Etiquetas

,

Matisse conversa 1908As mulheres são quem faz do mundo um lugar onde apetece viver. Sabem do amor, numa ciência provavelmente inata, todo o alfabeto, e nós homens, com elas, temos apenas que aprender.

Hoje, vou a Natércia Freire (1920-2004) e ao seu Poema de Amor buscar a palavra poética que dá corpo ao que afirmei:

Teu rosto, no meu rosto, descansado. /  Meu corpo, no teu corpo, adormecido.

Meu rosto, no teu rosto de horizontes, / Meu corpo, no teu corpo, a flutuar.

É a total entrega, levando à fusão pelo amor, o que este poema nos trás, a nós, Românticos amantes, viajantes eternos, que nem sempre fazemos ou somos capazes, do que de nós se espera:

olham por nós na hora que se esvai!

Feitas as apresentações, passemos ao poema:

Poema de amor

Teu rosto, no meu rosto, descansado.
Meu corpo, no teu corpo, adormecido.
Bater de asas, tão longe, noutro tempo,
sem relógio nem espaço proibido.

Oh, que atónitos olhos nos contemplam,
nos sorriem, nos dizem: Sossegai!
Românticos amantes, viajantes eternos,
olham por nós na hora que se esvai!

Que música de prados e de fontes!
Que riso de águas vem para nos levar?
Meu rosto, no teu rosto de horizontes,
Meu corpo, no teu corpo, a flutuar.

À ironia da escolha da pintura de Matisse (1869-1964) com que abro o artigo, acrescento a opulência da beleza feminina, tal com vista pelo Mestre na idade madura, em 1935, O Nu Rosa, pintura que me incendeia a imaginação desde a adolescência.

Matisse - O nu rosa 1935