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Renoir_Pierre-Auguste-After_the_Bath-1910-IIDizia-me há pouco tempo uma amiga: eu seria tão feliz se agora se usassem as mulheres gordas!

A pressão do ar do tempo sobre as escolhas de cada um na tentativa de continuar pertencendo ao seu meio conduz, em geral, a uma insatisfação consigo que muitas vezes desemboca na depressão com o seu caudal de infelicidade associada.

Ter o conhecimento da história ajuda, e muito, a colocar em perspectiva os valores passageiros de que o nosso meio de relação se alimenta.

No caso das mulheres magras ou gordas, ao longo do século XX tivemos que, pelos anos 20 deviam ser magras; pelos anos 30, 40 melhor recheadas de formas; nos anos 50 a gloriosa Marilyn Monroe ditou lei, e a partir dos anos 60 começou a violência sob a silhueta feminina com a famosa Twiggy, conduzindo aos fenómenos de anorexia real ou aparente, que nos nossos dias ainda reinam, mesmo que uma figura à Zetta-Jones faça qualquer homem delirar em detrimento de uma ternurenta pele e osso.

Provavelmente com razão, há quem diga que são apenas os ditadores de moda, quando não gostam de mulheres, quem, usando a poderosa maquina de propaganda dos nossos dias, condiciona o gosto a estes despautérios.

Ainda que tenha sido adolescente nos anos 60, vibrei e vibro com a visão de uma mulher em quem as curvas estão no lugar certo, desenhando o corpo no caminho da fecundação. Formas de violoncelo chamou-lhe Man Ray a pretexto da famosa foto de Kiki de Montparnasse, de costas, e que anda pelo blog, algures.

O pintor Pierre-Auguste Renoir 1841-1919), amante dos prazeres da vida, durante mais de 40 anos, entre meados da década de 70 do século XIX e a primeira década do século XX, pintou jovens mulheres gordas, nuas. Colocou-as frequentemente frescas, na saída do banho, em atitude de naturalidade e perfeita satisfação com a imensidão do corpo que possuíam. É parte desse opus que agora arquivo no blog.

Renoir_Pierre-Auguste-Bather_Admiring_Herself_in_the_WaterMas antes da pintura deixo-vos um poema da japonesa Yosano Akiko (1878-1942) “poeta da paixão” chamada:

Depois do banho

visto-me frente ao espelho

e me contemplo.

Que ficou de ontem?

Um sorriso que flutua.

Renoir_Pierre-Auguste-Bather_Arranging_Her_HairPoderia escrever laudas sobre a maravilha de contenção com que este poema fala de depois do amor e da felicidade que transporta, mas hoje já chega. Vamos, presto, à pintura de Renoir.

Renoir_Pierre-Auguste-The_Great_Bathers_The_Nymphs 1919Começo pelas pinturas do fim da vida, como esta, executada em 1919, ano da morte do pintor, e avanço até às obras do inicio da maturidade.

Renoir_Pierre-Auguste-The_Bathers-c._1918-II

Renoir_Pierre-Auguste-Seated_Bather-1914-IIRenoir_Pierre-Auguste-The_Toilet-c._1900-II

Renoir_Pierre-Auguste-A_Seating_Bather

Renoir_Pierre-Auguste-La_Baigneuse_au_Griffon_Bather

Renoir_Pierre-Auguste-The_Toilet