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Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.
O encantamento do amor corre nas palavras do poema de Paul Éluard (1895-1952) que hoje transcrevo; e a vida só existe no olhar da amada:
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Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.
É bom quando este encantamento se instala em nós: o mundo é mais belo e o lugar dos sonhos é à nossa volta:
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Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Tudo e mais isto dito na belíssima tradução de Luiza Neto Jorge que a seguir transcrevo.
A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e aureola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.
Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.
Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.
in Luiza Neto Jorge, Poesia Traduzida, edição Mododeler / Edições Afrontamento, Junho 2011.