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Anselm Feuerbach, Carel van savoyen, Cornelis Cornelisz. van Haarlem, Eduard Lebiedzki, Franz Floris, Hendrick van Balen, Henri Pierre Picou, Jean Baptiste Regnault, Joachim Wtewael, Joan de Joanes, Julgamento de Páris, Luca Giordano, Pacecco, Peter Paul Rubens
Numa história de Agatha Christie é o desconhecimento de uma personagem sobre quem foi Páris, herói troiano, confundindo-o com a cidade de Paris, que leva à solução do mistério policial.
Na verdade, suponho, poucos serão os que hoje, perante uma pintura que represente O Julgamento de Páris, saberão descodificá-la e de que trata a representação.
Para começar, nesta história Páris não é réu mas sim juiz. E juiz da beleza feminina.
Páris, filho de Príamo, rei de Tróia, renegado pelo pai, de forma variada consoante as fontes, cresceu entre pastores, e adulto regressou a Tróia, sendo a sua identidade revelada. O episódio da lenda de Páris que hoje me interessa é o julgamento que terá estado na origem da guerra de Tróia.
Os deuses encontravam-se reunidos para celebrar as núpcias de Tétis e Peleu. Éris (a Discórdia) lançou para o meio deles uma bola de ouro, dizendo que deveria ser entregue à mais bela das três deusas: Atena, Hera e Afrodite. No Olimpo ninguém queria a responsabilidade da escolha e Zeus ordenou a Hermes que conduzisse as três deusas junto de Páris, e este julgaria a questão.
Na presença de Páris cada uma das deusas expôs os seus argumentos para ter direito à bola de ouro. Cada uma prometeu-lhe dons especiais se decidisse a seu favor: Hera entregava-lhe o domínio de toda a Ásia: Atena prometeu-lhe a sabedoria e a vitória em todos os combates; Afrodite limitou-se a oferecer-lhe o amor de Helena de Esparta, lendária beleza por quem Páris, escreve Ovídio, estaria apaixonado . Páris decidiu que Afrodite era a mais bela.
O episódio conta-o Ovídio numa das Cartas das Heroínas, a carta que Páris envia a Helena. Infelizmente não conheço tradução em português para vos mostrar.
Esta é uma lenda para os homens que preferem o amor ao poder, ao triunfo sobre os outros, e até à sabedoria.
Sobretudo nos séculos XVI e XVII, ainda que posteriormente não tenha desaparecido da pintura ocidental, o assunto foi tema de variadas pinturas, pois o pretexto era excelente para pintar nus femininos. De entre o acervo que conheço, e obtive imagens de qualidade, deixo uma escolha, e estendo-a até ao inicio do século XX. As características de escola e época estão lá, e como de costume apenas o génio de algum mestre traz o fulgor a um assunto codificado.