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Category Archives: Poesia Brasileira sec. XX

A uma passante pós-baudelairiana — poema de Carlito Azevedo

10 Segunda-feira Ago 2020

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Brian Elston, Carlito Azevedo

Leitores assíduos do blog já saberão que gosto de poemas que captam a fugacidade da vida, a revelação do instante e seu efémero, dando tantas vezes sentido ao vazio dos dias, fazendo entrever outra vida possível, outros amores. Assim o poema de Carlito Azevedo (1961) A uma passante pós-baudelairiana que a seguir transcrevo.

 

 

A uma passante pós-baudelairiana

Sobre esta pele branca

um calígrafo oriental

teria gravado

sua escrita luminosa

— sem esquecer entanto

a boca: um ícone em rubro

tornando mais fogo

o céu de outubro

 

tornando mais água

a minha sede

sede de dilúvio —

 

Talvez este poeta afogado

nas ondas de algum danúbio imaginário

dissesse que seus olhos são

duas machadinhas de jade

escavando o constelário noturno

(a partir do que comporia

duzentas odes cromáticas)

 

mas eu que venero mais que o ouro-verde raríssimo

o marfim em alta-alvura

de teu andar em desmesura sobre

uma passarela de relâmpagos súbitos

sei que tua pele pálida de papel

pede palavras de luz

 

Algum mozárabe ou andaluz decerto

te dedicaria um concerto

para guitarras mouriscas e

cimitarras suicidas

 

Mas eu te dedico quando passas

me fazendo fremir

 

(entre tantos circunstantes, raptores fugidios)

 

este tiroteio de silêncios

esta salva de arrepios.

 

de Collapsus Linguae, Lynx, Rio de Janeiro, 1991.

 

 

É inevitável ao ler este poema ouvir cantar-nos no ouvido o balancear daquela Garota de Ipanema descrita por Vinicius de Moraes (1913-1980), e para a eternidade posto em música por António Carlos Jobim (1927-1994), ocupando todo o espaço da imaginação possível, deixando quem as vê passar, pós-baudelairianas, ou outras, entre tiroteios de silêncios e salvas de arrepios, como brilhantemente remata Carlito Azevedo a concluir o seu poema. Como curiosidade refiro que este Garota de Ipanema foi composto por alturas do nascimento de Carlito Azevedo. E assim, uma vez mais, assistimos ao eterno retorno das paixões dos homens e da sua poesia. É óbvio que, pelo título, e argumentação, o poema de  Carlito Azevedo já apelava a uma filiação/descendência ancorada a toda a tradição lírica do mundo com influência na cultura ocidental, associando-o à universalidade e intemporalidade do frémito da beleza feminina nos homens.

 

 

Abre o artigo a imagem de uma pintura, acrílico s/tela, de Brian Elston, Nude 580 de 2008, de colecção particular.

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Carlos Drummond de Andrade — A vida apenas, sem mistificação

09 Segunda-feira Dez 2019

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Carlos Drummond de Andrade, Joel Meyerowitz

No céu também há uma hora melancólica

Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas

Por que fiz o mundo? Deus se pergunta 

e se responde: Não sei.

…

 

Assim abre o poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Tristeza no Céu, relato silencioso do desabar do mundo em redor:

…

Todas as hipóteses: a graça, a eternidade, o amor, 

caem, são plumas.

 

Outra pluma, o céu se desfaz.

Tão manso, nenhum fragor denuncia

o momento entre tudo e nada,

ou seja, a tristeza de Deus.

 

 

É este descalabro em volta contado com a mansidão de tanta poesia de Carlos Drummond de Andrade que, num seu poema anterior,  Os ombros suportam o mundo, também nos surge. Nele, é melancolia escondida sob aparentes e ásperas certezas o que o poeta relata: … / És todo certeza, já não sabes sofrer. / E nada esperas de teus amigos. / …

Foram-se sonhos, esperanças … / Porque o amor resultou inútil. / E os olhos não choram. / E as mãos tecem apenas o rude trabalho. / E o coração está seco. / … e ficou um cerrar de dentes e seguir em frente, ou seja:

…

Chegou um tempo em que não adianta morrer.

Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.

A vida apenas, sem mistificação.

