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XXXVII
Ah! Se eu imitasse a alegria das árvores e do vento
que riem sem motivo
Mas não. Ando triste.
Já não me contento em sentir-me vivo…
(E que outro destino existe?)
LIV
Pobre mendigo!
Queres uma mulher nua,
mas só tens a lua
para dormir contigo.
A lua – imagina –
que nem a um poeta
satisfaz!
– Sonâmbula mulher incompleta
com cabeça de menina
e corpo de gás…
LXIV
Sim, a morte vazia,
sem anjos na paisagem,
nem a dor duma estrela
no silêncio medonho.
Só a morte vazia
e esta coragem
de não querer enchê-la
de sonho.
Três poemas de José Gomes Ferreira (1900-1985) sem mais comentário. Apenas a magia da poesia.
Os poemas pertencem a Eléctrico, tal como publicados em Poesia III, Portugália, 1961