• Autor
  • O Blog

vicio da poesia

Tag Archives: Iluminuras

O demiurgo como arquitecto — iluminura do séc. XIII

20 Domingo Out 2013

Posted by viciodapoesia in Convite à arte

≈ Deixe um comentário

Etiquetas

Iluminuras

Biblia Moralizada 1220-1230 folio 1 versoGuardam-se nos pergaminhos medievais preciosas iluminuras, verdadeiras obras-primas de impossível acesso directo e que só lentamente o progresso técnico de reprodução tem vindo a permitir conhecer.

Entre as imagens mais conhecidas encontra-se, talvez, a que abre o artigo: representação de Deus como criador do universo, mostrado enquanto arquitecto fixando a medida do mundo. Atendendo à legenda que encima a imagem, representa esta a passagem do Génesis 1, em que Deus criou o céu e a terra, o sol e a lua e todos os elementos.

A simbólica medieval é riquíssima e vai lentamente sendo estudada e compreendida. A utilização do círculo para representar o cosmos é antiga e nesta pintura a sua perfeição e harmonia conforma a irregularidade dos corpos materiais — terra, sol, nuvens e estrelas — e a sua mutabilidade, desenhados fazendo lembrar corpos vivos em actividade.

Na imagem, o acto de criação divina é um acto artístico, enfatizador da importância dos arquitectos e da arquitectura, numa época em que estes assumiam relevante importância na sociedade francesa enquanto criadores das catedrais góticas: construções pensadas na sua geometria espacial, para conduzir ao encontro de Deus, encaminhando o olhar, desde a entrada, para as alturas.

No propósito de transmitir mensagens complexas de doutrina, a arte gótica adoptou uma técnica de representação que embora separe o humano do divino, mantém este suficientemente próximo do mundo conhecido para permitir a sua assimilação sem ambiguidades.

Nestas preciosas obras de fruição na intimidade, até final do século XIII são sobretudo imagens de narrações bíblicas e colecções de cantos com iluminuras (saltérios) o que nestes pequenos pergaminhos até nós chegou. Mais tarde surgem as crónicas dos reinos, a de Carlos Magno no início do século XIV, os livros de horas com o seu calendário de devoções, e livros de utilidade, como o belíssimo livro da caça de Gaston Phoebus no início do século XV. O aparecimento da imprensa no final deste século XV, apesar da sua rápida divulgação num mundo em acelerada mudança, não pôs logo fim à produção destas obras-primas em pergaminho, e o século XVI ainda vê surgir algumas obras de grande beleza entre as quais a Genealogia do Infante D. Fernando de Portugal.

 

Partilhar:

  • Tweet
  • E-mail
  • Share on Tumblr
  • WhatsApp
  • Pocket
  • Telegram

Gostar disto:

Gosto Carregando...

Visitas ao Blog

  • 1.941.470 hits

Introduza o seu endereço de email para seguir este blog. Receberá notificação de novos artigos por email.

Junte-se a 869 outros seguidores

Página inicial

  • Ir para a Página Inicial

Posts + populares

  • Camões - reflexões poéticas sobre o desconcerto do mundo
  • A valsa — poema de Casimiro de Abreu
  • A Magnólia — poema de Luiza Neto Jorge

Artigos Recentes

  • Sonetos atribuíveis ao Infante D. Luís
  • Oh doce noite! Oh cama venturosa!— Anónimo espanhol do siglo de oro
  • Um poema de Salvador Espriu

Arquivos

Categorias

Site no WordPress.com.

  • Seguir A Seguir
    • vicio da poesia
    • Junte-se a 869 outros seguidores
    • Already have a WordPress.com account? Log in now.
    • vicio da poesia
    • Personalizar
    • Seguir A Seguir
    • Registar
    • Iniciar sessão
    • Denunciar este conteúdo
    • Ver Site no Leitor
    • Manage subscriptions
    • Minimizar esta barra
 

A carregar comentários...
 

    loading Cancelar
    O artigo não foi enviado - por favor verifique os seus endereços de email!
    A verificação do email falhou, tente de novamente
    Lamentamos, mas o seu site não pode partilhar artigos por email.
    %d bloggers like this: