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Ingres_Jean-Auguste-Dominique-Madame_MoitessierEm viagem a Londres, anos vai, aconteceu estar em exibição um vasto conjunto de pintura de retrato de Ingres.

Ingres (1780-1867) era para mim, até ver as obras nessa exposição, um pintor que pouco me chamava, parecendo-me os seu retratos um tudo-nada decorativos.

A demorada observação do detalhe fez-me compreender a importância daquele preciosismo pictórico no impacto da imagem. Aquelas mulheres olham-nos de frente quase sempre, senhoras de si e da sua condição e falam connosco. Há uma verdade humana nestas pinturas que não condescende com hipotéticos cânones de beleza feminina, e são mulheres de carne, osso e sentimento que nos são reveladas. Ora vejam:

Ingres_Jean-Auguste-Dominique-Portrait_of_Madame_Gonse

Ingres_Jean-Auguste-Dominique-Portrait_of_Delphine_Ingres-Ramel

Ingres_Jean-Auguste-Dominique-Madame_Jacques-Louis_LeBlanc

Ingres_Jean-Auguste-Dominique-Portrait_of_Baronne_James_de_Rothschild

Ingres_Jean-Auguste-Dominique-Princess_de_Broglie

Ingres_Jean-Auguste-Dominique-Portrait_of_Madame_Moitessier_Standing

Ingres_Jean-Auguste-Dominique-Portrait_of_Madame_Marcotte_de_Sainte-MariePoderia fazer-se, a partir de cada um destes retratos, e não conhecendo nada da biografia das retratadas, uma história de vida, de sentimentos e condição social, enquadrada, está bem de ver, na sociedade francesa da primeira metade do século XIX. Estes retratos são bem o contraponto pictórico de algumas heroínas de Balzac e da sua Comédia Humana.

Ingres é também autor da pintura de alguns dos mais belos nus da tradição ocidental. Mostrá-los fica para outro dia.