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Tag Archives: Miró

Miró, sabe o que é?

22 Quarta-feira Jan 2014

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Crónicas

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Miró

Homem com cachimbo - 1925. Óleo sobre tela. 146 x 114 cm. Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia. Madrid. España.Quando questões de cultura se põem publicamente, invariavelmente os asnos falam:

— Miró!… Quem vive de Miró? Quero lá mirar o Miró!

— Mas afinal que é isso de Miró? Come-se, bebe-se? Deve alguma coisa às finanças? Dá votos?

— Nada disso! AUMENTA AS EXPORTAÇÕES!

— Ena Pá, isso é bom! E há mais? Piró, Liró, por aí adiante? Vendido até às eleições, às tantas punha o défice a zero e a coisa corria-nos bem. Não?

— Isso não sei, mas podiam aproveitar a embalagem e vender também a Torre de Belém. Está para ali sem préstimo, e só a dar despesa…

O pássaro olhando tranquilamente as asas em chamas

Vem esta conversa a propósito das obras de Joan Miró (1893-1983) que o Estado Português pretende vender. Não as conheço, são segredo de alguns.

O gentlemanO Secretário de Estado da Cultura em funções já informou que conservar as obras na posse do Estado não é uma prioridade sua. Será dos portugueses?

Sesta - 1925. Museo Nacional de Arte Moderna. Centre Georges Pompidou. París. FrançaPara amenizar a prosa, termino com mais algumas imagens de obras de Miró, pertença de colecções pelo mundo, onde  valem para além do dinheiro que rendem, e por isso as conservam.

Interior holandês  1928, oleo sobre tela

Personagens na noite guiados pelos rastos fosforescentes dos caracóis

Paisagem catalã com caçador - 1923-1924. Óleo sobre tela 65 x 100 cm - Museo de Arte Moderna  New York

Retrato IV - 1938. Óleo sobre tela. 130 x 97 cm. Colecção privada

Da série A infancia de Ubu 1975

O sorriso das asas flamejantesDepois do Sorriso das asas flamejantes, acabemos com A esperança do condenado à morte III.

A esperança de condenado à morte III

P.S. para os leitores de outras paragens

O Estado Português comprou por via da nacionalização do BPN, em vez da falência do banco, uma colecção de obras de arte até hoje de conteúdo desconhecido dos portugueses, onde se incluem 85 obras do artista catalão Joan Miró. Propõe-se agora o Estado Português vendê-las em leilão em Londres, agendado já para Fevereiro de 2014. Espera, segundo a imprensa, obter 35 milhões de euros com essa venda.

O irrisório do dinheiro face à importância artística de semelhante património para o país, levou-me ao desabafo do artigo de hoje.

Acrescento ainda em post scriptum A mão apresentando um pássaro, óleo de 1926.

Mão apresentando um pássaro - 1926. Óleo sobre tela Colecção privada.

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A mosca azul – poema de Machado de Assis

30 Domingo Dez 2012

Posted by viciodapoesia in Convite à arte, Poesia Antiga

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Machado de Assis, Miró

Miró Mujer frente al solÉ a elegância da versificação o que primeiro chama a atenção em A mosca azul de Machado de Assis (1839-1908), prosador maior da língua portuguesa. Depois, a repetida leitura é um convite a que não se resiste: levados pela musicalidade encantatória do verso seguimos a fantasia da história contada, nesta metáfora de sonhos desfeitos por excesso de análise.

Sigamos com A mosca azul o aparecimento, apoteose e queda de uma fantástica ilusão, e como metáfora guardêmo-la para as nossas vidas.

A mosca azul

Era uma mosca azul, asas de ouro e granada,
Filha da China ou do Indostão.
Que entre as folhas brotou de uma rosa encarnada.
Em certa noite de verão.

E zumbia, e voava, e voava, e zumbia,
Refulgindo ao clarão do sol
E da lua — melhor do que refulgiria
Um brilhante do Grão-Mogol.

Um poleá que a viu, espantado e tristonho,
Um poleá lhe perguntou:
— “Mosca, esse refulgir, que mais parece um sonho,
Dize, quem foi que te ensinou?”

Então ela, voando e revoando, disse:
— “Eu sou a vida, eu sou a flor
Das graças, o padrão da eterna meninice,
E mais a glória, e mais o amor”.

E ele deixou-se estar a contemplá-la, mudo
E tranqüilo, como um faquir,
Como alguém que ficou deslembrado de tudo,
Sem comparar, nem refletir.

Entre as asas do inseto a voltear no espaço,
Uma coisa me pareceu
Que surdia, com todo o resplendor de um paço,
Eu vi um rosto que era o seu.

Era ele, era um rei, o rei de Cachemira,
Que tinha sobre o colo nu
Um imenso colar de opala, e uma safira
Tirada ao corpo de Vixnu.

Cem mulheres em flor, cem nairas superfinas,
Aos pés dele, no liso chão,
Espreguiçam sorrindo as suas graças finas,
E todo o amor que têm lhe dão.

Mudos, graves, de pé, cem etíopes feios,
Com grandes leques de avestruz,
Refrescam-lhes de manso os aromados seios.
Voluptuosamente nus.

Vinha a glória depois; — quatorze reis vencidos,
E enfim as páreas triunfais
De trezentas nações, e os parabéns unidos
Das coroas ocidentais.

Mas o melhor de tudo é que no rosto aberto
Das mulheres e dos varões,
Como em água que deixa o fundo descoberto,
Via limpos os corações.

Então ele, estendendo a mão calosa e tosca.
Afeita a só carpintejar,
Com um gesto pegou na fulgurante mosca,
Curioso de a examinar.

Quis vê-la, quis saber a causa do mistério.
E, fechando-a na mão, sorriu
De contente, ao pensar que ali tinha um império,
E para casa se partiu.

Alvoroçado chega, examina, e parece
Que se houve nessa ocupação
Miudamente, como um homem que quisesse
Dissecar a sua ilusão.

Dissecou-a, a tal ponto, e com tal arte, que ela,
Rota, baça, nojenta, vil
Sucumbiu; e com isto esvaiu-se-lhe aquela
Visão fantástica e sutil.

Hoje quando ele aí vai, de áloe e cardamomo
Na cabeça, com ar taful
Dizem que ensandeceu e que não sabe como
Perdeu a sua mosca azul.

Noticia bibliográfica

A mosca azul foi publicado no livro Ocidentais, talvez em 1880 (não encontrei cópia desta edição, nem informação fidedigna sobre ela), e depois incluído na edição das suas Poesias Completas (1902?), onde reuniu uma escolha alargada de poemas anteriormente saídos nos quatro livros de poesia publicados ao longo da vida.

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