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Depois das seríssimas questões poeticamente abordadas nos últimos dias, volto à alegria simples da plenitude do amor com um curto poema de um nosso antepassado quando a península era o Al-Andaluz, Ibn Sâlih Ash-Shantamarî.
Os tempos eram violentos, as paixões também, e os homens encontravam repouso nos prazeres e no seu relato poético.
Aproveitai do curto poema para o longo prazer que ele revela.
na mais luminosa noite
repouso ao corpo não dei
e de meus olhos o sono
nessa noite eu apartei:
aos brincos dela as argolas
dos tornozelos juntei.
Aos leitores a escolha de qual o caminho para unir os brincos às argolas dos tornozelos, sendo certo que o nosso poeta nos diz — repouso ao corpo não dei — pudera…
Esta poética versão de uma noite de amor foi mudada para português por Adalberto Alves, e consta da antologia O Meu Coração é Árabe, Assírio & Alvim, Lisboa, 1999.
Diz-nos o antologiador que o poeta era natural de Faro, e terá vivido o século XII.
As pinturas que abrem e fecham o poema, são miniaturas da Índia do século XVIII, e pertencem à colecção do Museu Britânico.