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Há poemas que se bastam, não aceitam o supérfluo de comentários, qual este Despedida de Jorge Luís Borges (1899-1986), que hoje transcrevo.
Despedida
Hão-de erguer-se entre o meu amor e eu
trezentas noites quais trezentos muros
e o mar será magia entre nós dois.
Apenas haverá recordações.
Oh tardes merecidas pela pena,
noites esperançadas ao olhar-te,
campos do meu caminho, firmamento
que vejo e vou perdendo…
Definitiva como um mármore,
a tua ausência irá entristecer as tardes.
À belíssima tradução de Fernando Pinto do Amaral incluída na edição portuguesa das Obras Completas de Borges, acrescento o original em castelhano.
Despedida
Entre mi amor y yo han de levantarse
trescientas noches como trescientas paredes
y el mar será una magia entre nosotros.
No habrá sino recuerdos.
Oh tardes merecidas por la pena,
noches esperanzadas de mirarte,
campos de mi camino, firmamento
que estoy viendo y perdiendo…
Definitiva como un mármol
entristecerá tu ausencia otras tardes.
O poema foi publicado originalmente em Fervor de Buenos Aires (1923), primeiro livro de Borges.