Porque a vida não é apenas metafísica, tenho que confessar uma fraqueza: a contemplação na cama de uma mulher nua, de costas, onde as formas dos ombros à anca se desenvolvem como se de um violoncelo se tratasse, é música para os meus olhos, e todo o corpo vibra. As mãos percorrem em caricias aquelas suaves curvas e o concerto em que tudo termina deixo à vossa imaginação adivinhar.
Sendo a natureza naturalmente diversa e pródiga, permitindo este encanto musical em muitas das suas belas criaturas, há no entanto uma fotografia famosa de Man Ray (1890-1976) que consagra este esplendor da forma feminina, talvez de forma definitiva,
e que não por acaso, o mestre, em homenagem às belas mulheres pintadas por Ingres, chamou Le violon d’Ingres.
A homenagem é justíssima pois à harmonia de formas, pose e colorido de cada uma das pinturas que a seguir arquivo, só falta o nosso “arco” para fazer a música soar.
Olhai e sentí:
Certamente encantado com a obra, ei-la de novo com outro fundo:
e como o que realmente importa é o que está na frente, aí ficam alguns inspiradores resultados.
Como O Banho Turco e A Fonte podem ser encontrados algures no blog, termino com A Grande Odalisca
Uma nota a propósito da foto de Man Ray, Le violon d’Ingres de 1924
Le violon d’Ingres era, não sei se ainda em uso, uma expressão idiomática francesa para exprimir ocupação de ócio, ou hobby.
A foto, cuja modelo é Kiki de Montparnasse, pode oferecer a leitura a partir do título, de que se o hobby de Ingres era tocar violino, o de Man Ray seria ocupar o tempo livre com Kiki, de resto modelo de outras fabulosas fotos do mestre. De caminho, cada um de nós pode embalar a imaginação nesta espécie de ocupação do tempo livre, tocando as cordas de quem mais lhe apetecer.
Interessante.
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