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Poema de Amor – Natércia Freire, com pintura de Matisse

29 Sábado Dez 2012

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poetas e Poemas

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Matisse, Natércia Freire

Matisse conversa 1908As mulheres são quem faz do mundo um lugar onde apetece viver. Sabem do amor, numa ciência provavelmente inata, todo o alfabeto, e nós homens, com elas, temos apenas que aprender.

Hoje, vou a Natércia Freire (1920-2004) e ao seu Poema de Amor buscar a palavra poética que dá corpo ao que afirmei:

Teu rosto, no meu rosto, descansado. /  Meu corpo, no teu corpo, adormecido.
…
Meu rosto, no teu rosto de horizontes, / Meu corpo, no teu corpo, a flutuar.

É a total entrega, levando à fusão pelo amor, o que este poema nos trás, a nós, Românticos amantes, viajantes eternos, que nem sempre fazemos ou somos capazes, do que de nós se espera:

olham por nós na hora que se esvai!

Feitas as apresentações, passemos ao poema:

Poema de amor

Teu rosto, no meu rosto, descansado.
Meu corpo, no teu corpo, adormecido.
Bater de asas, tão longe, noutro tempo,
sem relógio nem espaço proibido.

Oh, que atónitos olhos nos contemplam,
nos sorriem, nos dizem: Sossegai!
Românticos amantes, viajantes eternos,
olham por nós na hora que se esvai!

Que música de prados e de fontes!
Que riso de águas vem para nos levar?
Meu rosto, no teu rosto de horizontes,
Meu corpo, no teu corpo, a flutuar.

À ironia da escolha da pintura de Matisse (1869-1964) com que abro o artigo, acrescento a opulência da beleza feminina, tal com vista pelo Mestre na idade madura, em 1935, O Nu Rosa, pintura que me incendeia a imaginação desde a adolescência.

Matisse - O nu rosa 1935

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Hombres que me servísteis de verano, poema de Carilda Oliver

08 Quinta-feira Mar 2012

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poetas e Poemas

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Carilda Oliver, Matisse

Termino a viagem à poesia no feminino vinda da América Central, com uma paragem em Cuba pela letra de um soneto de Carilda Oliver (1924), Hombres que me servísteis de verano.

Nesta evocação dos homens de uma vida, não há rancores mas agradecimento:

Sabed todos que os llevo de la mano.

 

Hombres que me servísteis de verano

Ése que no dejó de ser mi amante

y al que le debo siempre sepultura,

uno a quien nunca quise lo bastante;

aquél, obra de sueño, conjectura…

 

Alguien que jugó a nada y tuvo suerte,

otro que no ha venido de la guerra,

éste donde converso con mi muerte

porque me lo disputa hasta la tierra.

 

Salid de la memoria evocadora

con vuestro amor, pues tengo frío ahora!

Sabed todos que os llevo de la mano.

 

Vuestras sombras estallan como um mito

de vez en quando aquí. Sois lo bendito,

hombres que me servisteis de verano.

 

Publicado em La ceiba me dijo tú, 1979

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Poema Primero de Eunice Odio

08 Quinta-feira Mar 2012

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poetas e Poemas

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Eunice Odio, Matisse

Regresso poeticamente à América Central, e desta vez à Costa Rica para, pela inspiração de Eunice Odio (1919-1974), lermos o seu POEMA PRIMERO (Posesión en el sueño).

Poucas vezes, um homem, qualquer homem, terá ouvido de uma mulher:

Tu cintura en que el día parpadea  / llenando con su olor todas las cosas, / … entre outra belas coisas que o poema nos diz.

Leia-mo-lo:

Ven

Amado

 

Te probaré con alegría

Te soñaré conmigo esta noche.

 

Tu cuerpo acabará

donde comience para mi

la hora de tu fertilidad y tu agonia;

y porque somos llenos de congoja

mi amor por ti ha nacido con tu pecho,

es que te amo en principio por tu boca.

 

Ven

Comeremos en el  sitio de mi alma.

 

Antes que yo se te abrirá mi cuerpo

como mar despeñado e lleno

hasta el crepúsculo de peces.

Porque tu eres bello,

hermano mío,

eterno mío dulcíssimo.

 

Tu cintura en que el día parpadea

llenando con su olor todas las cosas,

tu decision de amar,

de súbito,

desembocando inesperado a mi alma,

tu sexo matinal

en que descansa el borde del mundo

y se dilata.

 

Ven

 

Te probaré con alegría.

 

Manojo de lámparas será a mís pies tu voz.

 

Hablaremos de tu cuerpo

con alegria puríssima,

como niños desvelados a cuyo salto

fue descubierto apenas, otro niño,

y desnudado su incipiente arribo,

y conocido en su futura edad, total, sin diámetro,

en su corriente genital más próxima,

sin cauce, en apretada soledad.