 

Esta vontade expressa de domar sentimentos e crenças, se por vezes somos tentados a ela, não é sem consequências, e tarde ou cedo elas, devastadoras, chegam…

Este verso, A vida apenas, sem mistificação., com que o poema Os ombros suportam o mundo termina, é uma falácia, pois A vida apenas, é tudo, incluindo a mistificação de que o poeta fala: a amizade, o amor. Ele, o poema, é o relato de um homem que sente o peso enorme da solidão involuntária: … / Ficaste sozinho, a luz apagou-se, / …

 

 

Eis os poemas integralmente:

 

 

Os ombros suportam o mundo

 

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.

Tempo de absoluta depuração.

Tempo em que não se diz mais: meu amor.

Porque o amor resultou inútil.

E os olhos não choram.

E as mãos tecem apenas o rude trabalho.

E o coração está seco.

 

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.

Ficaste sozinho, a luz apagou-se,

mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.

És todo certeza, já não sabes sofrer.

E nada esperas de teus amigos.

 

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?

Teus ombros suportam o mundo

e ele não pesa mais que a mão de uma criança.

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios

provam apenas que a vida prossegue

e nem todos se libertaram ainda.

Alguns, achando bárbaro o espetáculo

prefeririam (os delicados) morrer.

Chegou um tempo em que não adianta morrer.

Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.

A vida apenas, sem mistificação.

 

in Sentimento do Mundo (1935-1940)

 

 

Tristeza no Céu

 

No céu também há uma hora melancólica

Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas

Por que fiz o mundo? Deus se pergunta 

e se responde: Não sei.

 

Os anjos olham-no com reprovação 

e plumas caem.

 

Todas as hipóteses: a graça, a eternidade, o amor, 

caem, são plumas.

 

Outra pluma, o céu se desfaz.

Tão manso, nenhum fragor denuncia

o momento entre tudo e nada,

ou seja, a tristeza de Deus.

 

in José (1941-1942)

 

Poemas transcritos de Obra Completa, Companhia José Aguilar editora, Rio de Janeiro, 1967.

Abre o artigo a imagem de uma fotografia de Joel Meyerowitz (1938), Young Dancer, 34th Street and 9th Ave, de 1978.

 

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Vinicius de Moraes — Soneto da mulher ao sol e Os quatro elementos

26 Terça-feira Nov 2019

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Tom Wesselmann, Vinicius de Moraes

As horas de prazer voam ligeiras, as de espera custam a passam. Ocupá-las com poesia de Vinicius de Moraes (1913-1980) é ter boa companhia. E para quem aprecia o fogo por detrás das palavras eis uma escolha. São poemas do Livro de Sonetos e contam em palavras o que a acção consegue no caminho para o incêndio dos sentidos.

Poesia da carne feliz, nela o amor nunca é platónico, mas vivido na plenitude do sexo. Lê-la encanta e comove. Tanto do que gostaríamos de dizer, está ali na forma incomparável.

 

 

Soneto da mulher ao sol

 

Uma mulher ao sol — eis todo o meu desejo 

Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz 

A flor dos lábios entreaberta para o beijo 

A pele a fulgurar todo o pólen da luz. 

 

Uma linda mulher com os seios em repouso 

Nua e quente de sol — eis tudo o que eu preciso 

O ventre terso, o pêlo úmido, e um sorriso 

À flor dos lábios entreabertos para o gozo. 

 

Uma mulher ao sol sobre quem me debruce 

Em quem beba e a quem morda e com quem me lamente 

E que ao se submeter se enfureça e soluce 

 

E tente me expelir, e ao me sentir ausente 

Me busque novamente – e se deixa a dormir 

Quando, pacificado, eu tiver de partir… 

 

A bordo do Andrea C, a caminho da França, nov. 1956.

 

 

Depois deste sonhado e desejado prazer, um ciclo de quatro deliciosos e tematicamente originais sonetos: Os Quatro Elementos.

Reflectindo sobre a volúpia do contacto do corpo com a natureza, aqui os quatro elementos: terra, ar, água e fogo, lemos do prazer a sua enunciação. 

