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A uns causa estranheza, a outros, onde me incluo, a comparação feita no poema de Alvaro de Campos entre a Vénus de Milo (escultura grega da colecção do museu do Louvre), arquétipo da beleza feminina pelos séculos, e o binómio de Newton, (solução matemática para um problema de cálculo descoberta pelo físico e matemático inglês, Sir Isaac Newton (1643-1727)), parece justíssima e um golpe de génio poético, a sua formulação.
O binomio de Newton é tão bello como a Venus de Milo.
O que ha é pouca gente para dar por isso.
(Alvaro de Campos)
óóóó—óóóóóó óóó—óóóóóóó óóóóóóóó
(O vento lá fóra)
Acompanho o poema com os seus protagonistas: a abrir, uma foto da Vénus de Milo, da colecção do museu do Louvre, e a seguir, a explicitação matemática do binómio de Newton.
A formulação do binómio de Newton escreve-se da seguinte forma:
onde os coeficientes são chamados coeficientes binomiais e definem-se como:
onde
e
são inteiros,
e
é o fatorial de x.
O coeficiente binomial traduz, em análise combinatória, o número combinações de n elementos agrupados k a k.
Quando atacado de insónias, leitor(a), é bom remédio manualmente desenvolver o cálculo arbitrando o x e y da vida, e escolher n e k à medida da insónia. (Deixo à vossa imaginação a matemática da coisa). Rapidamente chega o sono repousante.
Bons sonhos!
Nota bibliográfica
Transcrevi a versão ortográfica de Teresa Rita Lopes na sua edição crítica do Livro de Versos de Álvaro de Campos, o heterónimo de Fernando Pessoa (1888-1935), Editorial Estampa, Lisboa, 1993.