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“Se considerarmos os grandes pais espirituais da humanidade—Buda, Confúcio, Sócrates, Cristo —, ficaremos impressionados por um curioso paradoxo: hoje, nenhum deles poderia obter sequer um modesto lugar de professor numa das nossas universidades. A razão é simples: as suas qualificações são insuficientes: não publicaram nada.”
Simone Leys na introdução à sua tradução de Analectos de Confúcio.
Abro com esta citação, talvez merecedora de reflexão, sobre o que todos os dias aceitamos não tanto como conhecimento, mas como saber.
Acompanho habitualmente a disposição psicológica com as leituras que de alguma forma me tranquilizam, e muitas vezes delas aqui dou conta. Hoje vem ao caso uma citação de Confúcio, pensador cujas máximas a espaços conforta saborear.
O Mestre disse: “Um santo é coisa que não ouso esperar encontrar. Dar-me-ia por satisfeito se pudesse encontrar um homem de bem.”
O Mestre disse: “Um homem perfeito é coisa que não ouso esperar encontrar. Dar-me-ia por satisfeito se pudesse encontrar um homem de princípios. Quando o Nada passa por Alguma coisa, o Vazio passa por Plenitude e a Penúria passa por Prosperidade, é difícil ter princípios.”
Analectos, 7.26
Tradução de António Gonçalves a partir das versões francesa e inglesa de Pierre Rickmans (Simone Leys).
Abre o artigo um detalhe do fresco de Raffaello Sanzio (1483-1520), Escola de Atenas, pintado na Stanza della Segnatura dos Palácios Pontifícios do Vaticano, representando Platão e Aristóteles.
Segue-se uma vista da totalidade do fresco e alguns detalhes deste, dando-nos uma visão idealizada da transmissão do saber no convívio de sábios e estudantes.