Etiquetas

,

Botero 00La cabeza hermosissima caía / del lado de los sueños;

Abro com estes versos de um soneto do colombiano Eduardo Carranza (1913-1985) uma curta digressão pela pintura de Fernando Botero (1932).

A pintura de Fernando Botero utiliza uma linguagem tipificada na representação do corpo humano que a identifica de imediato. Trata-se de uma representação grotesca do corpo que a ternura de alguns olhares consegue mitigar. A utilização de cores puras e frequentemente contrastadas, preenchendo um desenho preciso, criam uma representação que choca ao primeiro olhar, pelo menos em grande parte da sua obra.

Grotescos, aqueles seres, mais bonecos que gente, e poderiam fazer parte de uma linha de brinquedos infantis, inspiram uma enorme ternura.

Na verdade, belos ou feios, sofisticados ou ridículos na aparência e atitudes, somos todos humanos, e é na alma que nos revemos ou encontramos.

No que imaginar possam, deixo-vos a companhia desta humanidade inventada por Botero. No final o soneto de Eduardo Carranza citado em abertura.

Botero 01

OLYMPUS DIGITAL CAMERA

Botero 03

Botero 04

Botero 05

Botero 06

Botero 07

Botero 08

Botero 09

Soneto Insistente

 
La cabeza hermosissima caía

del lado de los sueños; el verano

era um jazmín sin bordes y en su mano

como un pañuelo azul flotaba el día

 
Y su boca de súbito caía

del lado de los besos; el verano

la tenía en la palma de la mano,

hecha de amor: Oh, qué melancolía.

 
A orillas de este amor cruzaba un río;

sobre este amor una palmera era:

agua del tiempo y cielo de poesía.

 
Y el río se llevó todo lo mío:

la mano y el verano y mi palmera

de poesía. Oh, qué melancolía.

in Azul en ti (1944)