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Quando questões de cultura se põem publicamente, invariavelmente os asnos falam:
— Miró!… Quem vive de Miró? Quero lá mirar o Miró!
— Mas afinal que é isso de Miró? Come-se, bebe-se? Deve alguma coisa às finanças? Dá votos?
— Nada disso! AUMENTA AS EXPORTAÇÕES!
— Ena Pá, isso é bom! E há mais? Piró, Liró, por aí adiante? Vendido até às eleições, às tantas punha o défice a zero e a coisa corria-nos bem. Não?
— Isso não sei, mas podiam aproveitar a embalagem e vender também a Torre de Belém. Está para ali sem préstimo, e só a dar despesa…
Vem esta conversa a propósito das obras de Joan Miró (1893-1983) que o Estado Português pretende vender. Não as conheço, são segredo de alguns.
O Secretário de Estado da Cultura em funções já informou que conservar as obras na posse do Estado não é uma prioridade sua. Será dos portugueses?
Para amenizar a prosa, termino com mais algumas imagens de obras de Miró, pertença de colecções pelo mundo, onde valem para além do dinheiro que rendem, e por isso as conservam.
Depois do Sorriso das asas flamejantes, acabemos com A esperança do condenado à morte III.
P.S. para os leitores de outras paragens
O Estado Português comprou por via da nacionalização do BPN, em vez da falência do banco, uma colecção de obras de arte até hoje de conteúdo desconhecido dos portugueses, onde se incluem 85 obras do artista catalão Joan Miró. Propõe-se agora o Estado Português vendê-las em leilão em Londres, agendado já para Fevereiro de 2014. Espera, segundo a imprensa, obter 35 milhões de euros com essa venda.
O irrisório do dinheiro face à importância artística de semelhante património para o país, levou-me ao desabafo do artigo de hoje.
Acrescento ainda em post scriptum A mão apresentando um pássaro, óleo de 1926.
Essas obras são inestimáveis. Faz bem aos olhos e á alma! bjs.
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