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O coração dividido — sonetos de Alvarenga Peixoto e Tomás António Gonzaga

17 Segunda-feira Ago 2020

Posted by viciodapoesia in Poesia Portuguesa antiga

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Alvarenga Peixoto, Jean-Frédéric Bazille, José Anastácio da Cunha, Tomás António Gonzaga

As histórias à volta das poesias que hoje transcrevo envolvem três rapazes mais ou menos da mesma idade (nascidos em 1742/44). Mas antes faço uma pequena digressão.

Acontece-me, se tenho pouco tempo disponível, tirar um livro da estante ao acaso, ler por um bocado, e quando preciso ir à vida, volta para o lugar. Se, entretanto algo me chamou a atenção, deixo um sinal, geralmente um post-it ou uma tirinha de papel. Podem passar-se anos até que volte ao livro, o que, com os autores de hoje aconteceu. Encontrado assinalado o poema de Alvarenga Peixoto (1742-1793), um soneto (1) que a seguir transcrevo, sobre um coração dividido, ocorreu-me uma canção há anos famosa numa interpretação do cantor de flamengo Diego el Cigala, Corazón loco. Irresistível na sincera angústia com que o artista relata o coração dividido entre dois amores, e a subjacente convenção moral de amar apenas uma de cada vez. Nunca deixo de sorrir ao ouvi-la, e sobretudo ao ver a sua interpretação num vídeo de um concerto ao vivo com Bebo Valdés em Maiorca, filmado com mão de mestre por Fernando Trueba.

A natureza polígama do género humano é uma evidência biológica que tarda a fazer o seu caminho moral e social, com o cortejo de angustias e infelicidade que acompanham tanta gente, e são matéria frutífera para a ficção romanesca de todos os tipos.

Voltando ao soneto, temos assim que o poeta se sente atraído por uma Jónia e por uma Nise. E é essa luta pela necessidade da monogamia que o poema relata, levando o pobre homem de coração dividido a rematar:

…

Vem, Cupido, soltar-me destes laços:

Ou faze destes dois um só semblante, 

Ou divide o meu peito em dois pedaços!

 

 

Este mesmo problema tem o amigo de Alvarenga Peixoto, Tomás António Gonzaga (1744-1810), que num outro soneto(2), há anos transcrito no blog, se divide na atracção entre uma Alteia e uma Dirceia, e perante o mesmo dilema pede:

…

Cupido, se tens dó de um triste amante,

Ou forma de Lorino dous sujeitos,

Ou forma desses dous um só semblante.

 

 

Para o mesmo pedido encontraram os dois poetas diferentes soluções versificatórias.

 

 

Aventa o editor da edição crítica da obra destes dois poetas,  M. Rodrigues Lapa, que a Alteia que partilha o coração dividido de Gonzaga, deve ser a mesma Altea por quem Alvarenga Peixoto parece estar caído de amor não correspondido, o que este relata num outro soneto (3) do livro. Diz o editor que, sendo os poetas amigos, e vivendo na mesma cidade, não é improvável serem atraídos pela mesma mulher. Talvez! Não esqueçamos que os nomes escolhidos são mais vezes determinados por razões de rima e métrica que por correspondência humana.

Transcrevo a seguir os sonetos. A numeração entre () permite identificar os sonetos referidos no texto.

 

 

Primeiro os 2 sonetos do coração dividido:

 

 

Soneto  6 de Alvarenga Peixoto (1)

Eu vi a linda Jónia e, namorado,

Fiz logo eterno voto de querê-la; 

Mas vi depois a Nise, e é tão bela, 

Que merece igualmente o meu cuidado. 

 

A qual escolherei, se, neste estado 

Eu não sei distinguir esta daquela? 

Se Nise agora vir, morro por ela,

Se Jónia vir aqui, vivo abrasado. 

 

Mas, ah! que aquela me despreza, amante, 

Pois sabe que estou preso em outros braços, 

E aquela me não quer por inconstante. 