 

Ven

te probaré con alegría.

 

Tu soñarás conmigo esta noche,

y anudarás aromas caídos nuestras bocas.

 

Te poblaré de alondras y semanas

eternamente oscuras y desnudas.

 

Publicado em Los elementos terrestres, 1947

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Matisse e a alegria de viver

28 Sábado Maio 2011

Posted by viciodapoesia in Convite à arte

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Henri Rousseau, Matisse

Le bonheur de vivre, quadro a que Matisse chamou “a minha Arcádia”, foi pintado em 1905 e representou uma viragem na pintura do mestre.

Nesse verão de 1905, em Collioure, estancia de veraneio nos Pirinéus orientais, Matisse então com 36 anos, teve a oportunidade de se interrogar sobre o sentido e propósito do que pintava, e com este Bonheur de vivre respondeu à sua própria interrogação e desejo, consubstanciado na experssão “como fazer as minhas cores cantar”.

Em Le bonheur de vivre, aqui reproduzido, onde pares nus se espraiam numa paisagem de uma alacridade estonteante, a dança de roda pintada na zona central ecoa uma antiga dança dos pescadores de Collioure, e foi retomada como assunto único no famoso quadro do Hermitage, Dance (II), de 1909/10.

O colorido de Le bonheur de vivre, de alguma forma reminiscência do mercado local de frutas e legumes, traduz o que mais tarde na pintura do século XX veio a chamar-se a luz e cor do sul.

Le bonher de vivre, incompreendido pelos seus amigos mais próximos, incluindo Signac, com quem chegou à rotura, foi a única pintura submetida por Matisse ao Salon des Independents em Março de 1906. E o escândalo não podia ter sido maior: “Matisse teve o maior sucesso da sua carreira em termos de hilariedade esse ano, penso” escreveu mais tarde Berthe Weill no seu Pan! Dans l’oeil! de 1933.

Para terdes uma ideia do que era o Salon, acrescento a pintura de Henri Rousseau que o documenta.

A memória do escândalo não desapareceu, e cinquenta anos depois, em 1957,  Janet Flanner no livro Man and Monuments, descrevia como os parisienses que ainda recordavam o acontecimento referiam que desde a porta de entrada do Salon se ouvia uma barulheira e quem chegava era guiado por ela até encontrar uma multidão galhofeira apertada frente à apaixonada visão de felicidade do pintor. Parece que entre a multidão havia de tudo menos apoio, desde gargalhadas à algazarra de escárnio e conversas zangadas.

Foi tal o escândalo que engraçados afixaram cartazes no café Lapin Agile em Montmartre, vizinho do novo atelier do pintor, com os dizeres ”Pintores mantenham-se afastados de Matisse”, e também, “Matisse causa mais dano num ano que uma epidemia”, ou ainda “Matisse põe-vos loucos”.

A imprensa popular saboreou o acontecimento, e entre os experts da época os comentários eram variações sobre a opinião de que Matisse tinha sobreposto teorias ao seu indubitável talento, e isto porque, com esta pintura dissera adeus ao que por algum tempo se chamou neo-impressionismo. Os detalhes desta violenta guerra estética são saborosos de seguir, incluindo o papel de André Gide na arruaça.

Uma das consequências do escandalo foi que a segunda exposição individual de Matisse, inaugurada em Paris na véspera da abertura do Salon, se saldou por um fiasco.

Por outro lado tanto o entusiasmo de Leo Stein (irmão de Gertrude Stein) com este Le bonheur de vivre e com a pintura de Matisse a partir daí, bem como a história do encontro que este Le bonher de vivre desencadeou entre Matisse e o magnate russo Shchukin, terá que ficar para outra visita ao pintor, sendo que, para quem não saiba, Shchukin foi o coleccionador que reuniu os Monet, Renoir, Van Gogh, Cezanne, Gaugin, Matisse,…, que hoje pertencem à colecção do Hermitage.

Os pormenores sobre o escândalo na sequência da apresentação de Le bonheur de vivre no Salon des Independents, recolhi-os no livro de Hilary Spurling – The unknown Matisse publicado pela Penguin Books em 1998.

Excepcionalmente, fazendo click sobre Le bonheur de vivre, obtém-se uma imagem substancialmente ampliada

Ficha técnica das pinturas

Matisse – Le bonheur de vivre: Óleo sobre tela com 175 x 241 cm

Matisse – Dance (II): Óleo sobre tela com 260 x 391 cm

Henri Rousseau – A liberdade convida os artistas a tomar parte no 22º Salon des Independents: Óleo sobre tela com 175 x 118cm

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