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Lavinia FONTANA - Retrato de Antonietta Gonzalez

Há um indizível sobre o humano que alguns retratos revelam e os torna irresistíveis ao olhar.

Este retrato da jovem Antonietta Gonzalez pintado por Lavínia Fontana (1552-1614) revela-nos a firmeza e diria até, orgulho, no olhar de uma rapariga por detrás de uma aparência se não repelente, pelo menos incómoda. E no entanto se fosse um homem barbado, aquilo que é o inusitado do retrato passaria a ser aceitável e até, diria, quase banal. E é aí que esta pintura nos interroga: na maneira como reagimos ao diferente, ao “outro”. Até onde, nas nossas vidas conseguimos conviver naturalmente com quem se apresenta fora da norma? E faz sentido essa resistência? É baseada em valores? Porque nos incomoda o diferente? Perguntas para que procuro frequentemente resposta. Elas, as perguntas, aí ficam, leitor.

Antonietta Gonzalez, filha de uma família atingida pela doença hypertrichosis lanuginosa, viveu e foi aceite na corte de Henrique II de França, e aí foi considerada, embora, parece, o aspecto dos rostos fosse motivo de curiosidade e espanto entre os estrangeiros que visitavam a corte francesa à época. Hoje, as técnicas de depilação permitiriam certamente tornear esta peculiaridade física, e a jovem Antonietta poderia deixar ver o seu penetrante olhar sem o filtro da horrenda barba que a acompanhava

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