 

Vem, Cupido, soltar-me destes laços:

Ou faze destes dois um só semblante, 

Ou divide o meu peito em dois pedaços!

 

 

Soneto 15 de Tomás António Gonzaga (2)

É gentil, é prendada a minha Altéia;

As graças, a modéstia do seu rosto

Inspiram no meu peito maior gosto

Que ver o próprio trigo quando ondeia.

 

Mas, vendo o lindo gesto de Dircéia,

A nova sujeição me vejo exposto;

Ah! que é mais engraçado, mais composto

Que a pura Esfera, de mil astros cheia!

 

Prender as duas com grilhões estreitos

É uma acção, (ó Deuses), inconstante,

Indigna dos sinceros, nobres peitos.

 

Cupido, se tens dó de um triste amante,

Ou forma de Lorino dous sujeitos,

Ou forma desses dous um só semblante.

 

 

Agora a paixão não correspondida de Alvarenga Peixoto pela Alteia do soneto anterior (?), e por quem Gonzaga tem o coração dividido:

 

Soneto 7 de Alvarenga Peixoto (3)

Não cedas, coração; pois nesta empresa 

O brio só domina; o cego mando 

Do ingrato Amor seguir não deves, quando 

Já não podes amar sem vil baixeza: 

 

Rompa-se o forte laço, que é fraqueza 

Ceder a amor, o brio deslustrando; 

Vença-te o brio, pelo amor cortando, 

Que é honra, que é valor, que é fortaleza.

 

Foge de ver Altea; mas se a vires, 

Porque não venhas outra vez a amá-la, 

Apaga o fogo, assim que o pressentires; 

 

E se inda assim o teu valor se abala, 

Não lho mostres no rosto, ah, não suspires!

Calado geme, sofre, morre, estala! 

 

 

Não termino sem uma nota à recorrente preterição amorosa relatada por Alvarenga Peixoto na sua poesia. Se acima foi Altea, desta vez é uma Jónia, que segundo o editor M. Rodrigues Lapa, terá preterido o nosso poeta Alvarenga em favor de José Anastácio da Cunha (1744-1787), também ele poeta, além de cientista notável, e cuja poesia também pode ser encontrada no blog (ex: Uma ode ao orgasmo simultâneo e a tradução da carta de Heloisa a Abelardo por Pope).

Guarda este soneto de Alvarenga Peixoto o comovente verso com que termina:

… dia de vitória / Sempre o mais triste foi para os vencidos!

 

Soneto 13 de Alvarenga Peixoto

Ao mundo esconde o Sol seus resplendores,

E a mão da noite embrulha os horizontes;

Não cantam aves, não murmuram fontes,

Não fala Pã na boca dos pastores.

 

Atam as Ninfas, em lugar das flores,

Mortais ciprestes sobre as tristes frontes;

Erram chorando nos desertos montes,

Sem arcos, nem aljavas, os Amores.

 

Vénus, Palas e as filhas da Memória,

Deixando os grandes templos esquecidos,

Não se lembram de altares nem de glória.

 

Andam os elementos confundidos:

Ah, Jónia, Jónia, dia de vitória

Sempre o mais triste foi para os vencidos!

 

 

Nota bibliográfica

Poemas transcritos de:

— M. Rodrigues Lapa, Vida e Obra de Alvarenga Peixoto, Instituto Nacional do Livro, Rio de Janeiro, 1960.

—Tomás António Gonzaga, ed. crítica de M. Rodrigues Lapa, Instituto Nacional do Livro, Rio de Janeiro, 1957.

Adoptei a maiúscula a iniciar em cada verso, como segue a edição A Poesia dos Inconfidentes, Poesia Completa de Cláudio Manuel da Costa, Tomás António Gonzaga e Alvarenga Peixoto, Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 2002.

Pontualmente esta edição diverge da lição de M. Rodrigues Lapa. Adoptei sempre a escolha deste último.

