Etiquetas
Para estes tempos de Verão, quando o remanso à beira-mar traz em balburdia as recordações, nada como este poema de Roger Wolfe (1962) para situar no lugar certo o que é na verdade importante.
ES TARDE YA EN LA NOCHE
Es tarde ya en la noche
y la playa está desierta.
Rompe el mar
sobre las rocas.
Un aire cálido,
espeso de salitre
y de recuerdos,
me baña la cabeza.
Cierro los ojos.
Inhalo.
Me dejo llevar.
Y luego pienso,
como casi siempre
que me pasan estas cosas,
en Proust.
Pero no he leído
a Proust.
Qué importa.
La vida es bella.
Quién necesita
a Proust.
Talvez seja desnecessário acrescentar que o Proust do poema é Marcel Proust, o autor da saga em 7 volumes “Em Busca do Tempo Perdido“
Arrisco agora uma tradução para o leitor a quem o castelhano seja completamente estranho:
É já tarde na noite
e a praia está deserta.
Rebenta o mar
sobre os rochedos.
Um ar cálido,
espesso de salitre
e de lembranças,
banha-me a cabeça.
Fecho os olhos.
Inalo.
Deixo-me levar.
E logo penso,
como quase sempre
que me ocorrem estas coisas,
em Proust.
Mas não li Proust.
Que importa.
A vida é bela.
Quem precisa
de Proust.
E acrescento outra tradução, desta vez de Luis Filipe Parrado publicada no nº5 da Revista Criatura em Outubro de 2010, com pequenas nuances quando a tradução literal não é possivel
Já é tarde na noite
e a praia está deserta.
Quebra-se o mar
Contra as rochas.
Um ar cálido,
espesso de salitre
e de recordações,
banha-me a cabeça.
Fecho os olhos.
Inalo.
Deixo-me levar.
E penso logo,
como quase sempre
quando me acontecem estas coisas,
em Proust.
Mas eu nunca li
Proust.
Que importa.
A vida é bela.
Quem precisa
de Proust.
Roger Wolfe (1962) nascido em Inglaterra, vive em Espanha desde os 4 anos. Com varios livros de poesia publicados, direi dela, com Luis Alberto de Cuenca, que “ à força de verdade humana, de coragem expressiva e de rigor estrutural ficou a viver para sempre na nossa memória”.
O poema foi publicado no livro MENSAJES EN BOTELLAS ROTAS em 1996 pela Editora RENACIMIENTO de Sevilha, a qual também publicou do poeta, em 2007, a preciosa antologia DÍAS SIN PAN.