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A aventura polaca que há dias aqui contei fez-me ir à poesia de Wislawa Szymborska (1923) poetisa de Cracóvia e Prémio Nobel da Literatura em 1996, para com ela referir o que permanece uma surpresa de todos os dias:
Alguns gostam de poesia
Alguns –
quer dizer nem todos.
Nem a maioria de todos, mas a minoria.
Excluindo escolas, onde se deve
e os próprios poetas,
serão talvez dois em mil.
Gostam –
mas também se gosta de canja de massa,
gosta-se da lisonja e da cor azul,
gosta-se de um velho cachecol,
gosta-se de levar a sua avante,
gosta-se de fazer festas a um cão.
De poesia –
mas o que é a poesia?
Algumas respostas vagas
já foram dadas,
mas eu não sei e não sei, e a isto me agarro
como a um corrimão providencial.
A tradução é assinada por Elizbieta Milewska e Sérgio das Neves e foi publicada na Antologia Alguns gostam de poesia em edição da Cavalo de Ferro, 2004.