Abre o artigo a imagem de um reunião de família pintado por Jean-Frédéric Bazille (1841-1870), de 1867, pertença da colecção do Museu de Orsay, Paris.

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A Criação da Mulher por Americo Elysio

23 Quarta-feira Set 2015

Posted by viciodapoesia in Poesia Antiga, Raros/Curiosos

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Americo Elysio, José Anastácio da Cunha, José Bonifácio de Andrade e Silva

Boucher - Venus e Amor com pombas e maçã pastelSatisfazendo simultaneamente o meu gosto pela poesia antiga e a curiosidade sobre o que não sei que existe, mergulho algumas vezes na produção poética da segunda metade de setecentos.

Vasto universo de banalidades poéticas, como qualquer outra época, uma vez por outra surge um poema ignorado que pela originalidade na abordagem do tema, desenvoltura do ritmo, ou especial cuidado no tratamento da ideia, apetece resgatar do pó dos arquivos.

É agora a vez de um poema do brasileiro Americo Elysio (José Bonifácio de Andrade e Silva (1763-1838)), A Criação da Mulher. Nele o poeta desenvolve o deambular solitário do primeiro Homem, e o seu desnorte nesta solidão. O deus pagão, Jove, dando conta de quanto este infeliz não desfrutava das belezas do mundo natural, vagueando, sem encontrar contentamento, convocou os outros deuses. Para resolver o problema decidiram criar a mulher dotada das belezas de Vénus. E ei-la que desce à Terra.

Ao vê-la o homem / Pasma, estremece! / Quer abraçá-la, / Corre, enlanguece!

 

“Quem és? és Deusa? / (O homem lhe grita) / Ah! se pudesses /Trazer-me dita!”

 

Ela responde: / “Sou tua esposa; / Deixa a tristeza, / Ama-me, e goza.”

 

Saboreai agora o poema:

 

A CREACÃ0 DA MULHER

 

Já tinha o Mundo

Jove formado,

E rei de tudo

O Homem criado.

 

Mas solitário

Este se achava:

Brusca tristeza

O dominava.

 

Com mão profusa

A natureza

Em vão mostrava

Tanta beleza!

 

Cantavam aves,

Bulia o vento:

Tudo infundia

Contentamento.

 

Florido o vale

Reverdecia:

De aromas mil

O ar se enchia.

 

Manhã serena

Leda brilhava:

Manto de estrelas

A noite ornava.

 

E todavia,

Qual duro tronco,

O Homem jazia

Sisudo e bronco.

 

Covas escuras,

Mata enredada,

Nelas fazia

Sua morada.

 

No solio eterno

Jove sentado,

Então aos Deuses

Fala pousado:

 

“Mortal soberbo

Com o entendimento

Sondar pretende

Mistérios cento:

 

“Só, pensativo

Se desalenta;

Do mundo inteiro

Nada o contenta.

 

“Eu distraí-lo

Quero piedoso;

Beba sua alma

Nectar gostoso.”

 

Forma então Jove

Nova creatura;

De Venus bela

Fiel pintura.

 

Esbelto talhe,

Meneo brando,

Mil amorinhos

Vão rebanhando!

 

De oiro madeixas,

Ao vento soltas,

Ameigam feras,

Que andam revoltas.

 

Os Cupidinhos

Dos verdes olhos

Duros despedem

Setas a molhos.

 

Covas da face

Branca e rosada,

Vós sois das Graças

Gentil morada!

 

Vozes suaves,

Que as almas prendem ,

De fio em fio

Dos beiços pendem.

 

Ah! são seus beiços

Fontes de vida!

Em neve pura

Romã partida!

 

As alvas tetas

De marfim puro

Ah! são mais rijas

Que cristal duro!

 

Carne mimosa

Que a vista enleva,

Onde o desejo

Em vão se ceva!

 

Ao vê-la o homem

Pasma, estremece!

Quer abraçá-la,

Corre, enlanguece!

