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Homem com cachimbo - 1925. Óleo sobre tela. 146 x 114 cm. Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia. Madrid. España.Quando questões de cultura se põem publicamente, invariavelmente os asnos falam:

— Miró!… Quem vive de Miró? Quero lá mirar o Miró!

— Mas afinal que é isso de Miró? Come-se, bebe-se? Deve alguma coisa às finanças? Dá votos?

— Nada disso! AUMENTA AS EXPORTAÇÕES!

— Ena Pá, isso é bom! E há mais? Piró, Liró, por aí adiante? Vendido até às eleições, às tantas punha o défice a zero e a coisa corria-nos bem. Não?

— Isso não sei, mas podiam aproveitar a embalagem e vender também a Torre de Belém. Está para ali sem préstimo, e só a dar despesa…

O pássaro olhando tranquilamente as asas em chamas

Vem esta conversa a propósito das obras de Joan Miró (1893-1983) que o Estado Português pretende vender. Não as conheço, são segredo de alguns.

O gentlemanO Secretário de Estado da Cultura em funções já informou que conservar as obras na posse do Estado não é uma prioridade sua. Será dos portugueses?

Sesta - 1925. Museo Nacional de Arte Moderna. Centre Georges Pompidou. París. FrançaPara amenizar a prosa, termino com mais algumas imagens de obras de Miró, pertença de colecções pelo mundo, onde  valem para além do dinheiro que rendem, e por isso as conservam.

Interior holandês  1928, oleo sobre tela

Personagens na noite guiados pelos rastos fosforescentes dos caracóis

Paisagem catalã com caçador - 1923-1924. Óleo sobre tela 65 x 100 cm - Museo de Arte Moderna  New York

Retrato IV - 1938. Óleo sobre tela. 130 x 97 cm. Colecção privada

Da série A infancia de Ubu 1975

O sorriso das asas flamejantesDepois do Sorriso das asas flamejantes, acabemos com A esperança do condenado à morte III.

A esperança de condenado à morte III

P.S. para os leitores de outras paragens

O Estado Português comprou por via da nacionalização do BPN, em vez da falência do banco, uma colecção de obras de arte até hoje de conteúdo desconhecido dos portugueses, onde se incluem 85 obras do artista catalão Joan Miró. Propõe-se agora o Estado Português vendê-las em leilão em Londres, agendado já para Fevereiro de 2014. Espera, segundo a imprensa, obter 35 milhões de euros com essa venda.

O irrisório do dinheiro face à importância artística de semelhante património para o país, levou-me ao desabafo do artigo de hoje.

Acrescento ainda em post scriptum A mão apresentando um pássaro, óleo de 1926.

Mão apresentando um pássaro - 1926. Óleo sobre tela Colecção privada.