É no dispositivo narrativo que a originalidade dos sonetos surge. Temos um casal de amantes; a mulher amada quando exposta a cada elemento da natureza, um por soneto, desenvolve atitudes de prazer que desencadeiam o ciúme do amante e provocam a sua intervenção num comportamento de antes eu que ele, como se lerá a seguir…

 

 

OS QUATRO ELEMENTOS

 

I — O FOGO

 

O sol, desrespeitoso do equinócio

Cobre o corpo da Amiga de desvelos

Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pelos

Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio.

 

E ainda, ademais, deixa que a brisa roce

O seu rosto infantil e os seus cabelos

De modo que eu, por fim, vendo o negócio

Não me posso impedir de pôr-me em zelos.

 

E pego, encaro o Sol com ar de briga

Ao mesmo tempo que, num desafogo

Proibo-a formalmente que prossiga

 

Com aquele dúbio e perigoso jogo…

E para protegê-la, cubro a Amiga

Com a sombra espessa do meu corpo em fogo.

 

 

II — A TERRA

 

Um dia, estando nós em verdes prados

Eu e a Amada, a vagar, gozando a brisa

Ei-la que me detém nos meus agrados

E abaixa-se, e olha a terra, e a analisa

 

Com face cauta e olhos dissimulados

E, mais, me esquece; e, mais, se interioriza

Como se os beijos meus fossem mal dados

E a minha mão não fosse mais precisa.

 

Irritado, me afasto; mas a Amada

À minha zanga, meiga, me entretém

Com essa astúcia que o sexo lhe deu.

 

Mas eu que não sou bobo, digo nada…

Ah, é assim… (só penso) Muito bem:

Antes que a terra a coma, como eu.

 

 

III — O AR

 

Com mão contente a Amada abre a janela

Sequiosa de vento no seu rosto

E o vento, folgazão, entra disposto

A comprazer-se com a vontade dela.

 

Mas ao tocá-la e constatar que bela

E que macia, e o corpo que bem posto

O vento, de repente, toma gosto

E por ali põe-se a brincar com ela.

 

Eu a princípio, não percebo nada…

Mas ao notar depois que a Amada tem

Um ar confuso e uma expressão corada

 

A cada vez que o velho vento vem

Eu o expulso dali, e levo a Amada:

— Também brinco de vento muito bem!

 

 

IV — A ÁGUA

 

A água banha a Amada com tão claros

Ruídos, morna de banhar a Amada

Que eu, todo ouvidos, ponho-me a sonhar

Os sons como se foram luz vibrada.

 

Mas são tais os cochichos e descaros

Que, por seu doce peso deslocada

Diz-lhe a água, que eu friamente encaro

Os fatos, e disponho-me à emboscada.

 

E aguardo a Amada. Quando sai, obrigo-a

A contar-me o que houve entre ela e a água:

— Ela que me confesse! Ela que diga!

 

E assim arrasto-a à câmara contígua

Confusa de pensar, na sua mágoa

Que não sei como a água é minha amiga.

 

Montevidéu, abril de 1960.

Poemas transcritos de Livro de Sonetos, 3.ª edição, Editora Sabiá, Rio de Janeiro, 1967.

Abre o artigo a imagem de uma pintura de Tom Wesselmann (1931-2004). A pintura pertence à série Sunset Nudes (2002-2004).

 

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Vinicius de Moraes — Balada das duas mocinhas de Botafogo

11 Quinta-feira Abr 2019

Posted by viciodapoesia in Poesia Brasileira sec. XX

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Vinicius de Moraes

Habituados que estamos à poesia luminosa de Vinicius de Moraes (1913-1980), encontrar o mundo de trevas de Marília e Mariana é uma dolorosa surpresa. Dolorosa pela história contada no poema-narrativa, não pela arte poética, que suprema, nos faz mergulhar no tenebroso da vida e do abismo para onde ela arrasta algumas criaturas.

 

Balada das duas mocinhas de Botafogo

Eram duas menininhas
Filhas de boa família:
Uma chamada Marina
A outra chamada Marília.
Os dezoito da primeira
Eram brejeiros e finos
Os vinte da irmã cabiam
Numa mulher pequenina.
Sem terem nada de feias
Não chegavam a ser bonitas
Mas eram meninas-môças
De pele fresca e macia.
O nome ilustre que tinham
De um pai desaparecido
Nelas deixara a evidência
De tempos mais bem vividos.
A mãe pertencia à classe
Das largadas de marido:
Seus oito lustros de vida
Davam impressão de mais cinco.
Sofria muito de asma
E da desgraça das filhas
Que, posto boas meninas
Eram tão desprotegidas
E por total abandono
Davam mais do que galinhas.

