Etiquetas
Soneto 2
Os trabalhos de amor são os mais leves
de quantos algum dia pratiquei
na cama as alegrias fazem lei
e se me queixo é só de serem breves
eu vivo atado às tuas mãos suaves
num nó de que este corpo já não sai
ferve o arco do sol a tarde cai
ardem voando pelo céu as aves
mágoas outrora muitas fabriquei
e em países salobros jornadeei
ao dorso das tristezas almocreves
a vez em que te amei um outro fui
comigo fiz a paz nada mais dói
e os trabalhos de amor nunca são graves
Lisboa
12-X93, 23-XII-93
Soneto 2 de Fernando Assis Pacheco (1937-1995) publicado em RESPIRAÇÃO ASSISTIDA, edição Assírio & Alvim, 2003.