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Embora no Ocidente a comemoração do Natal seja generalizada, a sua natureza e origem religiosa é muito menos tida em conta.
Esperada, organizada, e finalmente celebrada, a festa do Natal, para muitos é feita na ausência de Deus, ou como nos versos de Miguel Torga (1907-1995) se diz, no poema que vos trago:
O homem nem perguntou / Se Deus era necessário… / E Deus não representou.
Natal
Foi tudo tão pontual
Que fiquei maravilhado.
Caiu neve no telhado
E juntou-se o mesmo gado
No curral.
Nem as palhas da pobreza
Faltaram na manjedoira!
Palhas babadas da toira
Que ruminava a grandeza
Do milagre pressentido.
Os bichos e a natureza
No palco já conhecido.
Mas, afinal, o cenário
Não bastou.
Fiado no calendário,
O homem nem perguntou
Se Deus era necessário…
E Deus não representou.
O poema foi publicado num dos volumes do Diário do poeta, que, longe da biblioteca, não consigo identificar, e se não erro, vem datado de 25 de Dezembro de 1950.
Muito original
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