Casa de porta e janela
Era a sua moradia
E dentro da casa, aquela
Mãe pobre, e melancolia…
Quando à noite as menininhas
Se aprontavam pra sair
A loba materna uivava
Suas torpes profecias.
De fato, deve ser triste
Ter duas filhas assim
Que nada tendo a ofertar
Em troca de uma saída
Dão tudo o que têm aos homens:
A mão, o sexo, o ouvido
E até mesmo, quando instadas
Outras flores do organismo.

Foi assim que se espalhou
A fama das menininhas
Através do que esse disse
E do que aquele diria.

Quando a um grupo de rapazes
A noite não era madrinha
E a caça de mulher grátis
Resultava-lhes maninha
Um deles qualquer lembrava
De Marília e de Marina
E um telefone soava
De um constante toque cínico
No útero de uma mãe
E suas duas filhinhas.

Oh, vida tôrva e mesquinha
A de Marília e Marina
Vida de porta e janela
Sem amor e sem comida
Vida de arroz requentado
E média com pão dormido
Vida de sola furada
E cotovelo puído
Com seios moços no corpo
E na mente sonhos idos!

Marília perdera o seu
Nos dedos de um caixeirinho
Que o que dava em coca-cola
Cobrava em rude carinho.
Com quatorze apenas feitos
Marina não era mais virgem
Abrira os prados do ventre
A um treinador pervertido.
Embora as lutas do sexo
Não deixem marcas visíveis
Tirante as flores lilases
Do sadismo e da sevícia
Às vezes deixam no amplexo
Uma grande náusea íntima
E transformam o que é de gosto
Num desgosto incoercível.

E era esse bem o caso
De Marina e de Marília
Quando sozinhas em casa
Não tinham com quem sair.
Ficavam olhando paradas
As paredes carcomidas
Mascando bolas de chicles
Bebendo água de moringa.
Que abismos de desconsolo
Ante seus olhos se abriam
Ao ouvirem a asma materna
Silvar no quarto vizinho!
Os monstros da solidão
Uivavam no seu vazio
E elas então se abraçavam
Se beijavam e se mordiam
Imitando coisas vistas
Coisas vistas e vividas
E enchendo as frondes da noite
De pipilares tardios.

Ah, se o sêmen de um minuto
Fecundasse as menininhas
E nelas crescessem ventres
Mais do que a tristeza íntima!
Talvez de novo o mistério
Morasse em seus olhos findos
E nos seus lábios inconhos
Enflorescessem sorrisos.
Talvez a face dos homens
Se fizesse, de maligna
Na doce máscara pensa
Do seu sonho de meninas!

Mas tal não fosse o destino
De Marília e de Marina.
Um dia, que a noite trouxe
Coberto de cinzas frias
Como sempre acontecia
Quando se achavam sozinhas
No velho sofá da sala
Brincaram-se as menininhas.
Depois se olharam nos olhos
Nos seus pobres olhos findos
Marina apagou a luz
Deram-se as mãos, foram indo
Pela rua transversal
Cheia de negros baldios.
Às vezes pela calçada
Brincavam de amarelinha
Como faziam no tempo
Da casa dos tempos idos.
Diante do cemitério
Já nada mais se diziam.
Vinha um bonde a nove-pontos..
Marina puxou Marília
E diante do semovente
Crescendo em luzes aflitas
Num desesperado abraço
Postaram-se as menininhas.

Foi um só grito e o ruído
Da freada sobre os trilhos
E por toda a parte o sangue
De Marília e de Marina.

in O Mergulhador, poemas de Vinicius de Moraes ilustrado com fotografias de seu filho Pedro de Moraes, Edição do Atelier de Arte, Rio de Janeiro, 1968.

Abre o artigo a imagem de um detalhe de uma pintura de Théodore Chassériau (1819-1856), As duas irmãs do pintor, pertença da colecção do Museu do Louvre.

A escolha da imagem não tem qualquer associação à vida das irmãs de Botafogo. Apenas na eloquência da sua visível falta de alegria, encontro o trágico mistério que por vezes se esconde sob vidas aparentemente banais.

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