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O acolhimento às poesias ressuscitadas de gavetas esquecidas, leva-me a mostrar mais este pequeno ciclo de memória resguardada.
I
Sentada sobre a saudade
olha num pasmo infantil as horas
e o seu passar. Por vezes
chora lembranças
em mansos rios de ternura.
Arquiva como poemas
nos jornais do coração
os sonhos
e transforma o existir
em vagas promessas vãs.
II
Passam as horas caídas
sobre o novelo do tempo
mas permanecem paradas
as memórias consentidas.
Não partem nem deixam esquecer.
Impõem no seu silêncio
a tirania da vida
revivida sem sossego
nas mansas recordações.
III
Lugares de recordação peregrinam pela alma
trazem fantasmas do tempo,
invernos de nostalgia,
e conversam com a vida
olhando o tempo a passar.
IV
Visito assombrado os anos
ao acordar das memórias
num receio mudo e quedo
de despertar tempestades
na inércia confortável
dos dias no seu fluir.