• Autor
  • O Blog

vicio da poesia

Tag Archives: Luis Alberto Cuenca

A vida é bela, quem precisa de Proust

31 Domingo Jul 2011

Posted by viciodapoesia in Poetas e Poemas

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Luis Alberto Cuenca, Luis Filipe Parrado, Roger Wolfe

Para estes tempos de Verão, quando o remanso à beira-mar traz em balburdia as recordações, nada como este poema de Roger Wolfe (1962) para situar no lugar certo o que é na verdade importante.


ES TARDE YA EN LA NOCHE

 Es tarde ya en la noche

y la playa está desierta.

Rompe el mar

sobre las rocas.

Un aire cálido,

espeso de salitre

y de recuerdos,

me baña la cabeza.

Cierro los ojos.

Inhalo.

Me dejo llevar.

Y luego pienso,

como casi siempre

que me pasan estas cosas,

en Proust.

Pero no he leído

a Proust.

Qué importa.

La vida es bella.

Quién necesita

a Proust.

Talvez seja desnecessário acrescentar que o Proust do poema é Marcel Proust, o autor da saga em 7 volumes “Em Busca do Tempo Perdido“

Arrisco agora uma tradução para o leitor a quem o castelhano seja completamente estranho:

É já tarde na noite

e a praia está deserta.

Rebenta o mar

sobre os rochedos.

Um ar cálido,

espesso de salitre

e de lembranças,

banha-me a cabeça.

Fecho os olhos.

Inalo.

Deixo-me levar.

E logo penso,

como quase sempre

que me ocorrem estas coisas,

em Proust.

Mas não li Proust.

Que importa.

A vida é bela.

Quem precisa

de Proust.

E acrescento outra tradução, desta vez de Luis Filipe Parrado publicada no nº5 da Revista Criatura em Outubro de 2010, com pequenas nuances quando a tradução literal não é possivel

Já é tarde na noite

e a praia está deserta.

Quebra-se o mar

Contra as rochas.

Um ar cálido,

espesso de salitre

e de recordações,

banha-me a cabeça.

Fecho os olhos.

Inalo.

Deixo-me levar.

E penso logo,

como quase sempre

quando me acontecem estas coisas,

em Proust.

Mas eu nunca li

Proust.

Que importa.

A vida é bela.

Quem precisa

de Proust.

Roger Wolfe (1962) nascido em Inglaterra, vive em Espanha desde os 4 anos. Com varios livros de poesia publicados, direi dela, com Luis Alberto de Cuenca, que “ à força de verdade humana, de coragem expressiva e de rigor estrutural ficou a viver para sempre na nossa memória”.

O poema foi publicado no livro MENSAJES EN BOTELLAS ROTAS em 1996 pela Editora RENACIMIENTO de Sevilha, a qual também publicou do poeta, em 2007, a preciosa antologia DÍAS SIN PAN.

Partilhar:

  • Tweet
  • E-mail
  • Share on Tumblr
  • WhatsApp
  • Pocket
  • Telegram

Gostar disto:

Gosto Carregando...

Visitas ao Blog

  • 1.945.750 hits

Introduza o seu endereço de email para seguir este blog. Receberá notificação de novos artigos por email.

Junte-se a 869 outros seguidores

Página inicial

  • Ir para a Página Inicial

Posts + populares

  • Camões - reflexões poéticas sobre o desconcerto do mundo
  • A valsa — poema de Casimiro de Abreu
  • Vasos Gregos

Artigos Recentes

  • Sonetos atribuíveis ao Infante D. Luís
  • Oh doce noite! Oh cama venturosa!— Anónimo espanhol do siglo de oro
  • Um poema de Salvador Espriu

Arquivos

Categorias

Site no WordPress.com.

  • Seguir A Seguir
    • vicio da poesia
    • Junte-se a 869 outros seguidores
    • Already have a WordPress.com account? Log in now.
    • vicio da poesia
    • Personalizar
    • Seguir A Seguir
    • Registar
    • Iniciar sessão
    • Denunciar este conteúdo
    • Ver Site no Leitor
    • Manage subscriptions
    • Minimizar esta barra
 

A carregar comentários...
 

    loading Cancelar
    O artigo não foi enviado - por favor verifique os seus endereços de email!
    A verificação do email falhou, tente de novamente
    Lamentamos, mas o seu site não pode partilhar artigos por email.
    %d bloggers like this: