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Nascimento e maternidade associam-se na carga simbólica induzida pelo Natal. Na pintura ocidental até ao século XVII, além do registo pictórico da natividade e presépio nas variadas componentes que a tradição cristã consagra, a figuração da Virgem com o Menino foi assunto frequente e de popular devoção. E a imagem com que cada época viveu o culto Mariano reflecte-se nas opções dos pintores. No século XIV italiano são sempre jovens e belas mulheres a representar a Virgem Mãe.
Se na maior parte dos mestres a ausência de expressão procura refletir na sua impassibilidade o carácter divino dos personagens, nesta pintura de Nardo di Cione (1320-1365/6) Maria e Jesus são de uma vivacidade sem par. Interroga-nos ela querendo saber o que nós pensamos, enquanto o filho, criança traquina, mede a mãe com o olhar a ajuizar até onde poderá ir no que lhe apeteça fazer. Profundamente humanos, mãe e filho, símbolos de uma maternidade feliz, ao vosso olhar entrego.
O pintor foi contemporâneo de Boccaccio (1313-1375) em Florença e com os irmãos integrou uma geração de bem sucedidos mestres. A pintura terá sido feita na sequência da peste bubónica de 1348, a qual também foi pretexto para o refúgio campestre dos protagonistas das histórias de Decameron escritas por Bocaccio na década de 50 do século XIV.