Peter Lavely -  homem da tribo Yawalapili - Brasil 1988Peter Lavely –  homem da tribo Yawalapili – Brasil 1988

Que parte de nós, seres dotados de pensamento e razão, é atraída por mutilações corporais decorrentes de motivações religiosas ou estéticas, continua a ser-me motivo de interrogação.

Entre a compressão dos pés das meninas na China ou da cabeça entre os Mangbetu e a furacão das orelhas que entre nós de forma generalizada se pratica, vai evidentemente um abismo no sofrimento imposto.

Lydia Jovem MangbetuMulher e criança Mangbetu com cabeça deformada deliberadamente

Há depois as inserções de objectos estranhos, como um prato no lábio inferior que certa tribo em África praticava, e era o melhor da minha colecção de cromos na infância com exemplos dos costumes de raças humanas; ou pendurezas diversas no nariz, essas um pouco mais espalhadas, para chegarmos às nossas hipercivilizadas sociedades de hoje onde alguma popularidade existe para a colocação dos chamados piercings nas partes moles do corpo, com atracção especial pelos órgãos com alguma participação na actividade sexual, a começar pela língua.

Lydia - Portrait of a india rajasthan woman withher henna tattoo

E as pinturas, que desde sempre nos criaram a ilusão do outro e por isso mesmo efémeras, como no teatro ou nos palhaços.

PHOTO NUDE 020A

São caso diferente as pinturas permanentes no corpo como as tatuagens, que afinal, são ao que queria chegar hoje.

Lydia - Tatood girl

As tatuagens são um mundo de oportunidades: do arabesco mínimo à paisagem com recantos secretos, as possibilidades têm apenas como limite a imaginação. Mas desenganem-se aqueles que supõem ser entusiasmo recente, isso de tatuagens sobre o corpo. Demonstro-o com uma velha canção de Harol Arlen (música) e Yip Harbourg (letra), surgida pela primeira vez no filme dos Irmãos Marx, Os Marx no Circo, em 1939. Nela seguimos uma espécie de viagem ao mundo geográfico, histórico e cultural, pelas tatuagens de Lydia, a dama tatuada.

E como diz a canção: You can learn a lot from Lydia!

Lydia world map

A letra é uma graça, e a interpretação que vos trago, de Bobby Short (1924–2005), cantor residente do Café Carlyle de New York, durante 35 anos, e tornado uma lenda viva, absolutamente imperdível.

Lydia, the Tattooed Lady

Oh Lydia, oh Lydia, say, have you met Lydia?

Lydia The Tattooed Lady.

She has eyes that folks adore so,

and a torso even more so.

Lydia, oh Lydia, that encyclo-pidia.

Oh Lydia The Queen of Tattoo.

On her back is The Battle of Waterloo.

Beside it, The Wreck of the Hesperus too.

And proudly above waves the red, white, and blue.

You can learn a lot from Lydia!

 

La-la-la…la-la-la.

La-la-la…la-la-la.

 

When her robe is unfurled she will show you the world,

if you step up and tell her where.

For a dime you can see Kankakee or Paree,

or Washington crossing The Delaware.

 

La-la-la…la-la-la.

La-la-la…la-la-la.

 

Oh Lydia, oh Lydia, say, have you met Lydia?

Lydia The Tattooed Lady.

When her muscles start relaxin’,

up the hill comes Andrew Jackson.

Lydia, oh Lydia, that encyclo-pidia.

Oh Lydia The Queen of them all.

For two bits she will do a mazurka in jazz,

with a view of Niagara that nobody has.

And on a clear day you can see Alcatraz.

You can learn a lot from Lydia!

 

La-la-la…la-la-la.

La-la-la…la-la-la.

 

Come along and see Buffalo Bill with his lasso.

Just a little classic by Mendel Picasso.

Here is Captain Spaulding exploring the Amazon.

Here’s Godiva, but with her pajamas on.

 

La-la-la…la-la-la.

La-la-la…la-la-la.

 

Here is Grover Whelan unveilin’ The Trilon.

Over on the west coast we have Treasure Isle-on.

Here’s Nijinsky a-doin’ the rhumba.

Here’s her social security numba.

 

La-la-la…la-la-la.

La-la-la…la-la-la.

 

Lydia, oh Lydia, that encyclo-pidia.

Oh Lydia The Champ of them all.

She once swept an Admiral clear off his feet.

The ships on her hips made his heart skip a beat.

And now the old boy’s in command of the fleet,

for he went and married Lydia!

 

I said Lydia…

(He said Lydia…)

They said Lydia…

We said Lydia, la, la!