• Autor
  • O Blog

vicio da poesia

Tag Archives: William Carlos Williams

Réplica — poema de William Carlos Williams

25 Domingo Fev 2018

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

≈ 6 comentários

Etiquetas

Richard Diebenkorn, William Carlos Williams

Amor, água, e poesia, trilogia para limpar o mundo, e fazê-lo à nossa medida, é o postulado de William Carlos Williams(1883-1963) no poema Riposte. São parte do essencial da vida, como o ar que respiramos, e por isso, o poeta nos aconselha a que os fechemos under lock and key, para que não se percam.
A tradução de José Manuel Mendes acompanha de forma precisa o original, dando-nos em português um poema magnífico.

 

 

Réplica

 

O amor é como a água,
queridos concidadãos:
purifica e dissipa os gases nocivos.
É como a poesia também
e pelas mesmas razões.

O amor é um tesouro de tal modo valioso,
queridos concidadãos,
que, no vosso lugar,
a sete chaves o guardaria…
como o ar ou o Atlântico ou
como a poesia!

Tradução de José Manuel Mendes
in Cinzas da Véspera, Ed. do Autor, 2012.

 

 

 

Poema original

 

 

Riposte

Love is like water or the air
my townspeople;
it cleanses, and dissipates evil gases.
It is like poetry too
and for the same reasons.
Love is so precious
my townspeople
that if I were you I would
have it under lock and key—
like the air or the Atlantic or
like poetry!

 

Publicado pela primeira vez no livro Al Que Quiere! A Book of Poems, 1917.
Transcrito de The Collected Poems of William Carlos Williams, vol.I 1909-1939, New Directions, 1991.

 

 

Abre o artigo a imagem de um detalhe de uma pintura de Richard Diebenkorn (1922-1993), Ocean Park #79.

 

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Dois retratos de mulher por William Carlos Williams

14 Sexta-feira Fev 2014

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poetas e Poemas

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Ernst Ludwig Kirchner, William Carlos Williams

Ernst Ludwig Kirchner (German, 1880–1938) 3014 de Fevereiro, Dia de Namorados, que a nossa sociedade mediatizada e sufocada pela publicidade transformou em obrigação de comemorar — mesmo quando entre apaixonados Dia de Namorados são todos os dias — e simultaneamente criou uma desmesurada angústia, sobretudo feminina e adolescente, quando o namorado não existe para celebrar o auspicioso dia. Adiante.

Ernst Ludwig Kirchner (German, 1880–1938) 21O nosso tempo é o que é, e com o nosso comportamento lá o vamos alimentando, hoje com pequeninos corações vermelhos, amanhã com enfeites de outra cor, seguramente.

Deixemo-nos de preâmbulos e passemos à poesia com dois retratos femininos por William Carlos Williams (1883-1963): um Retrato proletário e um Retrato de uma senhora. É a condição social a diferenciar tudo nestes poemas. Para o Retrato proletário apenas os sinais exteriores do vestir desenham o ser humano, num pudor de linguagem que liberta a imaginação para desenhar a mulher por detrás da jovem que procura o prego no sapato:

 Ragazza nel prato; la fligia Langre

Retrato proletário

 

Uma jovem alta sem chapéu

de avental

 

Parada na rua com o cabelo

puxado para trás

 

Um pé com a peúga tocando

a calçada

 

O sapato na mão. Examinando-o

atentamente

 

Retira a palmilha

à procura do prego

 

Que a magoava tanto

 

Tradução do poeta José Agostinho Baptista,

in Antologia Breve, Assírio & Alvim, Lisboa, 1995.

Ernst Ludwig Kirchner (German, 1880–1938). Dodo with a Feather Hat (Dodo mit Federhut), 1911Para o Retrato de uma senhora, é o tapa-destapa que incita o desejo do corpo, o pretexto para o retrato.

Tendo como mote as figuras femininas do século XVIII francês, pintadas por Watteau e Fragonard, e de algum modo arquétipos, até há pouco tempo, da feminilidade na ociosidade do seu viver, cuja  preocupação única seria o cuidado do corpo numa vida sem-que-fazer; eram figuras de mulher onde uma quase evanescência se cristalizava e as peculiaridades de comportamento se aceitavam. Foram modelos de excelência para ajudar à divagação dos homens, e à afirmação de um preciso conceito de masculinidade social. E é exactamente nas sociedades do Novo Mundo que este modelo regressa como paradigma de um viver mítico onde a fantasia em torno ao Dia dos Namorados se enquadra.

 Signora nel bosco; ritrato di Nina Hard a sinistra

Retrato de uma senhora

 

Suas coxas são macieiras

cujas flores tocam o céu.

Que céu? O céu

onde Watteau dependurou

uma sandália de mulher.

E seus joelhos

são uma brisa do sul

— ou uma rajada de neve.

Mas ah! que espécie

de homem era Fragonard?

— como se isso respondesse

a alguma coisa. Ah, sim, abaixo

dos joelhos — pois a canção

cai desse jeito, é um

desses dias brancos de verão,

a erva alta dos tornozelos

adeja por sobre a praia —

Que praia?

Ah, talvez pétalas. Como

saberia eu?

Que praia? Que praia?

Eu disse pétalas de macieira.

 

Tradução do poeta Odylo Costa, filho,

in Cantiga Incompleta, Livraria José Olympio Editora, Rio, 1971.

 

Para o poema Retrato de uma senhora, ocupam-se os estudiosos a dilucidar qual o papel da referência a Watteau, uma vez que a pintura tomada como pretexto é O baloiço de Fragonard. Questão que me parece de somenos, mas para leitores curiosos, e para a pintura de Fragonard, remeto para o artigo do blog com o poema de Jorge de Sena sobre o assunto onde se encontram também as reproduções dos dois quadros de Fragonard com baloiço.

