Com o propósito de melhorar a eficiência da administração pública o governo decidiu tomar apenas uma medida por ano.
Esperam-se grandes modificações na vida do cidadão e anuncia-se a medida para este ano:
Decreto
O governo deliberou autorizar, a partir das zero horas de amanhã, os portugueses a morrer de qualquer maneira.
Os portugueses poderão entre outros modos anteriormente não autorizados voltar a morrer de amor ou de fome, de cansaço, sentados, ou à espera de ser felizes. A decisão será de âmbito judicial.
Para garantir a irreversibilidade desta decisão o governo proporá brevemente à assembleia uma revisão extraordinária da constituição por forma a incorporar esta decisão no âmbito dos direitos, liberdades e garantias já consignados aos portugueses. Não está garantida a unanimidade dos parlamentares.
Noticia de última hora
Causou grande alvoroço entre a população a medida anual do governo. Sem esperar pela sua entrada em vigor assistimos a multidões a dirigir-se para a porta dos tribunais de todo o país e, sentadas nas escadarias, as pessoas esperam. Esperam morrer enquanto aguardam as decisões solicitadas, ou finalmente, morrer felizes quando a decisão for tomada.
Nova noticia de última hora
O governo foi apanhado completamente desprevenido com o entusiasmo da reacção popular.
Existe alguma perturbação da ordem pública porque as pessoas são em tal número que o transito não flui, sendo impossível aos ministros deslocar-se de acordo com as agendas das visitas já acordadas.
Aguarda-se, antes de tomar medidas drásticas, que as pessoas comecem a morrer com as primeiras decisões a divulgar a partir de amanhã.
O Sr Ministro foi incumbido de contactar a hierarquia judicial para, com o maior tacto, e sem melindre dos próprios, instar a aceleração das decisões.
Sondagem de última hora
Acabam de ser divulgados os resultados da 1ª sondagem à medida anual do governo:
10% dos portugueses acham que o governo não devia autorizar os portugueses a morrer de qualquer maneira.
27% dos inquiridos pensam que os portugueses só deviam ser autorizados a morrer depois de terem pago todos os impostos.
43% concorda com a medida do governo e acha que quanto mais morrerem melhor
16% não sabe/não responde.
4% morreu durante a entrevista.
Foram efectuadas 3047 entrevistas telefónicas para telemóvel.
O erro da sondagem é de +/- 0,1% e é determinado pelo nº de portugueses que possui apenas 1 telemóvel.