Etiquetas
Há diálogos poéticos com a pintura que muitas vezes iluminam a obra iluminando-nos a nós, leitores dela, qual seja este poema de Kurt Tucholsky (1890-1935), contemporâneo de Fernando Pessoa, em que o sorriso de Mona Lisa, pintura de Leonardo da Vinci (1452-1519), se ilumina.
O sorriso da Mona Lisa
Não posso desviar de ti o olhar.
Pois, por sobre o homem que te guarda,
Estás suspensa, as mãos cruzadas devagar,
E sorris, calada.
És célebre como a tal Torre de Pisa,
O teu sorriso passa por ironia.
Sim… porque é que ri a Mona Lisa?
Ri-se de nós, por nós, apesar de nós, contra nós –
Ou que mais o teu riso diria?
Calma nos ensinas o que tem de acontecer.
Porque o teu retrato, Lisa, claro no-lo diz:
Quem deste mundo tanto pôde ver –
Cruza as mãos, cala e sorri, como tu sorris.
Tradução de Paulo Quintela
Para os leitores que dominem o alemão aqui fica o original do poema.
Das Lächeln der Mona Lisa
Ich kann den Blick nicht von dir wenden.
Denn über deinem Mann vom Dienst
hängst du mit sanft verschränkten Händen
und grienst.
Du bist berühmt wie jener Turm von Pisa,
dein Lächeln gilt für Ironie.
Ja … warum lacht die Mona Lisa?
Lacht sie über uns, wegen uns, trotz uns, mit uns, gegen uns –
oder wie –?
Du lehrst uns still, was zu geschehn hat.
Weil uns dein Bildnis, Lieschen, zeigt:
Wer viel von dieser Welt gesehn hat –
der lächelt, legt die Hände auf den Bauch und schweigt.
Como habitualmente, os leitores com curiosidade de saber mais sobre o poeta, encontram na Wikipédia informação fidedigna a que não sei acrescentar mais nada.