 

Nota sobre as imagens

As imagens reproduzem pinturas de Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938).

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Riposte – poema de William Carlos Williams

12 Sábado Out 2013

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

≈ 1 Comentário

Etiquetas

William Carlos Williams

Jackiewicz_W_adys_aw-Akt-VO amor, preocupação permanente da humanidade e assunto eterno da poesia, encontra frequentemente formas inesperadas e tocantes de se exprimir.

Em imagens preciosas de limpidez e concisão compara William Carlos Williams (1883-1963) amor e poesia neste seu poema, Riposte, publicado pela primeira vez em 1917, no livro do estreia do poeta, Al Que Quiere!

Riposte

Love is like water or the air

my townspeople;

it cleanses, and dissipates evil gases.

It is like poetry too

and for the same reasons.

 

Love is so precious

my townspeople

that if I were you I would

have it under lock and key—

like the air or the Atlantic or

like poetry!

Acrescento ao original transcrito uma bela tradução do poeta José Manuel Mendes(1948).

 

Réplica

O amor é como a água,

queridos concidadãos;

purifica e dissipa os gases nocivos.

É como a poesia também

e pelas mesmas razões.

 

O amor é um tesouro de tal modo valioso,

queridos concidadãos,

que, no vosso lugar,

a sete chaves o guardaria —

como o ar ou Atlântico ou

como a poesia!

 

Tradução de José Manuel Mendes publicada no livro Cinzas de Véspera, Dezembro de 2012, em edição do autor, fora do mercado, e para oferta.

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

A parábola dos cegos de Pieter Brueghel o Velho, e o poema de William Carlos Williams

19 Terça-feira Fev 2013

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poetas e Poemas

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Pieter Brueguel o Velho, William Carlos Williams

Parábola dos cegos 01A par dos valores intrinsecamente plásticos na pintura de Pieter Brueguel o Velho (1525-1569), que nos encantam o olhar pelo movimento e colorido das cenas pintadas, existe um lado documental sobre aquele mundo do século XVI longe a vida da corte, que transforma a contemplação desta pintura num mergulho na história e vicissitudes da condição humana.

Escolho para hoje a ilustração da parábola dos cegos, que no terrível da sua representação nos compunge e empurra para a reflexão sobre o que nos nossos dias de semelhante existe.

Enquanto leitura metafórica, a pintura remete-nos para a cegueira com que cada homem caminha na vida, seguindo os outros e não buscando por si o seu caminho, num percurso em que o tropeçar nos erros e no desconhecido é inevitável. Esta cegueira metafórica, no contexto da época do pintor, é sobretudo moral e religiosa, a qual conduz à miséria da vida terrena.

O poeta norte-americano William Carlos Williams (1883-1963) reflectiu em poesia, num famoso livro de 1962, e prémio Pulitzer, Pictures from Brueghel and Other Poems, sobre esta obra. No final transcrevo o poema no original, The Parable of the Blind, desconhecendo se existe alguma versão portuguesa dele.

Agora alguns detalhes de tão fabuloso quadro.

Parábola dos cegos 03

Parábola dos cegos 091

Parábola dos cegos 08

Parábola dos cegos 09

Parábola dos cegos 092

The Parable of the Blind

This horrible but superb painting
the parable of the blind
without a red

in the composition shows a group
of beggars leading
each other diagonally downward

across the canvas
from one side
to stumble finally into a bog

where the picture
and the composition ends back
of which no seeing man

is represented the unshaven
features of the des-
titute with their few

pitiful possessions a basin
to wash in a peasant
cottage is seen and a church spire

the faces are raised
as toward the light
there is no detail extraneous

to the composition one
follows the others stick in
hand triumphant to disaster

 

Partilhar:

  • Tweet
  • Carregue aqui para enviar por email a um amigo (Abre numa nova janela) E-mail
  • Partilhar no Tumblr
  • Clique para partilhar no WhatsApp (Abre numa nova janela) WhatsApp
  • Pocket
  • Clique para partilhar no Telegram (Abre numa nova janela) Telegram
Gosto Carregando...

Visitas ao Blog

  • 2.348.830 hits

Introduza o seu endereço de email para seguir este blog. Receberá notificação de novos artigos por email.

Junte-se a 894 outros subscritores

Página inicial

  • Ir para a Página Inicial

Posts + populares

  • Fernando Pessoa - Carta da Corcunda para o Serralheiro lida por Maria do Céu Guerra
  • As três Graças - escultura de Canova e um poema de Rufino
  • Pelo Natal com poemas de Miguel Torga

Artigos Recentes

  • Sonetos atribuíveis ao Infante D. Luís
  • Oh doce noite! Oh cama venturosa!— Anónimo espanhol do siglo de oro
  • Um poema de Salvador Espriu

Arquivos

Categorias

Site no WordPress.com.

Privacy & Cookies: This site uses cookies. By continuing to use this website, you agree to their use.
To find out more, including how to control cookies, see here: Cookie Policy
  • Subscrever Subscrito
    • vicio da poesia
    • Junte-se a 894 outros subscritores
    • Already have a WordPress.com account? Log in now.
    • vicio da poesia
    • Subscrever Subscrito
    • Registar
    • Iniciar sessão
    • Denunciar este conteúdo
    • Ver Site no Leitor
    • Manage subscriptions
    • Minimizar esta barra
 

A carregar comentários...
 

    %d