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A linguagem originária á a linguagem da poesia.
Contudo, o poeta não é aquele que faz versos sobre o respectivo agora. A poesia não é um calmante para rapariguinhas delirantes, um estímulo para os estetas que pensam que a arte é para desfrutar e lamber. A verdadeira poesia é daquele ser que já há muito nos foi profetizado e que nós ainda não alcançámos. Por isso, a linguagem do poeta não é nunca actual, mas sempre sido e futuro. O poeta nunca é contemporâneo. Os poetas contemporâneos deixam-se, na verdade, classificar como tal, mas permanecem, apesar disso um contra-senso. A poesia, e com ela a linguagem em sentido próprio, acontecem só lá onde o vigorar do ser é trazido à intangibilidade superior da palavra originária.
in Martin Heidegger, LÓGICA A pergunta pela essência da linguagem. edição FCG, Lisboa 2008.
Tradução de Maria Adelaide Pacheco e Helga Hoock Quadrado