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São ínvios os caminhos entre a razão e a crença. Matéria de fé e reserva de cada um, a Paixão de Cristo que o calendário cristão assinala faz-me trazer ao blog a evocação de Santo Agostinho (364-430) sobre a sua conversão cristã e a necessidade de Deus; e arquivar no blog as prodigiosas imagens da pintura de Rogier van der Weyden (1400-1464), Deposição de Cristo, do Museu do Prado, pintada cerca de 1435.
TARDE VOS AMEI
Tarde Vos amei, Ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei.
Habitáveis longamente dentro de mim, e eis-me lá fora a procurar-Vos.
Dispersava-me entre as formosuras que criastes.
Estáveis já comigo, sem que eu estivesse convosco!
Demorava-me naquilo que não existiria se não existisse por Vós.
Até que rompestes minha surdez, chamando por mim com voz tão forte.
Brilhastes, cintilastes por dentro da minha cegueira.
Exaltastes perfume: respirei-o e desejei-Vos com todas as forças.
Saboreei-Vos, e agora padeço de fome, morro de sede.
Tocastes-me, e sem a Vossa paz, sei que nunca mais terei paz!
Agostinho de Hipona