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Tag Archives: David Hockney

Time Passing, Beloved — poema de Donald Davie

20 Sexta-feira Jun 2014

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

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David Hockney, Donald Davie

David Hockney (1937) - Mr. and Mrs. Clark and Percy - 1970-71

Há uma tocante simplicidade na penetrante verdade sobre o amor e o tempo no poema Time Passing, Beloved, (O tempo passa, meu bem) de Donald Davie (1922-1955). Se o tempo tudo apaga, apaga também das memórias o que de amargo o amor viveu, mas a incerteza sobre o futuro, essa é uma indeterminação que permanece, sempre.

 

Infelizmente não conheço, do poema, tradução portuguesa. Deixo o original inglês, certamente acessível à maior parte dos leitores do blog.

 

Time Passing, Beloved

 

Time passing, and the memories of love

Coming back to me, carissima, no more mockingly

Than ever before; time passing, unslackening,

Unhastening, steadily; and no more

Bitterly, beloved, the memories of love

Coming into the shore.

 

How will it end? Time passing and our passages of love

As ever, beloved, blind

As ever before; time binding, unbinding

About us; and yet to remember

Never less chastening, nor the flame of love

Less like an ember.

 

What will become of us? Time

Passing, beloved, and we in a sealed

Assurance unassailed

By memory. How can it end,

This siege of a shore that no misgivings have steeled,

No doubts defend?

 

Transcrito de Collected Poems, Carcanet Press, 1990.

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura de David Hockney (1937) – Mr. and Mrs. Clark and Percy, 1970-71.

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Pintura de David Hockney lida poeticamente por Ana Hatherly

13 Domingo Jan 2013

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poetas e Poemas

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Ana Hatherly, David Hockney

Hockney_David-A_Bigger_SplashEmbora sejam até frequentes os poemas escritos a pretexto de pinturas, os poemas que hoje me ocupam têm na ligação poesia-pintura matéria de reflexão adicional. Trata-se de pinturas de David Hockney (1937) e de uma reflexão poética de Ana Hatherly (1929) sobre elas, tanto mais relevante quanto Ana Hatherly é uma notável artista plástica.

É na suposta fidelidade ao real que estas pinturas procuram, que Ana Hatherly se detém:

Porque o real / que esta pintura pinta / e que ele quer que se sinta / é um real que se mente

Nesta reflexão poética em torno da verdade da arte e do real que mente, ou do contrario disto, é a representação das palmeiras a evidência desta dicotomia:

como as magras palmeiras / postas ali para o olhar subir / um pouco / para o longe / para um céu azul que não existe / a não ser como ameaça / latente / na cruel esterilidade / dum real que não mente

Sendo uma pintura de inegável apelo visual na simplicidade da sua geometria e no equilíbrio do colorido, ganhou a dimensão icónica de um mundo que o cinema nos anos sessenta glosou como triunfo da modernidade.

Hoje não nos importa O que esta pintura quer tornar patente. Sabemos já, depois da crise de 2008 que este mundo acabou. Podemos olhá-la como oásis de sonhos perdidos.

Sobre “A Bigger Splash” de David Hockney

É uma tela de 2,44×2,44m
em que o real imaginado
está devidamente enquadrado

Tudo seria plano
como planeado
se não houvesse o splash
a perturbação que anima
a placidez geométrica do fotograma
do freeze-frame
que esta pintura muda
quer ser
e afinal não é

Porque o real
que esta pintura pinta
e que ele quer que se sinta
é um real que se mente
nesta pintura rente

É uma pintura que por nós entra
fina e quase débil
como as magras palmeiras
postas ali para o olhar subir
um pouco
para o longe
para um céu azul que não existe
a não ser como ameaça
latente
na cruel esterilidade
dum real que não mente

O que esta pintura quer tornar patente
não interessa:
É preciso desconfiar des imagens
diz o próprio artista
e num quadro
o sentido vem de toda a parte

E acrescenta:
Amanhã o público
vai querer outra coisa
além do que eu vi

Mas o que é a arte
senão artificio da verdade?

O problema é que
os filósofos modernos
segundo ele
brincaram demais
com a máquina fotográfica

Continua Ana Hatherly a sua reflexão poética pela pintura de David Hockney tomando as palmeiras como pretexto na ironia demolidora com que comenta estas pinturas:

as palmeiras surgem / nos quadros de Hockney / como esguios / inativos espanadores

Hockney_David-A_Lawn_Being_Sprinkled

As Palmeiras de Hockney

Outrora
a palmeira queria dizer
imortalidade
triunfo
e às vezes martírio

Agora
as palmeiras surgem
nos quadros de Hockney
como esguios
inativos espanadores

Agora
a poeira
transformada em chuva ácida
inutiliza
a diligência
das meneantes palmas

E o azul das piscinas
transformado
em estático caleidoscópio
tornou-se um sal vítreo
onde os corpos se partem

Hockney_David-Portrait_of_Nick_Wilder

É a subversão da natureza posta ao serviço da estética naquelas palmeiras de brincar, o que parece desencadear a ironia de Ana Hatherly nesta diatribe contra o real representado. No entanto, são pinturas que na sua opção de classe nos interrogam de múltiplas formas sobre a nossa civilização urbana.

Os poemas foram publicados no livro Itinerários, edição quasi, 2003

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