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Por tempos de Advento, tempo em que repensar o nascer se faz oportuno, alguns poemas surgirão dando o mote ao Natal que se avizinha.
Abro com um poema de António Gedeão (1906-1997) – LÍRIO ROXO
LÍRIO ROXO
Viajei por toda a Terra
Desde o Norte até ao sul;
Em toda a parte do Mundo
Vi mar verde e céu azul.
Em toda a parte vi flores
Romperem do pé do chão,
Universais, como as dores
Do mundo
Que em toda a parte se dão.
Vi sempre estrelas serenas
E as ondas morrendo em espuma.
Todo o Sol um Sol apenas,
E a Lua sempre só uma.
Diferente de quanto existe
Só a dor que me reparte,
Enquanto em mim morro triste,
Nasço alegre em toda a parte.
Na sua admirável singeleza, este canto à unidade do Mundo conta e canta o óbvio que tendemos a esquecer: Em toda a parte vi flores / Romperem do pé do chão, / Universais, como as dores / Do mundo / Que em toda a parte se dão. qual seja a imensa contribuição da cultura ocidental dada ao mundo através do Cristianismo: todos os homens nascem iguais perante Deus. Cada um de nós diferente entre iguais: Diferente de quanto existe / Só a dor que me reparte, / Enquanto em mim morro triste, / Nasço alegre em toda a parte.