 

“Quem és? és Deusa?

(O homem lhe grita)

Ah! se pudesses

Trazer-me dita!”

 

Ela responde:

“Sou tua esposa;

Deixa a tristeza,

Ama-me, e goza.”

No contexto da produção poética da época, o poema traz algumas novidades que o tornam notável: a forma adoptada é a da redondilha menor, cultivada na idade média, fugindo assim ao cânone formal defendido pelas várias academias da época do autor; o assunto, por um lado vestindo ainda uma capa da mitologia, remete para o imaginário cristão e a criação de Adão e Eva no paraíso terreal; por outro, dá conta de uma leitura da natureza como valor em si, e não como cenário de amores, apanágio da poesia da época; finalmente, ao fechar, entrega a iniciativa amorosa à mulher, despido qualquer pudor, no que será o seu mais surpreendente e original conteúdo:

“Sou tua esposa; / Deixa a tristeza, / Ama-me, e goza.”

Todos estes aspectos fazem do poema um ponto charneira entre a poesia neo-clássica praticada na segunda metade de setecentos e a poesia romântica que o século XIX traria.

Não é aqui o lugar para desenvolver a argumentação em volta do tema. Ficam os tópicos de leitura que, espero, ajudem a destacar o relevo deste Creacão da Mulher.

Usando a forma padronizada do soneto, o poema que segue conta-nos de uma Narcina refrescando-se na fonte.

Partindo do vocabulário comum à época (o desejo espicaçado referido como setas de Cupido envenenadas: Com ponteagudas setas que ela hervara**, /Bando de Cupidinhos revoava.), seguimos o olhar do poeta à medida que percorre o corpo da mulher.  Aí o poema ganha arrojo ao dizer-nos como ela, deixando ver o peito e a coxa, abrasa o poeta ao levantar o vestido, sem que, no entanto,  à vista deixe o sexo, o que o poeta lamenta:

Parte da linda coixa, regaçado, /O cândido vestido descobria; / Mas o templo de amor ficou cerrado:

 

SONETO

Eu vi Narcina um dia que folgava

Na fresca borda de uma fonte clara:

Os peitos, em que Amor brinca e se ampara,

Com aljofaradas* gotas borrifava.

 

O colo de alabastro nu mostrava

A meu desejo ardente a incauta avara.

Com ponteagudas setas que ela hervara**,

Bando de Cupidinhos revoava.

 

Parte da linda coixa, regaçado,

O cândido vestido descobria;

Mas o templo de amor ficou cerrado.

 

Assim eu vi Narcina.—Outra não cria

O poder da Natura, já cansado;

E se a pode fazer, que a faça um dia.

 

*Aljofar — pérola  menos graúda; gotas de água aperoladas.

Aljofarar — ornar de aljofar.

** Hervar — untar com sumos de ervas venenosas.

(Dic. Morais ed 1813)

Com uma invulgar palpitação erótica é a Ode que segue, publicada pelo autor em 1825 e que o editor póstumo em 1861 entendeu suprimir.

Nela, As nítidas maminhas vacilantes / Da sobre-humana Eulina, / Se com férvidas mãos ousado toco, / Ah! que me imprimem súbito / Eléctrico tremor, que o corpo inteiro / Em convulsões me abala!

A Ode vai por aí fora dando conta da perturbação física do homem ao contacto do corpo da mulher, e, depois de um primeiro êxtase, Morro de todo, amada! / Fraqueja o corpo, balbucia a fala! / Deleites mil me acabam!, volta o entusiasmo, e aí o temos voraz outra vez:

Mas ah! que impulso novo, ó minha Eulina! / Resistir-lhe não posso….

terminando com o … morramos, que nesta poesia não é mais que o clímax do êxtase sexual simultâneo:

Deixa com beijos abrasar teu peito: / Une-te a mim…. morramos.

Este final remete-me a memória para uma Ode ao orgasmo simultâneo de José Anastácio da Cunha (1744-1787) que há anos transcrevi no blog.

