pintou…. na sua obra de arte..parabéns.
GostarGostar
Obrigado. Até breve
GostarGostar