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O afastamento, a distância de quem nos é querido, têm nas imagens poéticas em torno dos olhos alguns dos mais belos poemas de sempre da poesia portuguesa. Um deles é este Cantiga, partindo-se, publicado por Garcia de Resende no seu Cancioneiro Geral, e atribuído a Jorge Roiz de  Castelo-Branco (14??-1515), que agora acrescento ao meu cânone pessoal.

Cantiga, partindo-se

Senhora, partem tão tristes

meus olhos por vós, meu bem,

que nunca tão tristes vistes

outros nenhuns por ninguém.

 

Tão tristes, tão saüdosos,

tão doentes da partida,

tão cansados, tão chorosos,

da morte mais desejosos

cem mil vezes que da vida,

partem tão tristes os tristes,

tão fora de esperar bem,

que nunca tão tristes vistes

outros nenhuns por ninguém.

Jorge Roiz de  Castelo-Branco (14??-1515)

Transcrevi a versão de José Régio em português moderno publicada em  as mais belas poesias do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, 1962, publicada por Realizações Artis.

E agora, com música de Alain Oulman, o poema na voz sublime de Amália