Foram, um e outro, notáveis homens de ciência, e, talvez por isso, espíritos mais desempoeirados, deram mostra de uma ousada explicitação poética dos prazeres do corpo.

 

ODE

As nítidas maminhas vacilantes

Da sobre-humana Eulina,

Se com férvidas mãos ousado toco,

Ah! que me imprimem súbito

Eléctrico tremor, que o corpo inteiro

Em convulsões me abala!

[O sangue*]  ferve: em catadupas cai-me…;

Brotam-me lume as faces…

Raios vibram os olhos inquietos

Os ouvidos me zunem!

Fugir me quer o coração do peito…

Morro de todo, amada!

Fraqueja o corpo, balbucia a fala!

Deleites mil me acabam!

Mas ah! que impulso novo, ó minha Eulina!

Resistir-lhe não posso…

Deixa com beijos abrasar teu peito:

Une-te a mim… morramos.

 

* Falta a palavra na edição. [O sangue] é suposição minha (C.M.L.).

Nos poemas transcritos modernizei ligeiramente a ortografia e a pontuação para facilitar a leitura aos menos familiarizados com esta poesia antiga.

Noticia bibliográfica

Poesias Soltas de Americo Elysio (José Bonifácio de Andrade e Silva (1763-1838), Bordeos,1825.

Também existe edição póstuma de 1861 com o título Poesias de Americo Elysio, edição  no Rio de  Janeiro.

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Uma Ode ao orgasmo simultâneo escrita no século XVIII por José Anastácio da Cunha

18 Sábado Out 2014

Posted by viciodapoesia in Erótica, Poesia Antiga

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José Anastácio da Cunha

Vladimir BAKANOV-ROSSINE (1888-1942)Não é aqui o lugar para discutir as actuais teorias de sexólogos sobre a irrelevância da simultaneidade de orgasmo para o prazer do sexo, de que nos fala o poema de hoje. Trata-se antes de dar a conhecer uma expressão poética desse prazer, velha de cerca de 250 anos.

Ode

Já quasi até morria

C’os olhos nos da amada.

E ela que se sentia

Não menos abrasada:

– “Ai, caro Atfes! – dizia –

Não morras inda, espera

Que eu contigo morrer também quisera”

A ansia com que acabava

A vida, Atfes, refreia,

E, enquanto a dilatava,

Morte maior o anseia.

Os olhos não tirava

Dos do ídolo querido,

Nos quais bebia o Néctar diluído.


Quando a gentil Pastora,

Sentindo já chegada

Do doce gôsto a hora,

Com a vista perturbada

Disse, tremendo: – “Agora

Morre, que eu morro, amor”

– “E eu – disse ele – contigo”

Viram-se desta sorte

Os dois finos amantes

Mortos ambos de um tal corte;

E os golpes penetrantes

Desta casta de morte

Tanto lhe agradaram,

Que para mais morrer recuscitaram.

Este poema de José Anastácio da Cunha (1744 – 1787), O Lente Penitenciado, na certeira expressão de Aquilino foi publicado pela 1ª vez por Hernâni Cidade na edição da obra poética do autor, em 1930. Encontrava-se inédito no manuscrito nº 678 da Biblioteca Municipal do Porto. Talvez valha a pena referir, apenas, como este poema deita por terra a ideia feita da passividade da mulher durante o sexo, tão divulgada até tempos bem perto de nós.

Afinal, quantas vezes não foi ouvida:

Ai, …(ponha aqui o nome quem quiser) …!

Não morras inda, espera

com a variante hoje do verbo vir em vez do verbo morrer.

Brevemente haverá mais pois,

Desta casta de morte / Tanto lhe agradaram, / Que para mais morrer recuscitaram.

A pintura de Vladimir BAKANOV-ROSSINE (1888-1942) que abre o artigo dá certamente conta do arco-íris  do prazer relatado no poema.


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